O jiu-jitsu tem se popularizado nos dias atuais e por isso, é mais fácil conhecer alguém que seja praticante do esporte. Ser amigo ok, mas e quando você namora um jiu-jiteiro (a)?
Se você é um praticante, com certeza já ouviu alguma vez na vida a famosa frase: “nossa, mas para mim são só duas pessoas se agarrando! ”. Infelizmente, muitas pessoas ainda vêem dessa forma, às vezes por não entender das técnicas ou só por um pré-julgamento mesmo. Mas quando falamos de relacionamento com um (a) lutador (a), consigo pensar em três possibilidades:
1) Você vai odiar que seu companheiro (a) lute. Vai aceitar uns dois treinos por semana (desde que não sejam de sábado e domingo, afinal esses dias são para você), mas sempre vai pensar que ele (a) prefere “se agarrar” com outras pessoas na academia do que ficar contigo, irá desconfiar de todos os hematomas que aparecerem pelo corpo dele (a) e terá que dividir a atenção dele (a) com coisas relacionadas ao jiu-jitsu.
2) Você irá aceitar que seu companheiro (a) lute, e ok! Você poderá até acompanhar em alguns campeonatos, ficará com o coração na mão e brava quando ele (a) se machucar. Se você for uma pessoa que não pratica nenhum tipo de esporte, não entenderá o porquê de tanto tempo de dedicação para uma coisa que na maioria das vezes é “só um hobby”!
3) Você irá aceitar que seu companheiro (a) lute, apoiará em todos os momentos, terá muito orgulho e vai fazer questão de estar presente em todas as atividades como campeonatos, graduação, treinos especiais e seminários… se você é essa pessoa, a probabilidade de você começar a lutar em pouco tempo, é grande. Bem-vinda ao clube! Foi exatamente o que aconteceu comigo.
4) Eu era só bailarina (assim como a maioria das meninas, minha mãe me colocou na dança desde pequena) e com 16 anos comecei a namorar meu atual marido (na época, um faixa azul). O que nós tínhamos em comum? Ambos dedicavam MUITO tempo para a arte. Sabendo que isso poderia gerar conflitos, então nosso acordo foi: eu te acompanho e você me acompanha. O ballet era chato, afinal ele ficava sozinho me olhando ensaiar por horas. O jiu-jitsu era mais ou menos legal para mim, geralmente eu também ficava sozinha do lado do tatame observando “o agarra-agarra”. Ele me explicava alguns golpes, as regras e pontuações e sempre me falava sobre a importância de saber algumas coisas para autodefesa.
Por medo de me machucar, por ter vergonha e pelo modelo antigo de pensamento, onde eu só poderia me dedicar 100% ao ballet, afinal ele exigia que eu fosse magra, delicada, leve, etc, atrasei em quase 4 anos a minha primeira experiência no tatame. Mas a partir desse dia eu pude entender toda a verdade por trás da frase: depois que você entrar no tatame, não vai querer sair mais. E quanto mais você entende da arte suave, mais você se apaixona, quer conhecer, aprender e evoluir todos os dias. E quer coisa melhor do que fazer isso com alguém que você ama e admira?
Ter companhia no tatame é ótimo, principalmente quando o jiu-jitsu tem a mesma importância para os dois. Você aprende aos poucos os limites que não desrespeitam o tatame e seus colegas de treino, enxerga que independentemente do tipo de relacionamento que você tem com a outra pessoa (amizade, namoro, casamento…) lá dentro ela pode ser mais graduada e você deverá respeita-la como tal. Quando você é íntimo de alguém, também fica difícil escutar as “broncas” e atropelos, sabendo que aquilo é um aprendizado. Pode ser que quando isso acontecer você volte para casa bravo, mas com o tempo irá aprender que tudo faz parte da sua evolução como artista, afinal, o jiu-jitsu é sim uma arte.
Mas o melhor de tudo: você terá alguém do seu lado naquilo que provavelmente você mais gosta de fazer. Descobrirá o quão prazeroso e divertido é fazer o que se ama com quem se ama. Terá sempre um incentivador (a) e uma motivação para continuar na eterna estrada de evolução do jiu-jitsu.
Bom fim de semana a todos!
Leia também: