As meninas devem competir, sim! 

Muitas meninas entram no jiu-jitsu para ficar em forma ou aprender a se defender, mas e quando resolvemos competir? Antes de acharem que estou aqui para dizer que temos obrigação de fazer algo, lembre-se: não somos obrigadas a fazer NADA! Defendo, no entanto, a ideia de que podemos, sim, competir profissionalmente ou não. Sei que para muitas meninas isso não é novidade, porém ainda vejo muitos campeonatos vazios mesmo com que os números apontem uma ascensão do jiu-jitsu feminino, ou seja, não custa nada dar aquela mãozinha para quem quer e ainda tem um pouco de receio.

Se ainda hoje, lutamos por igualdade em diversas áreas, no jiu-jitsu não é diferente. Se o número de mulheres treinando aumentou nos últimos anos, onde estão as meninas? Infelizmente, não é incomum o relato de lutadoras que não se sentem estimuladas pela família, amigos e até mesmo pela equipe a competir. Muitas vezes é aceitável meninas treinando, mas “competindo já e demais”. Mas estamos aqui para te dizer que: Não, não é “demais”, não! Estamos aí não só para ocuparmos os tatames das academias, mas as áreas de competição também.

Nem sempre na academia temos a oportunidade de treinar com outras meninas ou com meninas da mesma faixa e categoria. Lutar é uma forma de testar o nosso jiu-jitsu, pois na competição é bem diferente do rola de treino, mesmo que este seja pegado. Além disso, e na minha opinião uma das coisas mais legais, é ótimo ter a oportunidade de conhecer outras meninas, as adversárias e acompanhar um pouco dessa atmosfera que só existe nos campeonatos.

Já reparou como sempre o prêmio das categorias masculinas são sempre mais “gordos”? Uma desculpa das organizações para isso é a baixa participação das meninas em muitas competições. Sendo isso fato ou não, nós realmente ainda temos categorias vazias em alguns campeonatos e a forma mais eficiente de lutarmos por uma premiação melhor é também participando dos eventos, se envolvendo e, dessa forma, lutando por premiações melhores, afinal, uma faixa preta masculina, não pode valer mais que uma faixa preta feminina, por exemplo.

Entender o motivo das mulheres não quererem participar dos campeonatos e incentivá-las é uma excelente forma de mudar esse cenário. Se você é mulher e compete, incentive suas parceiras de treino a competir também. Com campeonatos cheios, só temos a ganhar. Afinal, ninguém quer ganhar medalha sem ao menos competir, certo? Se você se interessa, mas ainda não se sente preparada para competir, não tem problema, uma excelente forma de alimentar essa vontade é frequentar campeonatos como expectadora, sempre que possível, e prestar atenção nas lutas da sua categoria. Isso te faz perceber o que as meninas fazem e começar a pensar “isso eu sei fazer”. No fim, não parece mais um bicho de sete cabeças. Pode parecer inocente, mas isso ajuda muito!

Outro ponto é a oportunidade de sentir a adrenalina que só a competição pode trazer. Participar de um evento, seja ele um campeonato pequeno ou uma grande competição nos traz grandes emoções, perdendo ou ganhando. Não sou competidora, mas ultimamente tenho participado de alguns campeonatos por diversão e confesso: a ansiedade me domina e fico bem nervosa, mas toda vez que participo gosto da sensação de dever cumprido. Competir é uma forma divertida e saudável de testar seus treinos. Aprender a administrar isso é algo que contribui diretamente para outros aspectos da nossa vida. Então por que não experimentar?

Reforço que a intenção não é dizer quer as meninas devem competir, mas sim dizer que são livres para experimentar e quem sabe até se apaixonar pelas competições. Experimentou e não gostou? Não tem problema. Sou a primeira a sempre falar que jiu-jitsu é muito mais do que competição. Além dos benefícios já conhecidos para o corpo, na arte suave encontramos muitos outros aspectos positivos e todos eles devem ser levados em consideração. A luta mais importante é pelo espaço das mulheres nos tatames de treino e competição! E é por ela que continuamos lutando.

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