Almeida JJ – saiba como começou um dos projetos sociais que mais forma campeões

Fala pessoal, tudo bem? Há um tempo atrás a nossa colunista Priscilla fez um post bem bacana sobre projetos sociais dentro do Jiu-Jitsu, e falou sobre o PSLPB. Dando continuidade ao tema, hoje falaremos sobre o Projeto Social Almeida Jiu Jitsu, que tive a oportunidade de conversar sobre com um de seus precursores, Diogo Almeida. Confira a entrevista:

BJJ GIRLS MAG: Como e por que começou o projeto?

DIOGO:  Eu e os meus irmãos tínhamos o mesmo perfil que os moleques que são atendidos pelo nosso projeto. Se você voltar há 10 anos atrás, eu era um moleque que vivia na rua, jogava bola, empinava pipa, era ocioso. E o perfil que a gente tinha na época era bem pior que o perfil que as crianças que estão no projeto hoje. Eu treinava de graça duas vezes por semana na Cohab, andava uma hora pra chegar lá. Lembro que para comprar meu primeiro kimono no valor de $60 eu entregava pizza, fui ajudante de pedreiros, arrumava bicicletas, vendia… nós gostávamos muito de treinar e então fazíamos o que podíamos para comprar nossos kimonos.

E então entrei na faculdade por pressão da minha mãe, afinal eu não queria parar de treinar. Ela me falou pra eu cursar uma faculdade pra eu ter um plano B, então na faixa roxa, trabalhando no shopping eu entrei na faculdade, e no primeiro semestre minha cabeça já mudou totalmente. Um dos meus professores me falou que eu tinha que fazer a diferença, e se o Jiu-Jitsu mudou minha vida, eu podia mudar a vida dos outros.

E então eu comprei um rolo de brim e mandei uma costureira costurar 10 kimonos, peguei as crianças na rua, peguei umas placas de tatame que o meu professor me deu e montei em casa, debaixo de uma árvore. Pros adultos nós cobravamos 5 reais por mês e as crianças treinavam de graça. Essas crianças que estão aí até hoje, que são campeões mundiais como Bianca Basílio, Leo Teixeira, Jackson todos são alunos meus do projeto. Eu e a minha ex namorada os levávamos ao clube aos finais de semana, levávamos pra jogar tênis… foi um trabalho monstruoso, de graça, sem ajuda de ninguém. Alguns faleceram, outros se perderam pelo caminho, mas muitos deles estão aí viajando, indo pros EUA lutar, nós mudamos muitas vidas por conta do projeto.

BJJ GIRLS MAG: Quais foram as maiores  dificuldades que vocês enfrentaram para que desse certo?

DIOGO: Há 10 anos atrás as crianças não tinham kimono, e então eu fornecia o kimono, a casa, o tatame, a energia, o tempo… O Caio depois de uns 3 anos abraçou a causa, o Gustavo… Hoje em dia bastante gente abraça a causa, e se a gente precisa de kimono, as empresas depositam, ajudam… mas na época a maior dificuldade mesmo era o incentivo, afinal fizemos praticamente tudo sozinhos, sem ajuda financeira de ninguém.

BJJ GIRLS MAG: Já tentaram “tomar” os atletas do seu projeto que se destacaram?

Algumas pessoas estavam querendo tomar um trabalho já feito, o que foi uma coisa muito feia. Depois que você já formou um cidadão, um trabalhador, uma pessoa do bem, os caras querem oferecer as coisas pra quem já está brilhando. Mas aqui graças a Deus os moleques sabem como as coisas funcionam, descobrimos rapidamente e está tudo certo.

Diogo Almeida é fundador do Projeto Social Almeida JJ em Itaquera, São Paulo e hoje dá aula em várias filiais da região. É professor da também aluna do projeto Bianca Basílio, multicampeã que já bateu um papo conosco aqui. É por essas e outras histórias que o incentivo à arte suave vale a pena. Parabéns Almeida JJ!

E você, conhece algum projeto social bacana pra contar aqui? Vou ficando por aqui e até a próxima 😉

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