Você luta com aquela velha amiga e depois de finalizá-la, perde a amizade? Pois é, se assustou? É mais comum do que você pode imaginar!
Algumas pessoas no tatame sempre querem mostrar que sabem mais e, ao serem finalizados por amigos, sentem-se ameaçados. Usam como a desculpa de que sua guarda, com o passar do tempo, já não fecha tão bem; sua pegada já não é tão segura; sua passada que já não é tão ágil e precisa. Dizem que foram finalizados por pura “sorte” do oponente.
Mas e quando o oponente pesa menos? E quando o oponente tem menos tempo de prática no jiu jitsu? E quando o oponente é uma mulher? Sinceramente, não vejo motivo ou razão que levem um homem a se envergonhar por ser finalizado por uma mulher. Como também não admiro mulheres que pensam ser melhores por haver finalizado um homem. Mulheres são tão praticantes quanto os homens, têm todo o direito de evoluir, crescer, de também finalizar, e ser finalizada.
Afinal, os “três tapinhas” não são o que concretizam o fim de uma luta, eles apenas consumam o fato de que seu corpo e sua mente chegaram ao limite, que seu oponente aproveitou uma oportunidade que você não enxergou, e que você precisa treinar e se dedicar mais. Talvez, sua saída de quadril não estivesse correta; provavelmente, seu armlock não encaixou perfeitamente, possivelmente sua pegada na lapela estivesse frouxa. E agora? Os três tapinhas são mesmo os culpados por sua finalização? Seu oponente é o culpado? É difícil admitir que o erro está em nós mesmos, porque é mais fácil consertar quando você está julgando e não sendo julgado.
Precisamos entender de que o jiu jitsu é uma “grande família”, que nós mulheres não temos que lutar contra nossas equipes adversárias. Que nosso maior foco não seja derrotar uma inimiga e, sim, fazer com que nossa “oponente” entenda que precisa melhorar sua falha que a levou à derrota. Que dentro do tatame não haja brigas e desentendimentos por motivos tão banais e que nos custem o rendimento social na equipe.
Lógico, que é boa a sensação de vencer, porém há dias de treinos que você não finaliza ninguém, como também ninguém te finaliza! Não é no treino que finalizamos! Não é nos treinos que vencemos os oponentes. Nos treinos, como o próprio nome diz, é só o “treino”, é lá que você adquire experiência, aprendizado.
Aprenda a ser um bom aluno e a vida te tornará um excelente professor. Finalizar é o que nos possibilita olhar tudo o que nos limita e dizer: mais uma meta cumprida, mais um limite rompido, mais uma barreira derrubada. Foi finalizado? Levante-se, arrume o kimono, cumprimente o oponente e vá à luta novamente! A verdadeira essência de um lutador não está em quantas lutas ele foi vencedor mas, sim, em quantas ele não desistiu de lutar!
Oss!