O grande filósofo Nietzsche já dizia: “O que não me destrói, me fortalece!”. Atentando-se para essa máxima e minha experiência com arritmia cardíaca, parti em busca de um melhor condicionamento cardíaco. Durante esta busca, eis que encontro os denominados treinos cardiorrespiratórios de alta performance, em que há o reforço do funcionamento cardiovascular e aumento da capacidade pulmonar.
Devido a nascermos respirando, nunca observamos o quanto a boa e adequada respiração é importante na prática de atividades esportivas. Além de proporcionar a troca gasosa, oxigênio e gás carbônico, conforme aprendemos lá na escola, ela também nos garante melhor resposta durante o treino. Pois quando praticamos o jiu-jitsu ou qualquer outra atividade física, nosso organismo necessita de mais oxigênio O2, produzindo mais CO2 e exigindo assim, mais de capacidade respiratória.
É importante ressaltar que o trabalho dos pulmões é sempre em trabalho mútuo com o coração, um exigindo do outro, em plena harmonia, visando garantir a oxigenação ideal de cérebro e músculos. Assim, aprendi que a saúde dos sistemas respiratório e cardíaco, além de proporcionar um bom funcionamento do organismo como um todo, também garante aquela boa performance que tanto queremos em competições e treinos. Esse bom funcionamento nos aumenta a longevidade, garantindo a melhora no desempenho, a diminuição do cansaço e da fadiga (este é um dos meus principais objetivos) e a maior resistência.
Devemos nos lembrar de que alcançaremos os objetivos deste tipo de treino, se realizarmos as atividades assistidas por bons profissionais da área, e tivermos a certeza de que o coração assim como todo o músculo necessita de treino gradual para garantir uma real e efetiva evolução. Cada organismo tem as suas singularidades, mas os princípios deste tipo de treinamento podem ser aplicados a todos, desde que respeitadas a aptidão e a capacidade física de cada indivíduo.
Contrariando minhas antigas concepções, aprendi que para garantir “o gás” nos treinos de jiu-jitsu é necessário mais que a força de vontade (tentar vencer os meus limites a qualquer custo). Exige-se um treino específico que tenha o objetivo de fortalecer a base de qualquer atleta, ou seja, um fortalecimento cardiorrespiratório. Mas quais atividades “extra jiu-jitsu” praticar? Existem diversas atividades como corrida, natação, ciclismo entre outros.
Eu optei pela prática do spinning (ciclismo de alta performance com bicicletas fixas) com o objetivo de um recondicionamento cardíaco pleno. É um treino muito interessante, pois eu não pedalo livremente, sem atenção e pensando nos acontecimentos do dia. Tenho que manter o meu ritmo cardíaco naquele patamar ditado pelo professor e isso não é fácil! Nas primeiras aulas, o coração parece aqueles cavalos indomados, que correm em campo aberto, inteiramente sem limites. Ora os batimentos eram altos, ora baixos e quase nunca em cima da meta do momento. E eu tenho que segurar aquele antigo hábito de treinar até a exaustão, porque, o real objetivo geral é melhorar a saúde com evoluções gradativas.
Disseram-me (alunas e o professor) que irei conseguir sim domar o coração rebelde, além de retomar os meus treinos de jiu-jitsu e melhorar o meu desempenho. Então estou firme nesta nova atividade, bem diferente de tudo que eu conhecia e respeitando os limites impostos pelo meu corpo. Lógico que treinarei com paciência e persistência, superando os limites, agora com segurança.
Escrevo esse artigo, para demonstrar aos praticantes de Jiu Jitsu, que, muitas vezes, treinamos buscando o máximo, esquecendo-se de que este patamar deverá ser obtido gradualmente, para que tenhamos a excelência, sempre com saúde e segurança. Observem vocês, que muitas vezes, os mais técnicos e fortes lutadores por mais preparados que estejam, em algum momento da luta, da competição ou de sua vida, padecem de alguma falha na capacidade cárdiorrespiratória, exatamente porque não buscam esse condicionamento específico.
De minha parte, treinarei de agora em diante, preparando minha capacidade cardiorrespiratória com disciplina, paciência e perseverança, porque, quando retornar ao jiu-jitsu, eu poderei fazê-lo em grande estilo, inclusive, melhor do que antes. Assim, mais uma vez, direta ou indiretamente o jiu-jitsu, essa arte marcial que tanto amo, me ensina não apenas a arte da luta, mas, também a arte da vida. OSS!