O Campeonato Brasileiro da CBJJ é um dos mais esperados da temporada de competições do jiu-jitsu. Neste ano, a Confederação começou a pagar prêmios em dinheiro na faixa preta (adulto), o que começa a tornar o evento ainda mais atrativo.
Vou contar um pouco da minha experiência e também porque eu acho que todos que tiverem a oportunidade, não devem pensar duas vezes para lutar o Brasileiro.
Em 2018 eu estava no mesmo ginásio, foi meu primeiro ano em Barueri. Mas não consegui competir, pois estava me recuperando de uma lesão e acabado de voltar a treinar depois de quase seis meses.
Então eu não pude estar dentro do tatame, mas fiquei na beiradinha dele, cobrindo o evento bem de perto aqui pelo Bjj Girls Mag e sentindo toda aquela energia. Vi dois companheiros de equipe lutarem e botei na minha cabeça que no próximo ano estaria lá. Além de trabalhar, também dentro do tatame lutando. Dito e feito.
Pré-competição
Fui graduada à faixa roxa em dezembro de 2018. Confesso que fiquei um pouco apreensiva de já lutar o Brasileiro com pouco tempo de experiência na faixa nova. Só consegui competir duas vezes antes do Brasileiro.
Pronto, todo tipo de pensamento passa pela nossa cabeça. “Não to preparada. Não treinei o suficiente. Vou lutar com pessoas mais experientes. Ainda não competi tanto na roxa.” Tudo isso ficou martelando na minha cabeça. É normal ter medo. E você não precisa passar por isso sozinho(a).
Conversei bastante com amigos de treino e professores para lidar com qualquer tipo de pensamento ou situação desse tipo. Nessas horas, é muito importante ter com quem contar. Eles deixaram claro que eu não precisava colocar um peso nas costas, que essa responsabilidade não é só minha, mas que eu dividisse com eles também. Além de me incentivar a aproveitar esse momento único e ficar feliz com essa oportunidade.
O campeonato
Cheguei no ginásio na terça e minha luta seria na quarta-feira. Fiquei lá o dia todo cobrindo, fotografando e aproveitando para sentir o clima da competição. Mesmo que você chegue no dia da sua luta, é legal ir pro ginásio mais cedo para ir se habituando.
Vi que a menina que eu ia lutar já era mais experiente na faixa roxa e fiquei pensando nisso. Conversei com uma amiga e ela me disse para não me prender nesse tipo de questionamento e falou: “O que vale é isso: se divertir e fazer o que ama.” (Obrigada, May!)
Eu amadureci muito no último ano da faixa azul, e sinto que venho aprendendo ainda mais coisas nesse pouco tempo de roxa. Isso me ajudou a ficar mais tranquila, a refletir bastante sobre a competição e realmente aproveitar o momento.
É claro que quando você pisa na área de concentração, dá aquele friozinho na barriga. Mas, se antes eu achava que ficaria nervosa a ponto disso me atrapalhar na luta, me surpreendi lá na hora. Eu estava muito feliz por estar ali e ansiosa (do “jeito bom”) para a minha luta.
Consegui lutar consciente, pensar nas posições, olhar o tempo e placar, apesar de não ter ninguém da minha equipe para me auxiliar. Acabei perdendo por pontos, não consegui encaixar uma posição boa e reverter o jogo a meu favor. Não vou lamentar e dizer que não foi meu dia, porque foi sim!
Foi meu dia porque foi meu primeiro campeonato sozinha, a primeira vez que seria única e exclusivamente o meu momento. Não estou dizendo que não é importante ter seus companheiros de equipe ali fora torcendo e orientando. Mas ter esse momento foi muito importante para mim. Principalmente porque eu vi que não me travei, que eu consigo, sou capaz.
Claro, ninguém entra ali para perder. Eu queria muito ganhar e chegar mais longe. Fiquei muito chateada depois da luta, o que é normal. Apesar disso, meu sentimento de gratidão foi enorme. Tenho a certeza que em 2020 estarei lá de novo buscando meu sonho.
Essa experiência me trouxe aprendizados que eu não teria se tivesse ficado de fora da competição por medo. Não duvide do seu potencial e não se limite. Voe para descobrir o mundo!
Por fim, agradeço aos meus companheiros de equipe, as amigas que o jiu-jitsu me deu e os que estavam comigo em Barueri, me dando incentivo o tempo inteiro. Que venha o próximo!