Até mais? Não mais Jiu-Jitsu por seis meses… ou um ano. Parte I

No meu texto desta semana, eu ia falar sobre um dos preconceitos que encaramos como praticantes do jiu-jitsu, mas este é uma atividade física com altíssimo risco de lição. A ideia era falar sobre minha experiência quando, há três semanas, eu torci o tornozelo treinando, tive que ficar 4 dias sob atestado médico, usar muleta e voltar ao trabalho para ouvir comentários do tipo “nossa, Diana, o jiu-jitsu é muito perigoso” ou “você não vai continuar treinando, né? É muito forte para uma menina” de pessoas que pensam que todas as artes marciais vem da China, confundem Karatê com Tae-Kwon Do, e para quem o maior referente de marcialidade é o Kung Fu Panda.

Porém, enquanto eu ainda conseguia suporte para demonstrar que tem esportes mais perigosos, e que a situação da professora que torceu o pulso jogando vôlei era tão normal quanto a minha (já que ninguém falou para ela parar de jogar, né?), meu tornozelo não parecia melhorar tão rápido quanto o médico havia falado. Uma semana depois eu ainda não conseguia caminhar, então decidi voltar à emergência.

Lá, uns raios-X mostraram que não tinha apenas torcido, mas tinha sofrido uma pequena fratura por avulsão. Os 4 dias de incapacidade e as bandagens se transformaram em um mês de repouso e gesso. Me afastar do trabalho que amo e do jiu-jitsu que me apaixona ia ser difícil, mas com paciência, wi-fi, analgésico e a senha do Netflix da Carol, as coisas pareciam melhorar. Houve três dias tranquilos, mas nos quarto e no quinto dias o gesso se tornou uma prisão e sentia o pé e a perna muito inflamados.

Mais uma visita à emergência revelou um diagnóstico inimaginável: Trombose Venosa Profunda (TVP). Para quem não conhece, a TVP acontece quando há coagulação do sangue nas veias em lugares como os membros inferiores. Tem muitos fatores que causam essa doença, no meu caso foi só o repouso. Isso mesmo: ter ficado imobilizada fez com que alguns coágulos se formassem na minha perna. As complicações? Se não tivesse sido diagnosticada ou iniciasse imediatamente o tratamento o coágulo ou parte dele poderia migrar para as artérias e provocar uma embolia pulmonar.

No meio da confusão, a dor e a raiva, o médico disse para mim que fui afortunada, pois encontraram o coágulo bem cedo e as possibilidades da embolia acontecer eram menores e o tempo de recuperação também. “Obrigada, doutor, isso é bom. Então qual é o tratamento e o tempo de recuperação?”. Juro que tentei manter um tom despreocupado, mas acho que ele percebeu minha preocupação e falou o seguinte com muita calma: “Então, Diana, você vai ficar no hospital uns dias em observação, pois a inflamação está grande (a diferença entre uma panturrilha e a outra era de 5 cm).  A cada 12 horas você vai receber uma injeção de anticoagulantes e, se tudo der certo, você vai voltar para sua casa em dois ou três dias.”

Três dias depois recebi a última visita do médico. A perna estava melhor, mas agora precisava tratar o TVP em casa. Como? Devo receber as mesmas duas injeções de anticoagulante todos os dias por seis meses ou um ano. Quando tempo mesmo? Sim! Seis meses ou um ano. “Tá…eu consigo fazer isso… Mais alguma coisa que eu deva fazer?” Silêncio… “Você tem que ficar em movimento o tempo tudo, não pode deitar por muito tempo, só toma cuidado com seu pé que ainda está em recuperação da fractura, beba muita água, e, claro, evite golpes e esportes de combate”. Silêncio sobre o silêncio.

E você, já teve que ficar parado por muito tempo? Conta aqui pra gente 🙂

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