Como o jiu jitsu melhorou minha autoestima

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Basta uma pequena reflexão para ter a noção do quanto é difícil ser livre por ser mulher. E isso envolve não só os aspectos físicos (ter medo e evitar andar sozinha durante à noite é um sinal que sua liberdade é extremamente podada e limitada), como também psicológicos. A questão psicológica se refere àquilo que toda mulher já passou: num dia quente, por exemplo, colocar uma roupa curta e ao caminhar pela rua, abaixar a cabeça, não se sentir à vontade, abaixar o short o tempo inteiro, desviar de todos os caminhos que tenham uma figura masculina e se sentir extremamente mal por homens mexerem com você o tempo inteiro durante o seu trajeto.

A sua autoestima fica abalada. Você se sente diminuída. Você se sente mal, se sente culpada, simplesmente por que só queria se vestir do jeito que lhe fosse mais agradável, mas isso faz com que os homens se sintam no direito de mexer com você por isso, de falar do seu corpo sem o seu consentimento. Apenas pelo fato de sermos mulheres, os homens acham que podem mexer conosco. Tal ideia de culpa fica no nosso inconsciente.

Eu sei porque cansei de me sentir assim. Queria usar um vestido e no final eu me sentia “suja”, por ouvir comentários desagradáveis de homens repugnantes. Ainda que eu soubesse que aquilo não era culpa minha, o sentimento é mais forte do que nós. Nos abala psicologicamente, sim. Também há a questão da segurança, de nos sentirmos indefesas, inseguras. Isso é muito forte no nosso psicológico também. Nossa autoestima, quanto à nossa capacidade de se defender diante essas agressões também é abalada, nos sentimos incapazes, nos sentimos reféns. Um sentimento que só nós mulheres sabemos o que é. Que nenhum homem nunca irá compreender.

Eis que eu conheci o jiu jitsu. Sempre pratiquei artes marciais, mas o jiu jitsu foi fundamental nesse processo de “trabalhe sua autoestima”. Não desmereço as outras artes, mas como sempre enfatizo quando falo sobre o assunto, o jiu jitsu é democrático porque permite que o mais fraco vença o mais forte. Você pode se defender de um brutamonte se tiver técnica.

O que quero dizer com isso? Não é a ideia de que “seremos invencíveis e estaremos seguras para todo o sempre”, infelizmente, nenhuma arte marcial é o “pó mágico” que vai acabar com a misoginia. Não é essa a questão posta aqui, mas é, além disso, algo íntimo, que afeta nosso inconsciente. Ter empoderamento é também ter autoconfiança, é acreditar em você mesma, é respirar fundo e saber que você não é suja, não é fraca e que ninguém tem o direito de falar algo sobre como você se veste. Refiro-me à arte suave como uma maneira de melhorar o nosso psicológico, nos fortalecer mentalmente. Tipo uma terapia mesmo.

Por exemplo, como a sua postura ao andar na rua. Tudo isso passa a mudar quando você pratica uma arte marcial. O jiu jitsu me fez andar de cabeça erguida. O jiu jitsu me ensinou a encarar com uma cara bem feia pra quem violasse meu corpo com palavras ofensivas, praticar a arte suave melhorou a minha autoestima e o meu psicológico, pois eu me senti mais forte, eu me senti mais confiante, eu me senti mais poderosa. Tudo isso graças ao jiu jitsu. Ele veio para mudar a minha vida. E eu me sinto sempre na obrigação de avisar outras mulheres sobre esse assunto.

Acredito que existam várias formas de fortalecer o psicológico, várias alternativas além de praticar uma arte marcial. Mas vejo que o meu relato pessoal se faz necessário, mesmo eu sabendo que não fico invencível com nenhuma arte marcial. Mesmo eu sabendo dos perigos numa sociedade que a cultura do estupro é alimentada. Nós, mulheres, precisamos de matar um leão por dia e às vezes dá cansaço, às vezes a gente não aguenta. E o que quero dizer com tudo isso é: o jiu jitsu te ajuda a aguentar, a resistir psicologicamente ao patriarcado que nos violenta numa constante!

Amiga, pratique jiu jitsu!

Boa semana de treino à todos.

Oss!

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