São vários os motivos que podem levar um praticante de jiu jitsu a querer trocar de academia: o estilo do treino, mudança de cidade, distância, os horários que podem não coincidir com a sua disponibilidade, fofocas, assédio, etc. Mas essa prática é vista com maus olhos por muitos no mundo da arte suave, mesmo que a mudança seja justificável. Tanto que um termo foi criado especialmente para aqueles que resolvem mudar de academia: creonte!
O termo foi usado pela primeira vez no jiu jitsu, para classificar as pessoas que trocavam de academia por Carlson Gracie, quando, na década de 80, a Rede Globo exibia a novela Mandala. Na trama havia um personagem, interpretado pelo ator Gracindo Junior, e que se chamava Creonte Silveira. Mal caráter, trambiqueiro e traidor eram apenas alguns dos adjetivos utilizados para descrever o moço. Porém, a expressão tem origem na Mitologia Grega.
A justificativa para utilizar o termo é que a fidelidade ao mestre e com os companheiros de treino deveria ser um dos princípios mais importantes para os praticantes. A academia deve ser uma família e, por isso mesmo, sem possibilidade de troca. Porém, atualmente, o termo não é utilizado em todas as situações. Nos dias de hoje, há quem pense que a definição de creonte está mais que ultrapassada e que cada um tem o direito de treinar onde quer e se sente bem. Para alguns, apenas aqueles que absorvem os ensinamentos e técnicas do mestre, recebe graduações e incentivos e depois resolve trocar de academia sem um motivo razoável é que levam o título de creonte.
Para a faixa preta Erika Vilhena a palavra creonte só deve ser usada para definir a pessoa que sai da academia por ter feito algo grave, por ter sido expulso ou porque queria uma faixa que não merecia e ainda sai falando mal da academia anterior. “Mas as pessoas que mudam de academia por alguma circunstância plausível não devem ser consideradas creontes, afinal, desde que paguem a academia há a liberdade de escolha”, acredita.
O faixa preta santareno Manoel Fernandes aponta que as pessoas têm que treinar onde se sentem bem e buscar bons treinos, principalmente aqueles que querem ter sucesso nas competições. “Porém, creontismo pra mim é ingratidão aqueles que sempre te ajudaram, aqueles que te ensinaram e ao seu mestre. Gosto muito de uma frase do Ricardo de La Riva, meu mestre: quem pratica boa vontade deve estar disposto a receber ingratidão”.
O faixa roxa Rodrigo Caíres conta que já mudou de academia duas vezes. “Quando me casei, mudei a primeira vez. Depois, quando me separei voltei pra São Paulo e mudei novamente de equipe”, justifica. Uma atleta faixa azul, que prefere não se identificar, afirma que já trocou de academia algumas vezes e por motivos diferentes. “Vejo muita gente ficando em academias, infelizes por medo de serem chamados de creontes, mas na minha opinião esse rótulo tem que acabar porque o aluno sofre uma pressão psicológica horrível com isso”.
Recentemente eu mudei de academia, depois de ter começado a treinar na antiga há mais ou menos um ano. Tanto na antiga academia quanto na nova, houve pessoas que me julgaram e condenaram por esta decisão. Mas, felizmente, na nova casa foi uma reação isolada e me senti muito bem vinda. Até porque a pessoa que me apresentou ao Jiu Jitsu, minha amiga e também colunista deste site, Fernanda Erika, já treinava lá há algum tempo e para mim, ter parceiros de treino em quem você confia, que te incentivam e torcem pela sua evolução é fundamental.
No meu caso, foi um conjunto de vários fatores que pesaram na minha decisão: horário de treino, comportamentos que não concordo dentro do tatame, interferências de pessoas que não treinam na rotina da academia e o pior fator: fofoca. Odeio fofoca e desde o início, infelizmente, fui alvo disso. Apesar desses episódios, não levo lembranças ruins da academia antiga, nem intrigas, e agradeço ao mestre pelos ensinamentos, mas senti necessidade de ir para outro lugar.
E você, já mudou de academia? O que te levou a tomar essa decisão? Enfrentou algum preconceito por causa disso? Conta aqui pra gente nos comentários!
Fonte (origem do termo creonte): Muito Mais Ação Jiu Jitsu