Atletas brasileiros de jiu-jitsu assinando com marcas gringas: o que está por trás disso?

Fala, pessoal! Estamos voltando, e hoje quero falar sobre um tema bem importante, principalmente para atletas brasileiros de jiu-jitsu: a perda de atletas de alto nível para o mercado de marcas internacionais. Confira:

Há mais ou menos 5 anos convivo com um atleta, que é meu esposo e pai da minha filha. E, em todos esses anos juntos, eu como publicitária sempre o ajudei em campanhas para campeonatos, com rifas, seminários, a parte de assessoria etc. 

E uma parte importante desse trabalho era ajudá-lo com a parte de patrocínio, o que, ao longo dos anos, vem ficando cada dia mais difícil, principalmente no Brasil. Na faixa marrom, ele era apoiado por uma marca gringa que, por motivos óbvios, não vou mencionar o nome. 

Atletas brasileiros de jiu-jitsu e faixas pretas

Ao graduar para a faixa preta (mesmo tendo títulos como o Brasileiro, Panamericano e outros), eles se recusaram a apoiá-lo com um salário, o que o fez tomar a decisão de deixar a marca, e então, ele se uniu a uma marca brasileira, onde a mesma ofereceu um salário para que ele a representasse. 

Depois de 2 anos representando essa marca, ele pediu um aumento do valor, afinal, tudo aumenta todos os anos, e o valor do salário estava ficando incompatível com o preço de tudo por aí.

Eles recusaram o aumento, e foi quando tomamos a decisão para que ele saísse dela, afinal, é um investimento alto ser atleta de alto rendimento: kimonos, alimentação, inscrições de campeonatos, passagem, hospedagem, entre outros custos.

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Depois de um tempo sem patrocínio e recebendo propostas miseráveis, ele teve contato com uma marca internacional, onde teve uma proposta melhor, tanto em produtos, quanto financeiramente. 

Pensando nisso, conversei com dois atletas brasileiros de jiu-jitsu de alto rendimento, que trouxeram a sua visão sobre o assunto. Infelizmente, mais uma vez, por motivos óbvios troquei seus nomes, mas o conteúdo das mensagens é muito importante.

Principalmente para que as marcas brasileiras acordem para esse novo cenário de valorização internacional:

“Eu quase entrei numa furada, porque, na época, eu não tinha muita noção de como era o mercado de patrocínio no jiu-jitsu, mas eu quase fechei com uma marca por um salário de 300 reais, e eu teria que lutar 2 mundiais de faixa preta, e na faixa preta subiria mais um pouco.

E eu quase fechei, mas um amigo me abriu os olhos e não fechei.

Logo em seguida, um amigo próximo recebeu uma proposta de 600 dólares de uma marca de fora do Brasil, e só isso, convertendo para a nossa moeda, daria, 4, 5 vezes mais que o nosso valor. Eu senti, entrando como atleta de marcas de fora, o quanto eles nos valorizam mais.

Já na negociação dá pra você ver o quanto eles querem você no time e também querem que você se sinta bem junto deles. Por isso, posso dizer que as marcas de fora nos valorizam muito mais que as marcas brasileiras.”

[Eduardo, 23 anos, atleta faixa preta]

“Acho que a grande diferença entre o apoio das marcas de fora e as marcas do Brasil é uma questão de cultura mesmo, as marcas brasileiras geralmente tem uma consciência que estão te dando uma “ajuda”, ou seja, eles te darão o mínimo, e que você tem que aceitar aquilo que já está de bom tamanho.

Já as marcas de fora acreditam que você como atleta, representando-os da maneira certa, pode dar retorno, entendem isso como investimento e não prejuízo.

Os outros países em geral apoiam mais o esporte que o Brasil, afinal, é nítido o quanto eles inserem o esporte em geral na educação e em outros âmbitos, por enxergar isso como uma prática positiva para seu país.”

[Henrique, 26 anos, atleta faixa preta]

Outro ponto importante a ser lembrado é o cuidado do atleta de também não se “vender” a qualquer marca por qualquer valor ou produtos, afinal, só ele sabe o quanto custa os gastos com passagem, hospedagem, alimentação e inscrições, fora o custo do dia a dia com kimono, condução, e outros gastos. 

Os atletas brasileiros de jiu-jitsu desempenham um papel crucial no cenário internacional do esporte. É essencial que eles valorizem seu trabalho árduo e talento, não aceitando qualquer oferta de patrocínio que apareça.

Exigir parcerias de qualidade e alinhadas aos seus valores não apenas beneficia os próprios atletas, mas também eleva o padrão da modalidade e fortalece sua imagem no mundo esportivo.

Atletas brasileiros de jiu-jitsu, ao valorizarem sua trajetória e habilidades, também desempenham um papel inspirador para a próxima geração. Ao recusarem ofertas de patrocínio que não se alinham com seus princípios, eles definem um padrão de excelência, incentivando outros a fazerem o mesmo.

Valorizar-se como atleta e individuo é a chave para construir carreiras duradouras e bem-sucedidas, e, ao fazê-lo, eles moldam um futuro mais promissor para o jiu-jitsu e seus praticantes.

A valorização de seu talento e esforço é um passo importante para alcançar o reconhecimento e a prosperidade que merecem.

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