Foto: Sinistrophotofilm
Eu estava pra falar sobre esse assunto há um tempo, mas ficava na dúvida se falava ou não. Deixei meu coração decidir e aqui estou, hahahaha. Bom, como alguns amigos mais próximos já sabem, eu não vivo do jiu-jitsu. Sou recém chegada na faixa roxa, treino há mais ou menos 4 anos e nesse ano, depois de alguns perrengues que passei no ano passado (com problemas de ansiedade, pânico e depressão), botei na minha cabeça que ia focar no jiu-jitsu, em competir, afinal, treinar jiu-jitsu é uma coisa que eu amo muito fazer.
Pois bem, comecei a treinar, treinar e me inscrevi em um campeonato, depois outro, e aí a brincadeira ficou mais séria porque eu fiz rifa pra lutar os eventos maiores (Brasileiro, BJJ Pro, Mundial CBJJE etc), então de certa forma eu me senti “obrigada” a lutar mais para que as pessoas não pensassem que eu estava de sacanagem com quem ajudou comprando nomes da rifa (olha só como estava a minha cabeça!). E aí comecei a lutar um campeonato, e no outro fim de semana outro, depois outro, enfim, fiquei um mês mais ou menos lutando todo final de semana.
E como eu não sou atleta profissional, eu não treino como uma atleta profissional. Eu dava o meu melhor nos campeonatos, mas sentia que nas finais (que normalmente fazia com as meninas que vivem só disso), eu acabava perdendo e me sentia mal por isso. Como eu não vivo disso, eu deveria levar isso como uma diversão, certo? Não me cobrar tanto, afinal eu não preciso me cobrar tanto, não sou atleta profissional. Meu namorado (que é atleta pro) sempre me dizia isso, mas eu não conseguia colocar na minha cabeça de jeito nenhum. Me sentia mal por perder e por não conseguir chegar no objetivo final.
|| Campeã da Segunda Etapa do Circuito Paulista || Sem palavras! Gostaria de agradecer à minha família, equipe, meus professores @gamalattabjj que estava lá hoje comigo, @alemaobjj e @tigraobjj, à @rebecapblopes que me acompanhou, gritou e esteve comigo ? estou muito feliz com o meu desempenho, vou continuar trabalhando pra ter resultados ainda melhores. Obrigada de coração! Agradeço também meus patrocinadores e apoios @acaiclubaclimacao @kimonosconflict e @brisarodrigues_nutricao Bora pros próximos! Osss ???? #jiujitsu #bjj #bjjgirlsmag #jiujitsuparamulheres #starsfemalebjj #nsbrotherhood
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Acima, um dos campeonatos grandes que lutei, a segunda etapa do Paulista.
E então, em julho, depois de lutar todo fim de semana praticamente, eu fiz 6 lutas no Fight Friends, aqui em São Paulo (3 na categoria acima de 70kg e 3 no absoluto), fiquei bem cansada de tudo. Já estava cansada na verdade, por estar num trabalho por estar, que não estava correspondendo ao tamanho de tudo que eu poderia fazer (e estava me consumindo fora do horário também), por trabalhar igual uma doida na semana, cuidar da casa, do meu gato, do meu cachorro, por estar numa casa que eu não queria estar, e por ter que treinar horrores (leia-se: treinar horrores é treinar toda noite de segunda a sexta e fazer musculação) pra mostrar para os outros que eu estava lutando, afinal, não queria ser vista como uma má pessoa.
Dia produtivo ? Campeã faixa azul acima de 70kg e 3 lugar no absoluto azul e roxa ? Primeiro camp q eu luto com as roxas, tô muito feliz com o meu desempenho ? bora pros próximos ??agradeço a minha família, minha equipe @nsbrotherhood, e aos meus patrocinadores @acaiclubaclimacao @kimonosconflict @augustohaine.com.br #bjjgirlsmag #jiujitsuparamulheres #absolutabjj #bjj #starsfemalebjj
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[Uma observação: se você treina, trabalha, cuida dos filhos, do marido e consegue lindamente dar conta de tudo (como eu sei que tem muita mulher que consegue): parabéns pra você, eu ainda não cheguei nesse nível, ok? Cada um reage de uma determinada forma. ]
A verdade é que estava me punindo sabendo disso, mas fui “jogando pra debaixo do tapete”, fingindo que estava tudo bem. Estava frustrada comigo mesma, por não conseguir dar o meu melhor no trabalho e nem no jiu-jitsu, então, no meu inconsciente, eu estava criando sombras, sabe? E uma hora elas explodiram, como toda sombra faz, cedo ou tarde.
Certo, então lutei, fui campeã na categoria, fiquei em 3º no absoluto (eu ainda era azul, perdi pra uma faixa roxa brabíssima por um triângulo), chorei horrores no banheiro por ter perdido – aliás, isso é uma coisa que eu faço muito quando eu perco: chorar. Mas só agora entendo que o choro não é só por perder: é por tudo que passei pra chegar até ali, por todas as coisas não planejadas que aconteceram na semana, por tudo que deu errado e que tive de me virar nos 70 pra conseguir reverter – aí encontrei meu namorado, desabafei, ele me explicou tudo que eu errei, me abraçou e fim.
Ficamos no ginásio até o final do dia (naquela gritaria que é bem estressante), depois fomos pra casa. Depois disso, tomei um banho e fomos na casa de uma amiga próxima, e já era tarde da noite (tipo umas 22h). Não satisfeita em estar exausta e ainda ter ido na casa dela, eis que me chamam pra sair, eu vou e chego por volta das 06h.
E é aí que tudo “começa”… nessa noite de sábado pra domingo eu não dormi direito, e nem no outro dia, nem no outro… fiquei uns 4 dias dormindo umas 2h por noite, no máximo. Tomava meu remédio natural pra dormir, e de nada adiantava. Eu chorava todos os dias porque sabia que cedo ou tarde teria uma crise de novo. Tentava mudar o foco, pensar que ia ficar tudo bem, mas não ficava, eu não conseguia dormir e quando não durmo direito, tendo a ficar bem estranha, negativa, achando que vai acontecer tudo de novo. E me sentia mais mal porque não conseguia ajudar meu namorado com as coisas dele, deixava meu trabalho de lado, a casa… é uma sensação muito ruim.
E aí, num dia eu tive essa crise. Já tinha deitado pra dormir, e então cochilei e acordei do nada, num sobressalto. Senti aquela conhecida sensação de agonia por dentro, como se estivesse caindo num abismo e quando me levantei pra respirar, já estava com o batimento cardíaco forte, me levantei tremendo e chamei meu namorado, que me abraçou, disse que ia ficar tudo bem e me ajudou a ir pro chuveiro tomar uma ducha quente, pois só assim a tremedeira ia passar (da primeira vez foi assim também).
Depois do banho, continuei tremendo um pouco, o corpo estava bem rígido, pernas trêmulas, mas fui me acalmando. Quando mudei de casa, resolvi deixar os medicamentos controlados pra trás, e nunca pensei que fosse passar por isso novamente. Mas a gente nunca sabe o dia de amanhã, então, falei com a minha mãe no outro dia e ela veio em casa me ajudar. Ela veio, fez uns chás, me abraçou e trouxe os remédios também.
Naquele dia eu tomei e dormi igual criança. E então continuei tomando o ansiolítico por aproximadamente dois meses, passei novamente no psiquiatra, tomei um antidepressivo homeopático que ele passou e continuei levando a vida. Depois desses 2 meses fui parando aos poucos com o remédio, tomava dia sim, dia não, e mesmo assim era 1/4 da dose, até parar de vez. Comecei a praticar Yoga, voltei a meditar todos os dias de manhã e voltei a caminhar no parque, bem cedinho. Nesse período eu perdi cerca de 6kg, que recuperei há pouco mais de um mês.
Fora isso, eu li muito sobre autoconhecimento, sobre o que o nosso corpo diz quando não respeitamos o que sentimos, quando engolimos ou fingimos que não estamos sentindo determinada coisa… enfim, foi um período de muito aprendizado e de me aprofundar muito comigo mesma. Li muito sobre psicanálise, meditação, energia, e muitos outros assuntos relacionados.
E outra coisa que me ajudou muito foi o trabalho de Ressonância Harmônica que o Hélio Couto desenvolve: depois, quem puder, se informe pra ver: vejam seus vídeos, leiam os conteúdos, tem muita coisa que ajuda MUITO na expansão da consciência, principalmente no que se trata em ser uma pessoa melhor, pra você e para o mundo.
E se você está passando por isso agora, o que tenho a te dizer é o seguinte: vai passar. A primeira coisa a se fazer é entender que há algo de errado com você, e buscar entender a razão disso, seja sozinho (como eu fiz na maioria do tempo) ou buscando ajuda de um profissional (como eu fiz no começo, que estava chorando todos os dias e achando que nada ia dar certo). As crises de pânico me ajudaram a me entender melhor, a me observar mais, a ter mais limites, a respeitar meu corpo e sobretudo, meus sentimentos.
Eu tive essa dificuldade, mas tive também toda a ajuda necessária para ficar bem, tive toda a estrutura para me tirar daquele “abismo” e me erguer novamente. E quando a gente se levanta de novo, é tão incrível… é tudo diferente, é tudo mais bonito, a gente agradece por coisas tão simples como respirar, dormir uma noite inteira. Você sabe o quão sortudo você é por poder fazer tudo isso?
Caso você esteja passando por isso e precise conversar, quero dizer que estou disponível para conversar e ajudar no que for possível, porque uma coisa eu te garanto: VAI PASSAR.
Seguem meus contatos:
E-mail: sam.fonseca963@gmail.com
Whatsapp: 11941555888
Bom feriado a todos!
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