No novo anúncio da Reebok, protagonizado pela lutadora de MMA Rounda Rousey, recebemos uma mensagem pouco usual para uma marca que, junto com muitas outras, tem perpetuado estereótipos e padrões de beleza irreais. Geralmente, vemos anúncios de modelos “perfeitos”, com corpos atléticos, caras sem defeitos, cabelos arrumados etc.
Mas nessa vez foi diferente. Agora, a mensagem é: está tudo bem não estiver perfeito. Atrás da maquiagem, embaixo das roupas elegantes, nos poros da pele cheirosa, e nas raízes do cabelo dourado da Ronda, a Reebok apresenta uma guerreira que não é perfeita, que nem sempre fala o que as pessoas esperam, que nem sempre ganha, que não faz o que o público acha que vai fazer. Uma mulher como você e como eu: imperfeita, imprevisível, indomável.
O anúncio repete e apoia a luta que as mulheres constantemente firmam contra os moldes que a sociedade impõe através da mídia, e o valor que é dado a coisas como a aparência física, os comportamentos considerados “apropriados”, o status social etc. A luta contra esse ideal de mulher perfeita que para muitos deve ser: “bela, recatada e do lar”.
Há muito tempo alguém falou para mim que eu seria perfeita se fosse magra. Nesse momento, eu tinha muitos problemas de autoestima e, de forma errônea, fiquei feliz ao saber que o que me separava de ser perfeita para os outros e para mim (nessa ordem), eram alguns quilinhos. Hoje, com uma visão melhor de quem sou (em grande parte graças ao jiu jitsu), não consigo entender o que aquela pessoa quis dizer.
Será mesmo que a perfeição, se é que ela existe, pode ser medida em quilos, ou tamanhos? Será que hoje pode ser medida em “likes”? Muitas pessoas falam de mulheres que têm o “pacote completo”, porque além de serem inteligentes ou engraçadas, são bonitas. Então, aquelas que não tem alguma dessas características, não estão completas? Andamos pela rua mancando, como se nos faltasse alguma parte?
Tristemente, não é só uma questão estética, pois mesmo estando no século XXI, a balança com a qual nossa “perfeição” é medida inclui coisas como ter ou não ter marido e filhos. Em algum lugar do mundo, uma mulher não foi contratada porque é mãe solteira, em algum jantar familiar uma menina foi repreendida por falar que não quer ter filhos.
Há algumas semanas, a atriz norte- americana Jennifer Aniston escreveu uma coluna como resposta aos numerosos e irritantes rumores sobre sua gravidez. Ela diz:
“Estamos completas com ou sem uma companhia, com ou sem um filho. Nós começamos a decidir por nós mesmas, o que é belo quando se trata de nossos corpos. Essa decisão é nossa, e só nossa. Vamos tomar essa decisão por nós e para que as jovens mulheres neste mundo olhem para nós como exemplos. Nós não precisamos ser casadas ou mães para sermos completas. Nós começamos a determinar nosso próprio ‘felizes para sempre’.”
Para mim, a perfeição não existe. O perfeito não é estático, não existe um lugar para ir depois de atingir a perfeição, e isso não é natural. A natureza e nós, enquanto partes da natureza, estamos em constante movimento, sempre mudando, sempre crescendo, e nem sempre em um sentido só, pois às vezes vamos para frente, às vezes para trás. São muitos os caminhos que podemos tomar. Não somos perfeitos e não nascemos para ser perfeitos, nascemos para ser melhores do que nós mesmos cada dia. Nas palavras da Ronda: “Então sim, estou bem não sendo perfeita”.
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