Síndrome do pânico e depressão: como o jiu-jitsu me ajudou a superar esses males

Fala, galera! Há alguns meses atrás, quem me conhece sabe que passei por uns probleminhas bem chatos, como a Síndrome do pânico. Síndrome do pânico trata-se de um transtorno de ansiedade caracterizado por um intenso medo ou mal estar que causam sintomas físicos como coração acelerado, frio na barriga, falta de ar, entre outras sensações.

Em agosto do ano passado tive minha primeira crise. Estava no meu quarto, trabalhando num domingo à tarde e de repente me deu uma falta de ar maluca, dedos começaram a formigar e eu comecei a tremer, senti muito medo de ser algo no coração, corpo inteiro tremendo, minha mãe tentando me acalmar, e só depois de um banho quente eu me acalmei e fiquei melhor.

Eu não gosto muito de falar sobre isso porque me traz à memória tudo de novo, mas como resolvi encarar meus medos, estou aqui contando sobre o que houve, e espero de coração que seja de grande ajuda para quem passou ou estiver passando pelo mesmo problema.

Para explicar o que houve comigo, preciso dizer que não foi algo “do nada”: eu estava trabalhando numa loja de segunda à sábado e de domingo ao invés de descansar, me enfiava em mais e mais trabalho, freelas e tudo o mais (sim, sou meio workaholic). Para ajudar, tomei Lipo 6 Black (um termogênico forte à base de cafeína) durante quatro anos. Era inclusive meio viciada, quando estava com muito sono mas precisava ficar acordada para trabalhar ou fazer alguma outra coisa, tomava meia cápsula e continuava. Só depois da complicação eu procurei me informar melhor sobre esse “suplemento”: seu uso contínuo deve ser por, no máximo, 6 meses. Dependendo do organismo ele pode causar sudorese, síndrome do pânico, insônia, ansiedade, vômito, dores de cabeça, irritação entre outros efeitos colaterais.

Fora isso, como qualquer pessoa, tive alguns problemas com a família entre a adolescência e a fase adulta. Mas como a minha família já sofria muito com os problemas, eu interiorizava tudo e nem chorava. Me achava a “fortona”, “insensível” e realmente achava que era a melhor coisa a se fazer. Não demonstrar nada, não chorar, me enfiar no meu trabalho, estudos e fingir que nada estava acontecendo, que eu era inatingível. Guardava muita raiva e ódio de pessoas próximas a mim e esses sentimentos ruins (que não foram tratados) foram me fazendo tão mal que uma hora tudo explodiu dentro de mim. Minha terapeuta disse que eu estava com um desgaste emocional muito grande, e precisava de um tempo para por a cabeça no lugar, descansar e refletir sobre tudo o que houve em minha vida.

Fiquei quase dois meses sem dormir direito (dormia de uma a duas horas no máximo por noite), perdi cerca de 7kg, sentia muita falta de ar e mal conseguia trabalhar. Fui no psiquiatra e tomei um sedativo (tarja preta, o Rivotril) durante um mês mais ou menos, e mais uns 8 medicamentos homeopáticos (não gosto muito da medicina tradicional). Fui em vários médicos, e a resposta era sempre a mesma: moça, você não tem problema nenhum no coração. Fiz vários exames e nada. Ao constatar que não era nada físico, fui me tratando com medicamentos e terapia. E aí fui me revendo… chorei muito, pensei muito na minha vida, no que eu havia feito com ela, no tanto de raiva e ódio que eu acumulei ao longo dos anos, no quanto eu desrespeitei meu corpo e os meus sentimentos.

Depois disso eu me perdoei, perdoei quem eu sentia toda aquela raiva, todo aquele ódio, toda aquela mágoa e fui, aos poucos refazendo a mulher que existe dentro de mim. Aos poucos parei de tomar o Rivotril e continuei somente com os homeopáticos, que inclusive parei com 2 deles (que eram os mais caros) há dois meses.

Minha reforma foi interna e externa: parei de me preocupar tanto com o futuro, passei a focar no hoje, no agora, parei de alimentar raiva das pessoas, pois tudo isso volta, algumas vezes muito pior até.

Em dezembro voltei a treinar aos poucos (voltei só fazendo posição), ganhei de volta o peso perdido, mudei de casa, voltei para a musculação, para o meu trabalho (de maneira ponderada) e estou hoje me respeitando mais, me cobrando menos, fazendo o que posso e indo atrás das minhas coisas de maneira leve, saudável e muito, muito mais feliz.

Se eu posso te dar um conselho, mesmo você tendo passado por isso ou não, é: não sinta ódio de você e muito menos das pessoas, não se culpe, não se cobre tanto. Você é humano, e como humanos somos limitados… podemos fazer muito, mas tudo dentro de um certo limite, não é? Precisamos ter paz em casa, no trabalho, na família, ter amigos, cuidar da saúde (mental, física, emocional e espiritual). Tudo o que fazemos e sentimos, uma hora vem à tona, então procure ter bons pensamentos, boas intenções, vibrar boas energias, onde quer que você for: tudo isso volta pra você de uma maneira extraordinária.

O Jiu-jitsu sempre foi minha paixão, e, todas as vezes que eu não conseguia treinar (como quando estava terminando a faculdade, por exemplo), eu sempre pensava: “vai passar. Vou terminar o que tenho que fazer porque vou voltar a treinar e vai ser maravilhoso.” E durante a época de crise, por mais difícil que tenha sido, eu nunca deixei de acreditar que pudesse voltar a treinar novamente, por mais que a cada treino (na época que estava voltando) achasse que meu coração fosse sair pela boca, eu ia na boa, dentro do meu limite, fazendo posição nas primeiras semanas, depois comecei a fazer um pouco do aquecimento, depois um ou dois rolas e olha que maravilha: hoje faço o treino inteiro.

Obviamente que não consegui tudo isso sozinha… minha mãe, meu irmão mais velho e meu namorado foram essenciais nesse processo. Me ajudaram muito, me incentivaram, me botaram pra cima, não deixaram que eu desistisse. Não foi fácil e posso dizer que foi uma das piores épocas da minha vida. Mas me serviu demais como aprendizado! Hoje não levanto da cama nenhum dia sem agradecer pelo ar nos meus pulmões, pelo meu trabalho, minha família, amigos (por mais que sejam poucos, são os melhores do mundo).

Tudo o que passei serviu de aprendizado para que eu me refizesse como pessoa, como profissional, como irmã, como namorada e como praticante de jiu-jitsu.

Espero que a minha história possa ajudar quem já passou, passa ou está passando por algum problema emocional como esse, como ansiedade, depressão ou síndrome do pânico (porque todos esses males estão interligados).

No mais, é isso: foco nos objetivos, limpeza interna e externa e não desistir dos treinos. Oss!

Veja também: Lutador Antonio “Cara de Sapato” fala sobre a superação da síndrome do pânico

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