O jiu-jitsu, como toda arte marcial, requer anos de prática e dedicação para se alcançar a excelência técnica. Por esta razão, um professor ou professora da arte suave devem sempre ser pessoas muito qualificadas a fim de que o processo de ensino-aprendizagem não seja jamais comprometido.
Se para quem pratica o jiu-jitsu o tempo e experiência de tatame é fundamental, imaginem o tempo e experiência que são (teoricamente) requeridos àqueles que ensinam esta arte marcial. Esta é uma razão pela qual o jiu-jitsu ensinado online é, na opinião deste colunista, falho. Mas com o tempo veremos os(as) faixas pretas formados neste sistema, assim como o tipo de aula que estas pessoas virão ministrar, bem como os estudantes que irão formar. Contudo, isto já foi assunto de outro texto.
No meio do caminho, entretanto, encontramos os(as) benditos(as) instrutores(as) e suas ajudas sempre bem-vindas! Mas o que é preciso para se tornar instrutor(a)? Qual papel estas pessoas desempenham? Qual sua importância? Bem, vamos falar um pouco mais sobre esta questão!
Instrutores(as) são pessoas que tradicionalmente já estão pelo menos na faixa roxa (marrons também) e que são treinadas e capacitadas para auxiliarem o(a) professor(a). De acordo com a tradição, não há instrutores(as) faixas azul, mas algumas academias aceitam desde a faixa azul enquanto outras somente na marrom. A Gracie Barra, por exemplo, certifica instrutores desde a faixa azul e coloca como requisitos de um curso (pago) de formação de instrutores:
Completar 100% de cada um dos 10 cursos; Acertar 70% das questões de cada um dos testes de múltipla escolha ao final de cada curso; Atividades práticas: instrutores faixa azul, roxa e marrom precisam ajudar em pelo menos 7 aulas de criança, ajudar em pelo menos 7 aulas Fundamentais; ensinar pelo menos 4 aulas de criança sob supervisão e ensinar pelo menos 4 aulas fundamentais sobre supervisão”.
Aqui já vemos uma questão polêmica. Será que um faixa azul já tem experiência e conhecimento suficientes para ensinar jiu-jitsu? Qual a sua opinião? Mas vamos em frente!
Um(a) instrutor(a) deve ser formado(a)! Tal qual um(a) professor(a) também o é! Mas se hoje em dia observamos deficiência na formação de profissionais qualificados o suficiente para o ensino da arte suave, muita mais isto pode ser observado na formação de instrutores(as). Uma academia poder formar instrutores(as) é um privilégio e demonstra o quanto tal local é preocupado com o futuro da nossa arte marcial.
É importante se compreender que o papel dos(as) instrutores(as) é de auxiliar. Novamente: auxiliar! A transmissão do ensino nunca deve ser terceirizado para estes(as) auxiliares. A responsabilidade é sempre do(a) faixa preta cuja presença é consecutivamente obrigatória no tatame. Portanto, se você está nesta condição auxiliando a aula, você deve lembrar do seu papel e não extrapolá-lo de maneira alguma.
Nisto, já podemos ver um problema atual do ensino-aprendizado do jiu-jitsu, ou seja, pessoas que ainda não chegaram na faixa preta, mas que estão ministrando aulas como responsáveis por estas. Em muitas localidades parece não haver faixas pretas disponíveis para ensinar a arte suave. Mas casos de excepcionalidade devem ser tratados como exceções. Pessoalmente, já tive aula ministrada por um faixa azul quando visitei uma academia em uma grande capital do país. E a aula ainda foi cobrada. Quando instrutores(as) são responsáveis por ministrar aulas sem a presença de alguém já graduado(a) faixa preta é que vemos a distorção dos valores. Lembrando que situações de excepcionalidades acontecem e, nestes casos, é compreensível.
A questão da didática também é muito importante quando se fala de instrutores(as) de jiu-jitsu. Ser um(a) bom(a) lutador(a) não torna a pessoa um(a) bom(a) instrutor(a). Ensinar requer didática. Ensinar também requer humildade, assim como para aprender. Um(a) praticante que faz rolas duros não necessariamente saberá transmitir o seu conhecimento para outras pessoas. Esta capacidade pode sim (e deve) ser treinada. Mas se vemos professores(as) com formações deficientes, quanto mais instrutores(as). E, por esta razão, precisamos investir cada vez mais na formação de bons(as) instrutores(as), pois estas pessoas provavelmente serão aquelas que ministrarão aulas de jiu-jitsu como responsáveis por esta.
Um aspecto final que é preciso abordar é o da paciência. Paciência relacionada com os possíveis erros que um(a) instrutor(a) irá cometer para aprender este ofício. Se faixas pretas se equivocam e não sabem tudo, muito mais pessoas ainda em formação. O admirável nestas pessoas em formação é a sua disposição e disponibilidade em aprender e, por isto, sua importância é tão grande! Lembrem-se que estas pessoas não são tão iniciantes no jiu-jitsu e, em princípio, já têm alguns anos de experiência (exceção aos(as) faixas azuis que não deveriam exercer ainda este papel). E os(as) instrutores(as), com certeza, já ensinaram muitas coisas boas para muitos(as) estudantes. E por isto fica aqui nossa declaração de apoio e admiração para tais pessoas que estão visando o futuro do jiu-jitsu.
Encerro aqui dizendo um pouco da minha experiência pessoal. Atualmente, sou faixa azul e no final do ano (provavelmente) serei roxa (se assim meu Professor Rodrigo Bicudinho da Black Team de Brasília entender). Eu conversei com meu professor e expressei a vontade de que ele me formasse um instrutor quando eu tiver graduação suficiente para tal. Recebi todo seu apoio e a certeza que ele irá sim me preparar para um dia, além de instrutor, ser um professor. Fica registrado meu agradecimento! E também para aqueles que têm pressa o pedido de que não tenham. Nosso tempo irá chegar!
Caros(as) leitores(as), deixe-nos suas experiências e opiniões sobre este tema e sobre outros que vocês gostariam de ver em nossa página! Sua opinião é benvinda e importante para nós!
Bons treinos! Oss!