Baiana, 34 anos, administradora, faixa preta em jiu-jitsu pela First Fight Center, líder de vários projetos femininos, Bárbara tem uma história linda e inspiradora.
Aos 29 anos, descobriu que estava com câncer de mama. Era jovem, atleta e até então acreditava que levava uma vida inteiramente saudável. Com a chegada do diagnóstico, a drástica e necessária mudança de hábitos surgiu. Após ganhar 20 kg durante o tratamento, perder as duas mamas e os cabelos, Bárbara pôde experimentar da solidariedade e do incentivo de seus companheiros de treino. Os mesmos, sabendo da importância do cabelo para a sua autoestima, decidiram raspar suas cabeças também em um gesto de apoio para com a atleta.
Durante seis meses fez quimioterapia semanalmente, logo após as sessões, Bárbara buscava e encontrava no tatame o refúgio e a força para vencer mais essa desafiadora batalha.
Bárbara conta que, entre a descoberta e o início do tratamento o tamanho do seu nódulo dobrou, já que quando descoberto apresentava 3cm e no início do tratamento já chegava a quase 6cm. Ela sabia de algo: o câncer estava se espalhando rapidamente. Para ela, durante todo o tratamento o que mais lhe preocupava era a retirada das mamas, já que os seios podem representar a “feminilidade” da mulher. Após a retirada e a reconstrução das mamas, Bárbara afirma: “Estava preparada para coisa pior!”
Será que a influência do jiu-jitsu, os anos de prática da arte suave, o amor e companheirismo dos amigos, família e irmãos de tatame, prepararam Bárbara para as situações duras que a vida lhe iria propor? A chegada dela na academia após a queda dos cabelos foi algo que lhe fez pensar o quanto sua vida era valiosa para aquelas pessoas que lhe acompanhavam e enxergavam nela um grande potencial. No telão, seus amigos foram apresentados em um vídeo que os retratava raspando suas cabeças e homenageando Bárbara. No mesmo instante, a atleta retirou de sua cabeça o lenço, vestiu o kimono e entendeu que aquela seria mais uma finalização que ela aplicaria, mais uma vez, ela demonstraria o quão forte é e o quão abençoada foi.
Bárbara Matos não é só mais uma que entrou pra história do jiu-jitsu, ela representa também a força e garra da mulher dentro do tatame, o respeito e a disciplina. A coragem e ousadia de uma atleta, a fragilidade da mulher casca grossa diante da natureza e a força de vontade que nos tornam incríveis seres diante de um mundo de dificuldades e obstáculos a serem superados, dia após dia. Jamais entenderemos o motivo de algumas situações em nossas vidas, jamais seremos capazes de compreender qual a glória que nos sobrevirá após a incansável batalha, o mesmo aconteceu com ela. Embora não soubesse as estratégias do adversário, formulou seu jogo, arquitetou sua vitória, utilizou todos os métodos que lhe era possível, treinou suas técnicas e enfim venceu para servir de inspiração, de exemplo, de motivação!
Aos 34 anos, Bárbara continua em tratamento até 2023, só que hoje possui uma vida totalmente modificada, uma educação alimentar e treinamento físico impecável, uma rotina bem diferente e muito mais ocupada já que atualmente ela lidera projetos de conscientização e prevenção do câncer de mama. É instrutora de jiu-jitsu e tem uma turma exclusivamente feminina! Ela ressaltou o quanto foi importante o diagnóstico precoce e o quanto suas chances de cura foram grandes por ter iniciado o tratamento de imediato, por isso, a importância dos exames e do auto-toque.
O mês de outubro é inteiramente dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, pois quanto mais rápida for a descoberta, maiores são as chances de vencer essa batalha. Outubro Rosa: mulher, prove que se ama e toque-se!
“O cabelo cresce e a vida continua! Afinal, existe vida após o câncer.” – Bárbara Matos.