Há algum tempo escutei de um pai a declaração de que jamais deixaria a sua filha, então com oito anos de idade, praticar jiu-jitsu. Até certo ponto seria normal se o declarante não fosse um praticante assíduo da arte suave, um faixa roxa dos bons, e não um leigo que enxerga a luta de fora e deduz que aquilo não é para ele ou sua filha.
Para a minha surpresa eu descobri que não é raro encontrar este tipo de pensamento quando se trata, principalmente, de pais e filhas. Até certo ponto seria fácil julgar um pai por não querer sua filha treinando uma luta agarrada e que nem sempre tem meninas para praticar. E foi por esta razão que, ao invés de simplesmente julgar, eu perguntei ao colega o motivo pelo qual ele não deixaria sua filha entrar no jiu-jitsu. A resposta só corroborou com a minha desconfiança: “nem todo menino sabe respeitar as meninas e eu não quero a minha filha metida com gente assim. Prefiro que ela faça um esporte que não tenha meninos agarrando ela”.
Confesso que não pude reagir de imediato, porque apesar de reconhecer os infinitos benefícios físicos e mentais e até sociais que o jiu-jitsu proporciona aos praticantes, e de saber que a mulher vem conquistando cada vez mais espaço em relação ao que se percebia nos primórdios do jiu-jitsu, ela ainda é alvo de preconceitos, assédios e injustiças de toda ordem dentro do tatame.
Ora, mas quem seria eu se ficasse calada diante dessa declaração? Virei-me para o pai desconfiado e questionei sobre o que o jiu-jitsu representava para a vida dele. Ele, de bate-pronto, relatou todas as coisas positivas que o esporte lhe trouxe e do quanto ele evoluiu como ser humano a partir da prática diária.
Eu perguntei se ele não desejava todas essas coisas boas para a filha e como seria se ela optasse por praticar o jiu-jitsu, independentemente da opinião dele. Ele declarou, suspirando, que não teria como evitar, pois se fosse o desejo dela, ele teria que apoiá-la e protegê-la da melhor forma possível.
Mencionei uma frase de domínio público que afirma: “toda menina deveria saber um pouco de jiu-jitsu”, e até um leigo consegue entender o motivo desta afirmação se simplesmente observar a sociedade em que vivemos.
Então o pai, antes irredutível, abriu um sorriso, e a partir daquele momento percebi que mais uma mente foi expandida e que o jiu-jitsu é mesmo essa suave arte de moldar as pessoas para a vida, por mais injusta que ela seja.
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