Fala, galera! A entrevista de hoje é com ninguém menos que a campeã mundial Ana Carolina Vieira, a Baby, recém chegada na faixa preta, da Gf Team do Rio de Janeiro. Baby contou pra gente sua trajetória no esporte, sobre seus títulos e muito mais. Confira!
O primeiro contato da Baby com o jiu jitsu foi aos 14 anos, por causa de seu irmão, Rodolfo Vieira (campeão mundial e hoje atleta de MMA), e segundo ela, era gordinha e treinando daria tempo de perder peso para os seus 15 anos, mas ela não se deu muito bem por ser a única menina do treino, ficava muito dolorida e acabou não indo mais. Então, com 17 anos ao ver seu irmão lutar a Seletiva do World Pro em Campo Grande, percebeu a energia boa dos campeonatos, toda a família torcendo, ficou curiosa e resolveu treinar para competir. De início, Rodolfo não acreditou muito, por ela já ter entrado e saído quando mais nova, mas ela botou na cabeça que queria e seguiu em frente. Então em 2011, no Campeonato Brasileiro de Jiu Jitsu Olímpico da CBJJO, quando ela lutou pela primeira vez, pensou que era isso mesmo que queria pra sua vida, naquele momento ela pensou: “quero seguir a carreira de atleta”.
Sobre as mudanças que o jiu jitsu trouxe em sua vida, ela diz que antes do esporte ela era um pouco rebelde, saía escondido, bebia, e então seu irmão conversou com ela, disse que se ela quisesse mesmo ser campeã, atleta reconhecida, ela teria que mudar seus hábitos, teria que abdicar de muitas coisas. E então ela foi cortando as saídas dos fins de semana, as bebidas, ficando mais em casa, vendo tv, e quando sai, é uma coisa bem tranquila como ir ao shopping por exemplo.
Sobre as dificuldades que enfrentou, ela diz que as lesões são a pior parte. Ela diz ficar super de mau humor pela falta dos treinos, principalmente quando lesiona próximo ao campeonato. Baby ficou 8 meses parada por conta de uma lesão no ombro.
Sobre sua posição favorita, obviamente é passagem de guarda e a finalização, o estrangulamento.
Em relação aos treinos, ela faz musculação de manhã quatro vezes na semana, e descansa na quarta. O jiu jitsu ela pratica todos os dias, mas três vezes na semana tem o treino principal no Méier, matriz da GfTeam, onde, segundo ela, “é o treino de porrada”, e duas vezes na semana o treino é na Sk2, em Campo Grande, onde faz treinos específicos, drill e rolas mais “soltos”… “às vezes nem tanto, kkkk mas é basicamente isso!”
Sua alimentação é bem tranquila, sem muitas restrições e tem até refeição livre num dia da semana, na qual ela pode comer o que quiser. Antes do mundial, ela começou um acompanhando com o nutricionista Miguel Vieira e sentiu uma melhora absurda, porque quando fazia por conta própria ela quase não comia e não conseguia baixar o peso. “Era horrível, agora com ele tá ótimo!”.
Sobre preconceito, ela diz que a galera sempre acha que atleta é vagabundo e faz aquela pergunta “mas você só faz isso?”. É chato”, ela diz. Sua família aceitou bem, no início queriam que ela fizesse faculdade e tudo mais, só que ela disse que iria se dedicar somente ao jiu jitsu. Depois acabaram aceitando, além disso, diz que o fato de seu irmão ter obtido sucesso acabou ajudando nessa aceitação.
Sobre os seus títulos, ela conquistou nada menos que os dois mundiais este ano: World Pro e Mundial IBJJF, em seu primeiro ano atuando como faixa preta. Sobre o mundial da IBJJF, Baby lutou de médio e fez a final com a até então campeã Monique Elias, em uma luta na qual Monique chamou para a guarda e dificultou muito nos primeiros 7 minutos, mas Baby com seu jogo de passagem eficiente e paciente, passou, chegou na guarda fechada, raspou, passou novamente, montou e ainda encaixou um katagatame faltando 18 segundos para o fim da luta, somando uma pontuação de 12×0 contra a atleta da Alliance.
Em relação a lesão que sofreu no ombro, ela diz que serviu muito de aprendizado. Ela lembra que não respeitava seu corpo, achava que podia fazer tudo, não tinha ninguém pra me dizer que tava errado a forma que estava treinando. Quando teve que passar pela cirurgia, ela percebeu que poderia ter evitado se tivesse se cuidado antes e isso acabou abrindo seus olhos. Hoje ela diz respeitar muito mais o seu corpo, afinal nunca mais quer passar por isso. “O processo pós cirúrgico foi muito difícil, o psicólogo ficou muito abalado, foram oito meses sem treinar, perdi as principais competições e eu pensei que não voltaria a treinar da mesma forma, mas graças a Deus hoje estou 100% recuperada.”
Seu objetivo agora é conquistar o bi campeonato mundial, nas duas grandes competições de Abudhabi e Califórnia.
“Graças a Deus realizei meu sonho de me tornar campeã mundial na preta e foi uma sensação indescritível, tô até agora sem acreditar.”
Seus maiores ídolos no esporte são o seu irmão Rodolfo Vieira e o Leandro Lo, a Michelle Nicolini, Bia Mesquita e a Ana Laura Cordeiro.
Sobre o Rodolfo, ela diz que sua relação com ele é ótima, sente muita falta dele nos treinos: “Era incrível ter ele comigo. Até hoje ele me ajuda e me corrige via whatsapp kkkkk manda videos dizendo o que eu tenho que fazer, é engraçado!” Ela diz que nunca sofreu pressão da parte dele, ele só a cobrava de treinar muito e sempre buscar a finalização, e diz ser muito grata por ele ter lhe ensinado isso. Sobre sentir a “pressão” de ocupar o posto de irmã do multicampeão, ela diz que: “Acho que pressão das outras pessoas finalmente acabou, eu não sinto mais.”
Baby conta também que seu apelido é por causa do personagem Baby, da família Dinossauro. Ela diz que seu pai lhe deu este nome carinhoso porque era muito colada em sua mãe, e quando ele queria pegá-la no colo, ela não ia, como fazia o personagem do seriado. 😀
E ela deixa uma mensagem pra toda a galera do jiu-jitsu:
“Então, agradeço a todos que me seguem e curtem a forma como luto e não tem mistério. É dar tudo de si nos treinos, priorizar os específicos e os drills que são tão importantes quanto o treino de rola e não desistir. Nem sempre as coisas acontecem no nosso tempo, mas a persistência e trabalho duro vão fazer você chegar onde quer.”
A equipe Bjj Girls Mag agradece pelo bate papo, e desejamos a você muito sucesso e prosperidade no esporte. Obrigada, Baby!