Fala, galera! Hoje quero falar sobre algo que acontece muito, mas sempre vejo e acabo deixando passar e não falo sobre. Hoje vai!
Ao observar algumas conversas em grupos femininos, percebo muitas vezes uma certa resistência das meninas em receber meninas novas. Estranho, não? Reclamamos tanto que não tem menina pra treinar, mas quando aparecem, agimos de forma negativa, afastando-as da nossa equipe.
Primeiro, vamos acertar alguns pontos, principalmente se você tem mais tempo de casa: se você já treina há um tempo, com certeza já está adaptada às regras do jiu-jitsu, da academia etc. Quando chega uma menina nova, ela provavelmente não sabe, e por falta de intimidade, oportunidade ou até mesmo medo da aluna sair, os professores não falam. Então, de quem é o dever de ajudar? Você mesma, a menina que está há mais tempo. Com certeza o professor vai te colocar pra ajudá-la, afinal, as meninas regulam o peso, força e também se sentem mais à vontade quando tem uma mulher treinando, principalmente quando é iniciante.
Provavelmente, ela não vai saber que precisa cumprimentar o tatame, o professor e depois os graduados. É capaz que não saiba também que não é legal ficar conversando muito, falando palavrões, ou, pior ainda, é muito possível que não saiba também sobre o uso da faixa, do kimono ou o que usar por baixo dele. Já ajudei meninas inúmeras vezes, por não saberem o que usar por baixo do kimono: casos de ir treinar de calcinha, sutiã e o kimono (pasmem!). Mas não é culpa delas, e na maioria das vezes ela não sabe mesmo. AJUDE! Oriente, eduque. Ninguém é obrigado a saber. Se fosse o contrário, como gostaria que te tratassem?
Segundo ponto: nem sempre quando a menina entra é por curiosidade ou porque gosta do esporte. Algumas entram mesmo porque o JJ feminino está um pouco em alta, porque acham bonito tirar foto de kimono e até (isso acontece com os homens também) por interesse em alguém da academia. Existem inúmeros motivos que levam uma pessoa ao tatame, seja qual for um desses motivos, qual o problema? Bato na mesma tecla: eduque. Se algum desses motivos a levaram até o tatame, faça com que o amor ao esporte cresça dentro dela, faça com que ela não desista – porque é isso que vai acontecer se ela não se “achar” lá dentro, ela vai sair. Quem não gosta, sai, gente, não adianta. Ou você acha que moda ou amor por algum boy é capaz de fazer uma mulher abrir mão das unhas, do cabelo, fazê-la aceitar os roxos em todo o corpo, as dores, o ego indo por água abaixo ao tomar uma finalização? Toda menina que eu conheço treinando eu trato bem, troco uma ideia, se estiver ao meu alcance, ajudo nas posições, se for nova dou um toque quanto às unhas, aos cabelo, ao uso da faixa. Tento fazer com que se sinta em casa mesmo, e se eu puder ajudar em algo, vou estar sempre ali para o que precisar.
Quando entrei no jiu-jitsu, não tinham meninas pra me ajudar, pra me falar que nem sempre seria ser fácil continuar, mas que eu devia continuar. Quando entrei, na minha primeira equipe, eu tomava cotovelada na boca de menino faixa azul, crossface… comecei a participar dos rolas já na primeira aula, sem saber praticamente nada. Já fui pra casa várias vezes chorando, machucada, com a cara roxa, achando que era tudo normal o que faziam comigo. Depois vi que não era bem assim, e se tivesse uma menina ali comigo, talvez não fosse tão difícil o meu começo.
Toda vez que vejo que tem alguma briga entre meninas no tatame, fico bem chateada. Poxa, já estamos em tão poucas, pra que essa rivalidade toda? Tem mesmo necessidade de tratar mal as novatas? Se você age assim com meninas novas, tire isso da sua cabeça. Converse com ela, quebre o gelo – pense em como foi o seu começo e o que te fez continuar – você teve alguém que te ajudou? Provavelmente, sim. Se sim, seja essa pessoa para as novatas, independente do motivo que as fizeram entrar no esporte. Passe adiante! Precisamos de mulheres unidas no jiu-jitsu, dessa forma evoluímos não só como lutadoras… mas como seres humanos.
Precisamos parar de pensar que o tatame é nosso território exclusivo e encarar novas meninas lá como rivais. Elas, ao contrário, são nossas aliadas! Sem elas, não poderíamos competir e até o treino seria diferente. Os meninos podem ser ótimos, mas algumas coisas só pode ser compartilhado entre as meninas. Se você acha que pode ser parceira só dos caras, pense de novo. Não há nada mais lindo do que a cumplicidade feminina, ela salva pessoas e no jiu-jitsu não é diferente. Cada vez que uma menina desiste no nosso esporte, todas nós perdemos um pouco.
Boa semana 🙂 Oss