Desde que o mundo é mundo, existe uma diferença absurda nos ganhos de trabalho entre homens e mulheres. De acordo com uma matéria divulgada pelo G1 em maio deste ano, hoje as mulheres conquistaram cargos de chefia e diretoria, porém com uma diferença salarial de até 30% em relação aos cargos masculinos. O motivo já é conhecido pela maioria, onde as mulheres desde sempre são colocadas com um papel menor em meio às decisões nas instituições.
E no Jiu Jitsu não é diferente: atualmente no Brasil, os campeonatos menores, Circuitos e Copas pagam cerca de 60% a menos para as atletas competidoras. Normalmente vemos valores de premiações dispostos dessa forma:
- $200 a $300 para as campeãs de absoluto faixa branca contra $600 para os campeões da mesma modalidade e faixa;
- $300 a $400 para as campeãs de absoluto faixa azul contra $800 para os campeões da mesma modalidade e faixa;
- $500 para as campeãs de absoluto faixa roxa contra $900 a $1000 para os campeões da mesma modalidade e faixa;
- $600 para as campeãs de absoluto faixas marrom e preta, contra $1000 para os campeões da mesma modalidade e faixa.
Recentemente, a IBJJF publicou que ano que vem vai pagar igualmente os atletas tanto do masculino quanto do feminino, cujo assunto já deu o que falar e também já fizemos um post sobre aqui no BJJ GIRLS MAG. A “justificativa” para essa diferença gritante é que hoje ainda existem muito poucas atletas competindo. Da mesma forma que a diferença nas premiações é grande, a diferença de homens para mulheres nas chaves também é.
Vejo por aí muitas atletas levando medalha de ouro pra casa sem ter lutado, pois não haviam mulheres inscritas para competir. Mulheres treinam tão duro quanto os homens, cortam suas unhas, arrebentam os cabelos, se expõem a mil tipos de preconceitos porque são lutadoras… sofrem no tatame porque boa parte dos homens não gostam de ser finalizados por mulheres e usam o dobro da força nos rolas com elas, entre outros tipos de dificuldades que enfrentam.
Mulheres deviam não só ganhar igualmente, como até mais – afinal são minoria e tem um espaço ainda para conquistar. Porém, uma ressalva: os valores das premiações em boa parte dos campeonatos só vão aumentar quando os organizadores começarem a ver a força da mulherada competindo – afinal mulher treinando tem, mas competindo são poucas. Muitos professores não incentivam suas atletas a irem dar as caras num campeonato, elas afirmam ter medo e fica por isso mesmo. Quem gosta mesmo de competir fica triste quando não tem nenhuma menina para fazer uma boa luta. Mulher deve ganhar sim os mesmos valores nas premiações, mas a mulherada precisa também se animar mais para as competições. Quem sabe quando começarmos a encher mais as chaves, nossas premiações não são mais valorizadas.
#lutamulherada