Leia este texto ouvindo Paradise – Coldplay.
Outra vez estou aqui compartilhando com vocês uma experiência minha na esperança de que apenas em palavras eu consiga expressar o quanto isso é importante na vida de um atleta ou de uma pessoa como eu, que mesmo não vivendo do jiu-jitsu, se dedica ao máximo possível.
Alguns meses atrás eu contei para vocês sobre como foi o meu primeiro campeonato. Eu ainda era faixa branca e não estava me sentindo nem um pouco preparada para aquele momento, mas acreditei no que as pessoas me falavam: “pelo menos uma vez na vida você precisa viver essa experiência. Aproveita a faixa branca, onde você ainda pode errar!”. E foi o que eu fiz. Nesse dia, eu já não estava vivendo o “acreditar”. Confesso que isso é muito difícil, afinal, eu sabia onde eu estava errando e não eram em poucos pontos rs.
Preciso confessar que mesmo perdendo duas lutas no primeiro campeonato, eu gostei da adrenalina de estar lá e da preparação para aquele dia. Eu gostei da força que recebi do meu mestre, meu marido e minha família, embora algumas pessoas ainda não tivessem levando isso tão a sério. Mas a minha vida seguiu normalmente.
Em dezembro de 2016, foi a minha graduação para a faixa azul e ainda assim eu não acreditava que estava preparada para este momento também. Depois disso eu já tive alguns surtos por continuar não acreditando em mim mesma e na minha evolução, mas mesmo assim, decidi tentar um outro campeonato, depois de 5 meses. Qual era a minha intenção? Saber como é o nível das meninas da minha nova faixa, o que eu preciso focar nos treinos, treinar o autocontrole e a minha ansiedade, me divertir, e acima de tudo, viver por mais um momento aquela adrenalina que contei para vocês no começo daquele texto.
A minha preparação dessa vez foi diferente, eu já tinha a experiência de um campeonato e já sabia o que eu tinha errado naquele primeiro. Treinei o começo da luta e com a ajuda do meu mestre eu criei uma estratégia de luta baseada no que eu poderia fazer de melhor, e mesmo assim eu ainda não acreditava que eu poderia ganhar, mas estava feliz por ter coragem de tentar e por saber que traria mais algumas lições para treinar.
Então chegou o grande dia, que para muitos era só um dia comum, mas para mim era o momento de me colocar em teste, todos os resultados seriam importantes para a minha evolução. Eu estava há uma semana com muita vontade de chorar e no momento que entrei no ginásio, minha agitação se elevou muito. Dessa vez, eu tinha minha família e uma amiga me assistindo, e embora soubesse que para eles o resultado também não importava, eu não queria decepcionar.
Me pesei e enquanto aguardava o meu nome ser chamado, meu marido ficou comigo me dizendo para acreditar que eu era tão capaz de fazer aquilo como qualquer outra pessoa.
Quando entrei no tatame, nada mais importava além de dar o meu melhor. Eu não escutava mais ninguém além da minha própria mente dizendo: você não vai perder nesse golpe, ou nesse outro, acredita!
E por um instante no meio da luta, eu olhei o placar e vi um 3 x 0. Naquele momento, vi minha própria faixa, me dei conta de que aqueles três pontos eram meus, e pensei: meu Deus, não acredito!
Continuei dando o meu melhor e faltando um minuto para o fim da luta, eu consegui ganhar as costas da adversária e encaixar um estrangulamento de lapela. Ela bateu, eu soltei, sentei, agradeci a ela por ter me proporcionado aquele momento e por fim, o juiz pediu para que eu amarrasse a faixa e levantou a minha mão.
Naquele momento, eu ainda não conseguia acreditar no que estava vivendo. Mandei um beijo para o meu marido e apontei para ele, que acompanhou cada segundo do meu esforço para chegar até ali.
Mas por que eu contei tudo isso? Porque eu precisei passar por tudo isso para enfim acreditar que eu também posso.
Se você também acha que você não está nem perto tecnicamente dos seus oponentes, saiba que todo mundo é capaz, basta acreditar um pouco mais. Se você perdeu, vá treinar e acredite um pouco mais. Se você ganhou, vá treinar e continue acreditando.
Acredite em você.