Mãe, professora e atleta de jiu-jitsu: entrevista exclusiva com Fernanda Torres

Hoje, falamos com a Fernanda Torres, faixa marrom da equipe CheckMat Jundiaí. Conheço a Fernanda há alguns anos, e sempre admirei muito sua trajetória como atleta, professora e mãe. Senta, pega um café e aproveite para conhecer um pouco mais sobre essa grande mulher!

Como foi o seu primeiro contato com o jiu-jitsu e há quanto tempo treina?

Fernanda: Meu primeiro contato com o jiu-jitsu foi em 2007, quando levei meus filhos mais velhos para treinar, na época, como mãe. Às vezes, penso como seria se eu tivesse começado a praticar naquela época também. No entanto, como atleta de jiu-jitsu, meu contato foi em meados de 2016, após passar um ano inteiro sentada no tatame, observando meu filho mais novo treinando.

E como é sua rotina de treinos? Você pratica “apenas jiu-jitsu” ou tem outras atividades extras, como preparação, musculação etc

Fernanda: Minha rotina de treinos é bastante intensa. Treino jiu-jitsu e faço preparação funcional todos os dias. Além disso, conto com o auxílio de uma equipe multidisciplinar composta por médico, educador físico, fisioterapeuta e nutricionista.

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Quais são as principais dificuldades que você enfrenta no esporte e na sua carreira como atleta de jiu-jitsu?

Fernanda: Ser atleta de jiu-jitsu no Brasil é desafiador, especialmente por causa da falta de incentivo. E, como atleta Master e mulher, a dificuldade se torna ainda maior. No entanto, nunca desisti e sempre agradeço a Deus por minhas conquistas. A falta de recursos financeiros para participar de campeonatos é uma das maiores dificuldades. Além disso, conciliar todas as responsabilidades da maternidade com a carreira de atleta também é um desafio adicional.

Com base na sua experiência, quais são os benefícios que o jiu-jitsu trouxe para a sua vida?

Fernanda: O jiu-jitsu trouxe inúmeros benefícios para a minha vida. O maior deles foi no aspecto emocional, pois aprendi que podemos ser o que quisermos, independentemente do que pensamos inicialmente. Além disso, obtive um benefício físico significativo, com uma perda de peso considerável, o que melhorou minha qualidade de vida.

Qual é o estilo de jogo que você mais gosta e qual finalização é a sua preferida?

Fernanda: Eu sou do estilo guardeira, prefiro evitar quedas durante as lutas. (risos) Não tenho a estrutura física para ficar caindo repetidamente. Em relação às finalizações, eu amo o arco e flecha, mas depois de atingir a faixa marrom, a americana de pé ganhou meu coração!

Você já conquistou diversos títulos ao longo de sua carreira. Pode nos falar sobre seus principais títulos?

Fernanda: Com muito orgulho, posso dizer que sou 3 vezes campeã brasileira, 3 vezes campeã Paulista, 3 vezes campeã sul-americana e 3 vezes campeã sul-brasileira.

Quem são as suas maiores inspirações no esporte?

Fernanda: Tenho grandes inspirações no esporte, como Letícia Lalli, Nika, Zizi, Ana Maria Índia e Gabriela Fetcher. Todas elas fizeram parte da minha construção como atleta e me motivaram a seguir em frente.

Como você consegue conciliar a vida de mãe, atleta e professora?

Fernanda: No início, quando eu era uma atleta em ascensão, era eu quem ditava minha rotina. Porém, atualmente, a professora e a mãe organizam a relação. Meu objetivo é fazer diferença na vida das pessoas, assim como essas mulheres inspiradoras fizeram na minha. Quando comecei, tinha 38 anos e mostrei que qualquer mulher pode mudar sua história aos 40 anos e se tornar uma atleta de jiu-jitsu. Agora, na faixa marrom, temos diversos exemplos de atletas master, e acredito que como professora, posso impactar ainda mais pessoas. E ser mãe é minha verdadeira profissão, ela auxilia bastante como professora, com um amor incondicional, sabendo repreender e amar na mesma medida.

É uma honra para mim ter feito essa entrevista! Espero que a história dela inspire outras mulheres a continuarem treinando e competindo, apesar das dificuldades que enfrentamos todos os dias.

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