Por que vou bem nos treinos, mas meu rendimento cai no campeonato?

O Jiu-jitsu está longe de ser um esporte individual. ‘Mas como, se eu luto sozinho?’ Sem seus companheiros(as) de treino, dificilmente você chagará a algum lugar. A união é muito importante para o nosso esporte. Mas, sim, na hora de competir, você está “sozinho(a)”. Entre aspas, porque podemos contar com a presença de nossos professores, familiares e amigos. Mas, apesar de todos estarem ali gritando e te apoiando, é você que entra no tatame e sua mente precisa estar condicionada para isso.

Nos meus primeiros campeonatos, eu raramente conseguia prestar atenção nas orientações do meu professor. Era como se todos os barulhos do ginásio estivessem na minha cabeça, menos a voz dele. Pois no início, é tudo muito novo. Várias lutas ao mesmo tempo, arquibancada cheia de gente gritando, microfone chamando para a checagem, anúncio dos pódios. Isso tudo é diferente da realidade da academia. Então, nossa cabeça pode estranhar.

“Diferente da realidade da academia”. Pois é, aí que eu queria chegar. Às vezes, no treino vemos que nosso desempenho está cada vez melhor, conseguimos conquistar nossos objetivos, mas quando chega a hora de lutar, tudo muda. Contei aqui no site (neste texto) que, mês passado, fiz um ano na faixa azul. Se eu for analisar, na prática, meus resultados em campeonatos em 2016, vou sair com uma resposta negativa. Depois que a gente tem alguma frustração mais de uma vez, vem logo o pensamento de desistir. Mas, meus professores sempre me apontam em que estou errando e se eu parar de treinar, aí é que eu não vou acertar nunca mesmo.

É comum nosso desempenho mudar em campeonatos. Na academia você está mais à vontade, entre pessoas que são conhecidas e que, na medida do possível, querem te ajudar a evoluir. Então, acabamos nos sentindo mais confortáveis. Não que o treino seja “fácil”, longe disso, mas o ambiente é favorável para que a nossa mente esteja mais tranquila. Treinamos quase sempre com as mesmas pessoas e acabamos ‘conhecendo’ o jogo delas, e no campeonato isso também muda. Claro que, quando se compete muito, acabamos cruzando com a mesma pessoa mais de uma vez, mas não todos os dias. É importante, porém, não ignorar sua atuação na academia. Não ir bem em campeonatos não quer dizer que seu treino seja ‘fraco’. O treino é a base, de lá você vai tirar o preparo necessário para começar a melhorar seus resultados.

Então vem o questionamento: ‘nossa, aquela menina é tão fera na academia, mas nos campeonatos não rende tanto’, ‘caramba, aquele garoto é um monstro nos treinos, e no campeonato deixa o psicológico afetar nas lutas’. Sim, isso acontece. Aliás, muita gente sabe a importância de um acompanhamento psicológico nos esportes de alto rendimento, mas poucos realmente o fazem. Um encontro com um profissional que acompanha um time ou um atleta pode fazer toda diferença na rotina de treinos e nas competições.

Mas, é claro, se nem todo atleta profissional tem esse tipo de acompanhamento, as chances são ainda menores para os atletas amadores. O que podemos fazer para não deixar o ‘psicológico fraco’, então? É difícil não desistir depois de tantas derrotas. Ou, até mesmo, depois de tantas vitórias em uma faixa e depois da graduação, se achar incapaz de continuar. O site Escola Psicologia tem textos interessantes sobre psicologia do desporto (aqui) e em um deles, é dito para se olhar para o fracasso como um impulso para a realização futura. Muita gente não consegue, ou não persiste e acaba desistindo. Vou sempre bater na tecla que é difícil, sendo atleta amador, conseguir passar por cima de todos esses obstáculos. Porém, não é impossível, de maneira alguma.

Os resultados são importantes (principalmente para quem busca uma carreira no esporte), mas é preciso ter um ponto de partida. Você pode começar analisando e estabelecendo metas. Mas não precisa, de cara, querer ganhar um campeonato mundial sem ter ido bem no estadual primeiro. Um tipo de meta que você pode desenhar é a meta para o seu desempenho. Leia sobre a importância de lutar campeonatos pequenos aqui. “Quero lutar bem, aplicar as posições que meu professor me passa nos treinos, ir bem em tal campeonato”. Conforme seu desempenho for melhorando, você tem mais chances de alcançar resultados bons e pode traçar metas maiores.

O que não pode acontecer é você desistir, lutar por lutar ou entrar no campeonato para ‘ver o que acontece’. Nem todo mundo pretende ser competidor (mesmo que amador), mas se você quiser entrar em dois campeonatos durante o ano todo, é preciso treinar com o mesmo foco, como se você fosse competir todo mês.

Por fim, o que conta muito é a experiência. Você só vai se sentir mais confortável nas competições se você lutar. Como eu falei, é muito mais fácil treinar em um ambiente que já é familiar do que entrar em um campeonato, botar a cara para lutar com uma pessoa que você nunca viu na vida e que está doida para te finalizar. A palavra, então, é persistência. É preciso ter paciência e persistir muito no Jiu-jitsu, pois os resultados não vão surgir com um piscar de olhos. Portanto, se você vai bem na academia, se consegue botar em prática as posições que são passadas, já é um começo para você ter bons resultados e um bom desempenho nos campeonatos.

Até a próxima! Oss

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