Autocompaixão no Jiu-Jitsu: até onde vale a pena se cobrar em seus treinos?

Sem importar há quanto tempo você treina, com certeza você já viu parceiro batendo no tatame após perder luta, ou já viu alguém com olhos vermelhos e lágrimas no ultimo torneio ou talvez até você mesmo tenha ficado com aquela má sensação depois de ser finalizado por alguém.

Frustração, impaciência e decepção são sentimentos de rotina nos treinos mas, como fala o pessoal mais avançado, aquelas sensações com o tempo são sentidas com menor intensidade. Mas como? É a magia do Jiu Jitsu? É alguma coisa que vem com a faixa? Tem aula especial para isso? Se você for ler história de sucesso de alguém, você vai encontrar como muitas pessoas tem chegado onde estão acreditando sempre nelas mesmas, achando que são especiais, e pensando positivamente o tempo tudo.

Tem uma série de livros de autoestima e seminários que prometem dar aquele estímulo de confiança que você precisa para acreditar em você, alcançar o seu sucesso, e livrar-se de sentimento negativo. Então, deveríamos ir para loja e comprar os livros? Não. Faz muito tempo, o movimento da autoestima foi responsável pelo crescimento pessoal de muitas pessoas, embora estudos recentes tem demostrado que as práticas sugeridas pelo movimento tem alguns efeitos negativos, como narcisismo, e reações prejudiciais à adversidade (autocrítica, ruminação, agressividade, ensimesmamento).

Essas observações resultaram numa nova pesquisa de uma alternativa para as práticas de autoestima com os mesmos benefícios, mas sem as desvantagens.

Conseguiram pensar comigo? Sim. Estou falando da autocompaixão.

A autocompaixão envolve ser comovido pelo sofrimento próprio junto com o desejo de aliviá-lo; compreende a autogentileza, humanidade comum, e conscientização. A autogentileza exige tratar-se com cordialidade e compreensão sem julgamento, em vez de autocrítica. A humanidade comum exige ver uma situação como parte de uma experiência humana maior, em vez de considerá-la isolada.

A conscientização exige identificar-se com os próprios sentimentos em vez de evita-los ou reprimi-los. Num estudo realizado pelo Nathan A. Reis e colegas no Canada [1], cem mulheres atletas foram submetidas a testes para examinar a autocompaixão como ferramenta para promover respostas saudáveis em tempo de adversidade em situações relacionadas com o esporte. Os resultados do estudo sugerem que, de fato as atletas com maiores níveis de autocompaixão geralmente respondem mais saudavelmente do que a suas sósias com menores níveis. Legal, né?

Então como é que a gente pode usar isso no Jiu-Jitsu? Na próxima vez que você perder ou errar, não seja agressivo, não tente reprimir sua raiva, e não coloque muita pressão em você. Em vez disso, trate-se como você trataria um amigo, seja gentil com você mesmo, veja a situação como uma experiência unificadora, mas que não define sua vida ou separa você dos outros, e examine o vivido sem criticas destrutivas.

Essa prática não só vai ajudar você reagir melhor, mas também vai colocar tudo numa luz nova e diferente, uma luz longe de comparações, avaliações, castigos e autodestruição. Assim você vai retirar um peso de cima e até o tatame vai parecer mais suave.

Referências: 

[1] Nathan E. Reis, Kent. C Kowalski, Leah J. Ferguson, Catherine M. Sabiston, Whitney

A. Sedwick, Peter R.E. Crocker (2014). Self-compassion and women athletes responses to emotionally difficult sport situations: An evaluarion of a brief induction. Psychology of Sport and Exercise. http://self-compassion.org/wp-
content/uploads/2015/03/Reis.pdf

 

E você, de que forma lida com suas perdas, dentro e fora do tatame? Vou ficando por aqui e até a próxima. Oss!

 

________________________________________________________________________________
Tá afim de ter um dos patches da nossa página? Mande um e-mail para contato@bjjgirlsmag.com.br ou mande um WhatsApp para 11 9 4155 5888

patchess

Posts relacionados