As polêmicas premiações femininas

Não é novidade que todos os dias mais pessoas começam a praticar jiu-jitsu. Com o crescimento da arte, está cada vez mais comum pessoas vivendo da luta e, consequentemente, mais pessoas buscando seu espaço. Como todo profissional, o atleta precisa de dinheiro para manter os treinos, alimentação e gastos de competição. Como o número de atletas cresce, cresce também o número de organizações e campeonatos. Uma forma de atrair tais atletas são as premiações em dinheiro, premiações essas que costumam muitas vezes decepcionar as meninas.

Quando vejo as premiações femininas e masculinas a primeira pergunta que me vem a cabeça é: um campeão faixa preta adulto masculino tem o mesmo peso que um campeão faixa preta feminina? A resposta obviamente deveria ser sim, mas olhando as premiações para tais categorias vemos que não. Um detalhe interessante é que a nossa inscrição não é menor! Você pode pensar, “obvio, por que a inscrição seria menor para mulheres? Não é justo”. Ok, pode não ser justo, mas é justo pagarmos o mesmo valor, treinarmos da mesma forma e ganharmos premiações muito menores? Isso também não é justo.

Além disso, as mulheres não gastam menos dinheiro ou se dedicam menos do que os homens. Essas mulheres abrem mão de muitas coisas para se dedicar ao jiu-jitsu competitivo e merecem o mesmo respeito e reconhecimento. Além de todo esforço para ser uma atleta no Brasil, as meninas ainda tem que lidar com o preconceito e a falta de apoio. Para apoiar iniciativas como essas, a atleta faixa preta Dominyka Obelenyte encabeçou um importante movimento chamado Equal Pay for BJJ. A partir dele ela pretende levantar a bandeira e chamar a atenção para os organizadores de evento para esse fato de que, sim, as mulheres ainda são premiadas de forma menor e mais injusta do que os homens.

Pois é, do outro lado dessa balança temos os organizadores de campeonato. Quem leu até aqui no nosso texto deve estar com raiva dos organizações e pensando que os campeonatos têm por obrigação pagar o mesmo prêmio. Sim, todas nós torcemos por isso, mas avaliando a situação mais a fundo e escutando o relato de organizadores conseguimos ter uma visão melhor desse empasse. Se por um lado o jiu-jitsu feminino tem crescido, nem sempre esse aumento é percebido nos campeonatos.

Muitas organizações e campeonatos grandes têm apresentado categorias vazias, situação que já testemunhei algumas vezes. Para lutarmos, muitas vezes, temos que fazer malabarismos pelas divisões de peso para conseguirmos fazer nem que seja uma luta. Desta forma, os organizadores justificam que o número pequeno de mulheres acaba não sustentando uma maior premiação. Já presenciei também campeonatos em que a premiação para as mulheres era até bem atraente e mesmo assim a quantidade de meninas inscritas era pequena, e a quantidade de inscritas nos absolutos, onde estava concentrada a quantia em dinheiro, era menor ainda.

Analisando essa realidade percebo que lutar por uma premiação é extremamente necessário para que uma presença menor de mulheres nos campeonatos não seja apenas uma desculpa das organizações. Porém mais importante que isso seria tentar alcançar mais meninas para que a gente consiga aumentar a quantidade de participantes também. A forma mais fácil de fazer isso é alcançando as meninas da nossa academia. Conversar e incentivar aquelas que têm vontade de competir e contar as experiências legais de campeonato.

Outra forma é conversar com as suas “adversárias”, criar vínculos, adicionar nas redes sociais. Desta forma, você pode sempre estar convidando para eventos e trocando figurinhas sobre campeonatos, fora que, corre menos risco de não ter luta. Não devemos também deixar de pressionar as organizações claro. Podemos usar as redes sociais para incentivarmos os eventos a aumentarem as premiações e sugerirmos forma de atraírem mais meninas fazendo-os entender a importância das lutadoras.

Estamos todas nessa “briga” e depende um pouco de cada uma de nós fazer o jiu-jtsu crescer. Se por um lado isso pode ser muito difícil, por outro temos a oportunidade de contribuir um pouco com o jiu-jitsu feminino e torna-lo cada dia melhor. A nossa participação ativa pode fazer toda a diferença no futuro da arte.

 

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