Recordando a minha entrada no mundo da arte suave, observo que nem toda mulher interessada em praticar jiu jitsu consegue ingressar no esporte. Realmente, muitos medos afligem a nossa mente, antes que possamos ter o conhecimento do quanto é maravilhoso praticar o jiu-jitsu. O medo de se machucar, o medo de se tornar “masculina”, embrutecida, desprovida de feminilidade e o medo social, surgido das vergonhas da percepção sobre o próprio corpo (por exemplo: estou acima do peso, meus seios são grandes, sou desajeitada, etc).
O medo de sofrer lesões é natural em qualquer esporte de contato. Entretanto, é importante lembrar que o próprio domínio da técnica obtido com bons treinamentos, diminuirá muito o risco de eventuais lesões. Também é importante lembrar que não podemos permitir a perda de nossos sonhos devido a algum medo. Do contrário, o filhote de águia jamais conseguiria voar tão alto.
Quanto ao medo de se tornar “masculina” ou não ser aceita socialmente, devemos recordar uma certeza demonstrada durante séculos: a mulher quando consciente da sua poderosa essência feminina e dedicada a realizar seus sonhos, tudo vence. A grande prova de que a prática da arte marcial em nada atrapalha a feminilidade ou a aceitação social da mulher está nos registros históricos sobre a existência da samurai Tomoe Gozen, que participou de inúmeras batalhas e sempre se manteve bela e feminina, conforme nos mostram as gravuras da época.
Através do jiu jitsu, arte marcial japonesa que tem grande influência da filosofia Zen Budista, a mulher poderá se desenvolver física, mental e espiritualmente, porque para se obter o domínio da técnica, deverá aplicar o que os zen budistas denominam de “mente vazia”, prática que consiste em esvaziar o cérebro de todo pensamento capaz de impedir a evolução do ser humano.
Os japoneses sempre adotam a metáfora de que a mente se assemelha a uma xícara de chá, devemos mantê-la sempre limpa, para que a possamos enchê-la de um bom líquido.
Para conseguir aplicar no jiu jitsu, essa técnica de autocontrole, a mulher deverá manter o foco apenas no aprendizado da técnica e nas suas metas quanto ao domínio da arte suave, afastando os maus pensamentos, que são apenas criação da própria mente feminina que aceita os ranços e preconceitos sociais ou familiares. A mente humana apenas fortalece um pensamento quando nós mesmos permitimos esse fenômeno. Afinal, pensamentos são forças, como afirma o sábio provérbio registrado inclusive na Bíblia (Provérbios 23:7) “…. Assim como você pensa na sua alma, assim você é…” .
Se a mulher pensar que é incapaz de aprender jiu jitsu ou pensar que não conseguirá se manter bela e feminina, assim ocorrerá. Entretanto, se ela pensar forte e positivo, tudo vencerá, e ela será realmente uma lutadora de jiu jitsu, uma mulher plena.
Portanto, “esvazie sua xícara…” treine sempre, persevere, mantenha-se no foco, livre-se dos medos, trace metas na vida e no jiu jitsu. Realize seus sonhos. Afinal, o seu maior adversário é você mesma… Vença-o sempre.
E você, como “esvazia sua mente” para entrar no tatame?
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