Todos nós temos a nossa rotina de cuidados pessoais, mas quando começamos a praticar o jiu-jitsu as coisas mudam um pouco. As unhas nunca mais deverão estar grandes, a pele precisará de mais atenção porque vez ou outra estará ressecada e com a sensação de que está “esticando”, e a saúde da pele depende também da higiene do tatame e do kimono, e este nunca deve ser tratado como roupa comum. Ainda tem a faixa, um caso à parte. Este post é resultado de dicas dadas a algumas pessoas que, quando iniciam no jiu-jitsu chegam cheias de dúvidas sobre o assunto. Meus caros saibam vocês não estão sós!
Comecemos pelo banho nosso de cada dia. Todos nós temos uma relação íntima com o sabonete, seja ele líquido ou em barra e quando começamos a praticar o jiu-jitsu ele passa a ter uma função maior do que a de apenas limpar e perfumar a pele, mas também de “desinfetá-la”. A mistura de suores entre você e seus parceiros de treino, agregada ao atrito da pele no kimono e no tatame podem trazer danos irreparáveis a ela, inclusive alergias que são um transtorno difícil (e caro) de ser tratado. O jiu-jitsu é tão bom que até “esfolia” a pele – risos –, mas os treinos diários acabam ressecando-a demais, por isso, além de um bom sabonete tenha também um bom hidratante para ajudar a recuperar a sua pele.
Outro item é o tatame, e todo responsável por academia deve saber que existem produtos específicos para limpá-lo e que nem sempre vale a pena usar aquele desinfetante super perfumado ou a água sanitária que podem até causar alergia na pele ou irritação nas vias aéreas dos alunos. Existe no mercado uma diversidade de tatames fáceis de limpar e produtos específicos para tal, mas de nada adianta o desenvolvimento de bons produtos se não soubermos usá-los.
Para limpar os tatames o ideal é uma boa varrida seguida de um pano que não solte fiapos, ensopado com detergente neutro que deve ser passado com o auxílio de um rodo por toda a extensão do piso sagrado. Se o tatame está muito sujo e não for fixo (como os tatames de lona com pó de pneu embaixo), pelo menos uma vez por semana faça uma lavagem com água, detergente neutro, escova e deixe os blocos secarem à sombra e em local ventilado.
A faixa – ah, a FAIXA! – que bom seria se ela se “autolimpasse”, porque nenhum praticante de jiu-jitsu que se preza lava a faixa com frequência, e eu me nego a dizer pra você lavar a sua, pois nem eu lavo as minhas. Pule essa parte e vamos ao kimono.
E aqui estamos na armadura, o manto sagrado, o ser supremo, o pessoal e intransferível, o todo poderoso e quase nunca barato KIMONO, que, apesar de ser grosso precisa de cuidados especiais e não deve ser lavado de qualquer forma. Para quem pode, o ideal é ter mais de uma armadura e revezar o uso durante a semana, mas diante da impossibilidade é bom ter em mente que a falta de lavagem do kimono entre uma semana e outra faz com que ele acumule ácido úrico no tecido, que além de corrosivo facilita a proliferação de ácaros, fungos, bactérias, e pode levar a doenças graves na pele, tanto em você como em seus companheiros de treino, fora o cheiro que pode ficar insuportável. Somados, esses itens juntos reduzem muito a vida útil do seu kimono. Durante a semana, após os treinos, estenda-o em local com sombra e ventilado e nunca esqueça ele abafado na mochila ou no porta-malas do carro. Seja mais responsável com o seu manto sagrado.
Se for lavar o seu kimono à mão, seja com sabão em barra ou em pó, use sempre água fria e uma escova que não destrua a fibra, macia, mas resistente. Deixe-o de molho na mistura água/sabão por algum tempo para “amolecer a sujeira” (nunca de um dia pro outro) e escove o suficiente para retirar todas as impurezas e possíveis manchas. Repita a ação sempre que necessário. Na máquina de lavar, use somente o sabão em pó e obedeça as regras do equipamento para o tipo de tecido. Para finalizar, enxágue com bastante água e coloque para secar à sombra, já que o sol também modifica a estrutura do tecido e deixa o kimono áspero.
IMPORTANTE: nunca, jamais, never, nem sob tortura, adicione alvejante com cloro na mistura para qualquer uma das formas de lavagem, pois ele torna a fibra mais frágil, e seu kimono poderá rasgar com mais facilidade. Em alguns casos, pode-se usar bicarbonato de sódio e “alvejantes seguros”, e a Internet está cheia de tutoriais sobre o assunto. Não se esqueça de verificar as orientações de lavagem que vem no seu kimono. O uso do amaciante é opcional, só não exagere na dose.
Bem, esses conselhos são uma contribuição de alguém apaixonada pelo jiu-jitsu, que o pratica há mais de 18 anos, que tem mais kimonos no guarda roupa do que “roupas normais” (alguns com mais de 7 anos de uso e em perfeito estado, mesmo com os treinos diários), que já pisou em vários tipos de tatame e que não lava a faixa por falta de higiene, mas por pura tradição, afinal, sou old school – risos.
Espero que ajude vocês. Qualquer outra dúvida, estamos por aqui.