O jiu jitsu brasileiro pode ser considerado um ecossistema no qual o tatame é nosso habitat, e a energia e o conhecimento são trocados entre nossos parceiros, professores e nós. Uma das primeiras coisas que aprendemos sobre a evolução é que só os mais fortes sobrevivem, insinuando que a competição está acima da cooperação, porém podemos ver na natureza que a cooperação também resulta na supervivência das espécies. Hoje vamos falar sobre como bons parceiros de treino podem ajudar os outros a evoluir no BJJ, tendo também como resultado nossa própria evolução.
A cooperação acontece quando grupos, sendo das mesmas espécies ou de diferentes espécies, trabalham em parcerias para obter benefícios mútuos. Em nosso ecossistema, cooperamos quando praticamos técnicas ou lutamos em duplas, por exemplo. Nossa colaboração consiste em emprestar nosso corpo para ele, que é nosso parceiro possa repetir uma sequência de movimentos e testar sua eficiência a fim de ajustar seu estilo. Nós nos beneficiamos disso porque, além de ter a oportunidade de usar o corpo dele com o mesmo propósito, ganhamos conhecimento sobre como nosso corpo sente ou reage a certos movimentos ou técnicas.
Porém, como é de nosso conhecimento, essa troca depende muito de como nós e nossos parceiros estamos envolvidos naquilo que estamos fazendo. Sem dúvida, você já tem testado na prática e no rola uma técnica com alguém que esteve distraído, alguém que não calava a boca, ou alguém que fez força demais.
Nós, na BJJ Girls Mag, não gostamos de estereótipos, mas hoje fizemos uma lista de alguns dos piores tipos de parceiros que às vezes encontramos nos tatames, alguns hábitos ruins deles, e as poucas vantagens de treinar com eles.
- O Preguiçoso: o nome diz tudo. A postura deles é muito solta, como macarrão. Enquanto tenta fazer um movimento, não sente a menor resistência por parte deles, o que lhe dará uma falsa sensação de confiança. Eles são muito distraídos e não gostam de se esforçar. São aqueles que sempre perguntam para o professor o número exato de repetições ou aqueles que ficam sentados após testar a técnica uma ou duas vezes. A única vantagem desse tipo de parceiro é o seu silêncio.
- O Sabe-tudo: eles acham que sabem TUDO. Qualquer técnica que você fale, eles viram no YouTube. Durante os treinos, eles vão ignorar os detalhes que o instrutor passa, como as pegadas ou posturas, e vão fazer do jeito que eles acharem melhor. Eles exigem seu silêncio, atenção e boa postura, mas no seu turno de treinamento eles vão lhe parar a cada cinco segundos para explicar os seus erros. Além disso, eles têm o péssimo hábito de também fazer isso nos rolas, o que impede a fluidez na luta. As vantagens desse tipo de parceiro é que às vezes eles fazem um bom feedback, seja por sorte ou porque eles realmente sabem.
- O Valentão: esses são os piores predadores que existem. Mesmo que sua técnica seja usualmente excelente, seu maior apoio vai ser a força. Você sente que eles vão quebrar seu braço em cada repetição, rasgar seu kimono em cada técnica, e tentar te matar durante o rola. Eles não têm respeito nenhum nem autocontrole e vão causar muitas lesões. A vantagem deste parceiro é que você vai fazer uso de todos os seus sentidos com eles.
- O Exigente: são aqueles que nunca vão rolar com faixa branca ou com mulher. Eles acham ter ganhado o direito a discriminar e vão fazer proveito só de um grupo pequeno de pessoas. Mas quando eles tiverem em um dia ruim ou cansados, vão pegar aquele(a) faixa branca ou uma pessoa fraca para desafogar e fazer aquela “rola suave”. Eles sempre vão te subestimar. Não tem absolutamente nenhuma vantagem o treino com eles.
Neste momento, possivelmente você deu uma boa risada, pensou naqueles parceiros e amigos para marcar no nosso post. Porém tem uma lição para ser aprendida a partir do texto: o jiu jitsu pode não ser um esporte de equipe, mas somente através de um trabalho em equipe nós aprendemos mais efetivamente. Por isso, um dos seus objetivos como praticante é ser um parceiro de treino melhor .
Então, no próximo treino, independente da sua idade ou da cor da sua faixa, corrija sua postura, aperte sua pegada, coloque apropriada resistência, preste atenção em como seu parceiro se movimenta, corrija-o se for preciso, mas o respeite, siga as instruções e pratique seu autocontrole. Assim, você não vai ser só um parceiro ideal, mas também um bom exemplo para os outros.