A atleta desta semana é a faixa roxa Michelle Assis, do professor Leandro Tatu (equipe Soul Fighters). Hoje ela vive no Rio de Janeiro, mas nasceu em Santo André (SP) e foi criada em Carangola (MG). O esporte sempre esteve presente na sua vida, mas ficou parada um bom tempo depois que entrou na faculdade. Formada em Turismo, veio trabalhar no Rio e acabou ficando. Foi onde conheceu a arte suave.
Michele malhava e fazia muay thai em uma academia que também tinha jiu-jitsu. Por curiosidade, um dia foi olhar o treino e o professor Alexandre Salgado emprestou um kimono para a aula experimental. “Em três dias já tinha certeza que era isso que faltava em minha vida.” No início, a família foi contra, por conta do machismo e com medo dela se machucar. Os amigos também, porque ela “sumiu” um pouco, devido aos treinos. Mas conta que hoje tem o apoio de todos que estão ao seu lado.
Benefícios que o jiu-jitsu trouxe
Michelle mudou completamente de vida depois do jiu-jitsu. Em termos de saúde física, foi o que a fez largar o cigarro e melhorar os hábitos alimentares. Também a deixou mais confiante e com mais autoestima. “Eu fui diagnosticada com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) e consegui controlar as minhas crises com os treinos, evitando os remédios.”
E ainda tem mais: sua vida profissional também mudou. “Meu amor pelo jiu-jitsu é tão grande que foi o que me motivou a fazer outra graduação para que eu possa viver disso, e hoje estou totalmente envolvida com os esportes.” Michelle não estava muito satisfeita, então deixou o Turismo e o ofício de Comissária de Voo.
Hoje ela está no quinto período de Educação Física. Mesmo com a correria da vida de estudante e a grana curta, ela se diz muito mais feliz que antes. “Descobri meu esporte com 29 anos, me encontrei profissionalmente após os 30. E hoje estou com 34, afirmando que nunca é tarde pra recomeçar, correr atrás dos nossos sonhos e escrever uma nova história pra nossa vida.”
Dificuldades e desafios
Ser atleta no Brasil não é nada fácil, e Michelle também sente essa dificuldade. “Gostaria de poder me dedicar ao jiu-jitsu em tempo integral! Poder treinar várias vezes ao dia, ter tempo de dormir bem, comer bem, descansar entre um treino e outro e o principal, não ter que me preocupar com dinheiro.” A atleta ainda não conseguiu lutar fora do Brasil por conta da questão financeira.
Outro problema é em relação a lesões. Passou o ano todo de 2015 treinando e parando, sem conseguir dar continuidade. “Só consegui voltar a competir no ano seguinte e aí o corpo e a cabeça sentiram. Demorou muito pra voltar a acreditar em mim mesma. Isso me rendeu resultados negativos e a vontade de procurar ajuda profissional, o que foi uma decisão muito acertada.”
Atualmente, Michelle também está voltando aos treinos agora por conta de lesão. Ela foi atropelada três dias antes do Brasileiro Sem Kimono, aproximadamente 3 meses atrás. Ela ressalta que procura sempre ver o lado positivo. Nesse caso, foi não ter tido algo mais sério e ter conseguido voltar a treinar um mês antes do previsto. “Eu me cobro muito, mas finalmente entendi que não devo me comparar a outras pessoas, mas sim procurar me superar a cada dia. Não é fácil manter esse equilíbrio, mas a terapia tem me ajudado muito com isso.”
Um desafio que a atleta comentou foi lutar os absolutos. Ela luta sempre que pode e usa como uma forma de se testar. No absoluto ela entra com a cabeça mais leve. “Eu me cobro muito. Acho que no absoluto eu consigo anular um pouco essa pressão que eu mesma coloco sobre mim.”
Rotina de treinos
Para conciliar treinos com estudos, trabalho e faculdade é preciso fazer um malabarismo. No período de férias, Michelle consegue treinar mais. Ela começou na Luta Livre para complementar os treinos para o Brasileiro Sem Kimono de 2017 e adicionou na rotina. Hoje treina de duas a três vezes na semana com o Mestre Fernando Soares. A atleta também faz preparação física 2x na semana em um estúdio de treinamento personalizado. O complemento com a musculação é de acordo com a orientação do preparador físico.
“Monto minha grade procurando manter esse volume de treinos, mas nem sempre consigo pois além das aulas eu faço estágio em três academias e dedico tempo à pesquisa no laboratório de biomecânica da universidade. Me esforço pra treinar o máximo que posso, mas as vezes o corpo grita, né? Tiro um dia pra descansar e retomo a correria no dia seguinte.”
Jiu-jitsu feminino
As mulheres cada vez mais marcam presença na arte suave, mas ainda temos bastante espaço para ocupar. “É um trabalho de formiguinha, né? Conseguir lotar os campeonatos, receber premiações iguais a dos homens. Mas acredito que estamos no caminho certo!” Michele também lembra que toda sexta-feira seu mestre abriu um horário para treino feminino e teve adesão grande das meninas e também de visitantes de outras equipes.
“O objetivo é fortalecer o jiu-jitsu feminino. Entender que podemos ser adversárias nos campeonatos, mas ajudarmos umas as outras em nossa evolução. Isso é maravilhoso! Um tatame cheio de meninas é um enorme incentivo pra que outras animem a treinar.”
Falando em competições, ela ainda acha que podemos crescer mais. Muitas vezes luta em categoria acima de peso, abaixo de idade, ou vai só no absoluto. “Acho que quando chegarmos com um número expressivo de inscrições em campeonatos ficará mais fácil lutar por igualdade. Meninas, por favor! Inscrevam-se nas competições! Vamos juntas mudar o quadro atual!”
Michelle deixa um recado a todas as meninas:
“Não desista! Se você tem um objetivo, se tem um sonho, tem que lutar por ele. Não existe milagre, existe dedicação com o acompanhamento certo. Isso é garantia de sucesso! Cedo ou tarde a estrela de quem se dedica acaba brilhando.”
Títulos e inspirações
Michelle gosta de lembrar de três títulos muito importantes. Seu primeiro ouro: Brasileiro CBJJD em 2014. O primeiro título na roxa: Brasileiro NOGI CBJJ. E o último de 2017, fechando bem o ano: Abu Dhabi Grand Slam. Em 2018, não conseguiu lutar como gostaria por causa de lesões. Mas os planos para 2019 são para os campeonatos mais importantes, como o Brasileiro GI e NOGI, Internacional de Masters e Grand Slam UAEJJF.
Suas maiores inspirações no esporte, são seu mestre de jiu-jitsu, Leandro Tatu Escobar, e o de luta livre, Fernando Soares. Quem passa conhecimento a acompanha sua luta diária. Ela também admira muito a professora Ludymila Espíndola, que comanda os treinos femininos em sua academia. “Ver uma mulher já formada no mesmo curso que eu faço, faixa preta, bem sucedida no caminho que eu espero trilhar um dia, é extremamente inspirador! O sucesso dela me motiva a continuar lutando pelos meus objetivos!”
Michelle é mais uma atleta dentre tantas que batalha muito para conquistar seus sonhos. “Sou competidora desde 2014 e amo essa adrenalina que a competição me proporciona. Graças a Deus tenho algumas pessoas e empresas que me apoiam e me ajudam a seguir adiante com meu sonho.” O BJJ GIRLS MAG deseja que a sua caminhada no jiu-jitsu seja repleta de conquistas!
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Vinicius Martins Osteopatia
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