Imagine que hoje você tivesse acabado de entrar numa equipe, no seu primeiro dia de aula – se fosse pra você escolher uma equipe pra você treinar, quais os requisitos que você gostaria que ela tivesse? Lembrando que é o seu primeiro dia de aula, então você entende pouco ou absolutamente nada de jiu jitsu. Acredito que um dos principais requisitos de uma boa equipe (se não for o mais importante) é o entrosamento dos alunos com o professor e com os demais.
Eu quando entrei no jiu jitsu, tinha uma série de ilusões. Pensava: “nossa, que legal! Eles são tão animados, se ajudam, existe respeito, disciplina e ética. Acho que é aqui que vou ficar.” Depois de um tempo, fui percebendo que o esporte hoje é – apesar de toda a ideologia de respeito e disciplina que gira em torno do jiu jitsu – um negócio onde a maioria das pessoas vai querer SIM que você treine e fique na equipe delas, afinal um aluno não paga só a mensalidade – paga kimono, camiseta, patch, graduação, chama os amigos etc. Isso na ponta do lápis rende uma grana bem bacana no fim do mês, isso sem falar das graduações ao fim do ano, que costumo chamar de 13º dos donos de academias.
Calma, todo mundo precisa pagar suas contas e com os donos de academias não é diferente – não me entendam mal, é justíssimo cobrar, afinal para se oferecer tal serviço é desenvolvido todo um trabalho e tudo o mais. O que quero dizer aqui, é que quando o aluno está nos seus primeiros dias ou meses de aula ele não entende muito bem como funciona esse sistema todo, e pode não perceber que tem muita gente (principalmente faixas pretas) que não estão nem aí pros objetivos dele no jiu jitsu. Para eles, se você treina uma ou duas vezes por dia, se quer ser professor, se treina por hobby ou se quer ser campeão mundial, não faz diferença. O que vale é o dinheiro cair na conta bonitinho todos os meses.
Na verdade ali pra ele você é só mais um que treina, que vai pegar grau, faixa, vai comprar patch e encher o bolso do dono da equipe. Só mais um. Infelizmente existem academias que são assim, onde cada um age por si e Deus por todos, e se não está satisfeito pode sair. Eles não estão preocupados se você tem um sonho. Não estão preocupados com o seu sorriso ao sair de uma posição que você treinou muito pra sair. Não estão preocupados se o seu treino foi bom, se o seu gás está ok, se você está bem, enfim.
Te soa familiar? Da mesma forma que alguns funcionários de empresas grandes mal conhecem os donos para quem trabalham, muitos alunos não tem relação de proximidade com seus mestres, e vice versa. Talvez isso não importe pra você, mas na minha opinião, importa SIM. Jiu jitsu é um esporte de par – onde para fazer CADA coisa você vai precisar de alguém, seja para te ajudar nas posições, nos rolas etc. E algo mais importante ainda – terão dias que o aluno não vai querer treinar. Haverão dias que o aluno vai preferir fazer um rola e ficar o resto do treino sentado, não porque está cansado, mas porque não está num dia bom.
E sim, cabe ao professor saber o que está acontecendo com ele, afinal se ele está ali é porque de alguma forma, é também sua responsabilidade. O que você faz pelos seus alunos? Você sabia que muitos alunos enxergam o professor como uma espécie de “pai”? O jiu jitsu é sim um esporte que transforma vidas, mas para mim, ele só transforma vidas se houverem seres humanos que tratem as pessoas dentro do tatame como seres humanos, e não só como mais um aluno ou aluna que vai pagar a mensalidade. Faça mais por eles, converse, pergunte. Se aproxime de seus alunos. Isso faz com que eles se sintam parte de um todo, faz com que se sintam importantes. Não deixem nunca que pensem o contrário.
E, diferente de uma escola ou faculdade onde dificilmente o professor se envolve nas vidas dos alunos, no jiu jitsu o professor influencia pessoas que vão desde as crianças aos mais velhos. Dê o seu melhor sempre. Bom, essa foi a parte do entrosamento com o professor – que consequentemente influencia os outros alunos a agirem da mesma forma, afinal se ele é exemplo, naturalmente seus alunos agirão de forma igual entre si, fazendo da equipe uma grande família onde um cuida do outro como irmãos.
Fora esse requisito, achei interessante pontuar também:
- Boa estrutura;
- Incentivo e apoio em competições;
- Fazer o possível pra não deixar o aluno sair com dúvidas, afinal o hábito de fazer movimentos “errados” se transformam em vícios que ficam difíceis de tirar.
E pra você, quais os requisitos de uma boa equipe? Comenta aqui 🙂