Fala, galera! Recentemente eu ando vendo a galera do jiu-jitsu usando uma máscara um pouco “estranha” nos treinos de preparação física. Curiosa que sou, decidi comprar. Trata-se da máscara de treinamento em altitude, mais conhecida como elevation training.
Esta máscara tem a capacidade de restringir a quantidade de oxigênio do atleta de alto rendimento, forçando-o a melhorar seu desempenho para continuar no ritmo. Isso acontece quando o organismo se vê com pouco oxigênio, e promove um metabolismo alterado no músculo e o aumento de hemoglobina e células vermelhas no sangue.
Ou seja, como o corpo humano é autorregulador, ele rapidamente se adapta a este “novo cenário” através do aumento do tamanho das células, melhorando o funcionamento do músculo e, em consequência, a capacidade de recuperação fica mais rápida durante os exercícios cardiovasculares.
Porém, se pararmos para analisar, esta máscara apesar de restringir a capacidade respiratória, não tem os mesmos efeitos fisiológicos do treinamento em altitude. Vamos entender porquê.
Em lugares com mais de 1600 mts acima do mar, teremos uma redução significativa da quantidade de O2 na atmosfera.
Dessa maneira, de acordo com o Dr Dr. Andre Lopes (Professor, palestrante, escritor e cientista), em altitude a redução da quantidade de O2 faz com que a PO2 (pressão de oxigênio) alveolar seja reduzida – por consequência, o transporte de oxigênio para o sangue é bem menor. Essa queda de O2 no sangue faz uma sinalização importante em nível renal – passamos a produzir e liberar um hormônio conhecido por EPO – Eritropoietina, que tem o papel de estimular os órgãos hematopoiéticos a produzir mais hemácias (células do sangue) – em poucas palavras – a altitude promove a produção de mais células de sangue.
Dessa forma, a nossa capacidade oxidativa muscular fica otimizada, o que dá uma grande vantagem em competições de longa distância. Ou seja, o treinamento real em altitude funciona para melhorar o condicionamento físico.
E quanto à máscara de treinamento em “altitude”? Ela realmente dificulta a ventilação. Mas de forma alguma isso afeta a pressão de oxigênio atmosférica. Por isso, não há processo adaptativo! Mesmo que houvesse, no resto do dia o atleta estaria usando a máscara? Então, durante as “23 horas” subsequentes ele está num ambiente que não provocaria adaptações, muito diferente de um atleta que realiza uma fase de preparação em altitude verdadeira.
Eu usei a máscara durante duas semanas e não senti melhora no meu condicionamento físico. Meu “gás” continua o mesmo, meu rendimento nos treinos também, e eu não estava entendendo o porquê. Bom, está aí a explicação, e se você está pensando em gastar quase R$100,00 neste equipamento, a minha sugestão é que guarde para algo mais útil para os seus treinos.
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