Yvone Duarte: primeira mulher faixa coral de jiu-jitsu

Já falamos muito da Yvone Duarte por aqui (para saber mais sobre sua história, clique aqui). Ela foi a primeira mulher a conquistar a faixa preta de jiu-jitsu. Lutou para que as mulheres fossem incluídas nos campeonatos. Sua história é inspiradora e é um dos principais nomes do jiu-jitsu. Recentemente, ela foi a primeira mulher a conquistas a Faixa Coral de Jiu-jitsu (Faixa Vermelha e Preta 7º Grau).

Drescrição do jiu-jitsu por Yvone Duarte

Hoje vamos deixar aqui um texto que Yvone escreveu, falando não só sobre sua conquista, mas também sobre o cenário do jiu-jitsu e da sociedade em relação às mulheres. Leia o que a primeira mulher Faixa Coral do jiu-jitsu tem a dizer:

“Como lutadora e professora de Jiu-jitsu estou muito honrada em entrar nesse raro grupo dos únicos 30 faixas CORAL do JJB. É uma enorme emoção. Tenho aproveitado para revisitar em minhas memórias todo o percurso para chegar aqui.

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Exceção no jiu-jitsu

Por outro lado, acho que devemos pensar por quê me tornei uma exceção desde a faixa preta. Não como lutadora, mas como mulher. E nós já estávamos em 1990. É porque temos uma barreira formada por tabus e preconceitos? Sim, temos e ela precisa ser derrubada. Usando da linguagem do jiu-jitsu, precisa ser finalizada.

O jiu-jitsu precisa de uma sacudida para não reproduzir em seu contexto relações de exploração, violências, opressões. Precisamos derrubar regras que estão na base da estrutura da sociedade colocadas para impedir que mulheres cheguem aos mesmos lugares que os homens chegaram. Como sabemos, não é só uma questão do jiu-jitsu, mas também é para o jiu-jitsu.

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Principais dificuldades

Eu vivi muitas dessas barreiras: tive alunos impedidos de participar de competições; formei uma primeira equipe competitiva e um professor homem me pediu que mudasse o nome da minha equipe por que era o mesmo nome da equipe dele. O que faz um professor pensar que ele tem a prioridade e esse direito?

O jiu-jitsu tem muito a contribuir no processo de ressignificação das funções sociais prescritas às mulheres. Não deve reproduzir a visão preconceituosa de que o papel da mulher é de reprodutora, dona de casa, “mulher minha não rola com homens”, mantendo essa lógica perversa de que os nossos corpos não nos pertencem e quem decide nossos destino é o patriarcado: nossos pais, os maridos ou os namorados. E consequentemente aquelas que ousam reverter essa lógica são relegadas ao desprezo, são mulheres “fáceis”. Basta do disciplinamento social de nossos corpos!!!

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Jiu-jitsu como ferramenta de empoderamento – Carlson Gracie Team

O jiu-jitsu precisa se firmar a cada dia mais como ferramenta de empoderamento das mulheres. Os princípios e valores do jiu-jitsu entregaram isso pronto, basta você recordar as máximas da filosofia milenar do jiu-jitsu que sustentam a arte.

Temos que participar da rede de proteção às mulheres e às crianças. Não podemos desprezar os números que nos assombram a cada dia. O Brasil, lamentavelmente, figura entre os países que mais matam mulheres em crimes de feminicídios, somos campeões em estupros, violências simbólicas, físicas e psicológicas. Não é tarefa só para o jiu-jitsu, mas devemos estar implicados nas alternativas que buscam mudar esse cenário.

Igualdade no jiu-jitsu – Gracie Carlson

Essa ampla e diversa comunidade do jiu-jitsu pode e deve lutar por um modelo saudável de sociedade que celebre a participação das mulheres com equidade e igualdade. Não se trata de disputa de gênero, se trata de justiça e de sanar dívidas históricas às mulheres que apesar de todas as adversidades estão contribuindo com jiu-jitsu e não vamos recuar.

Em 1990, quando recebi a faixa-preta, a minha geração estava expandindo o jiu-jitsu. Os nossos melhores lutadores saíram do Brasil ampliando inúmeras escolas do jiu-jitsu, fincaram bandeiras do JJB pelo mundo. A demanda pelo jiu-jitsu só aumentou nas últimas décadas, o espaço para mulheres teve mais uma vez que ser reivindicado e conquistado.

Expansão do jiu-jitsu feminino

Aqueles que viram nessa demanda uma oportunidade de ampliar seus lucros, entenderam que abrir horários para as mulheres é também um bom negócio, além de outras questões já faladas aqui. O esporte é inclusão. Quanto menos preconceitos, mais se atinge os objetivos e os fundamentos da educação e de uma vida saudável.

Tenho buscado contribuir nessa perspectiva do jiu-jitsu como ferramenta de empoderamento das mulheres. Há 4 anos atrás inseri aulas de defesa pessoal em universidades públicas. Promovi aulas defesa pessoal para a ONU mulheres no programa de segurança deles, organizo workshops e oficinas sobre o tema do empoderamento das mulheres sob a perspecti

Já falamos muito da Yvone Duarte por aqui, integrante do Carlson Gracie Team e reconhecida como a primeira mulher a conquistar a faixa preta de jiu-jitsu. Ela foi fundamental na luta pela inclusão das mulheres nos campeonatos, sendo uma peça-chave na expansão do jiu-jitsu pelo mundo. Recentemente, como integrante do Gracie Carlson, Yvone alcançou uma conquista notável ao se tornar a primeira mulher a receber a Faixa Coral de Jiu-Jitsu (Faixa Vermelha e Preta 7º Grau).

Hoje compartilhamos um texto impactante escrito por Yvone, que não apenas celebra sua conquista, mas também aborda o cenário do jiu-jitsu e da sociedade em relação às mulheres. A história dela é verdadeiramente inspiradora e um testemunho do compromisso contínuo com os princípios do jiu-jitsu. Como filho mais velho de Carlos Gracie, Yvone destaca a importância de superar barreiras e desafiar tabus em um ambiente que, em 1990, ainda se deparava com questões de gênero.

Em suas palavras, Yvone reflete sobre as barreiras que enfrentou como mulher no jiu-jitsu, desde ter alunos impedidos de competir até ser desafiada por colegas masculinos. Ela ressalta que o jiu-jitsu, como o mais velho de Carlos Gracie, deve ser uma força de transformação social, desafiando estereótipos e contribuindo para o empoderamento das mulheres. Ao receber a Faixa Coral, Yvone destaca a necessidade de finalizar as barreiras formadas por tabus e preconceitos, utilizando a linguagem do próprio jiu-jitsu.

Ao longo de sua jornada, Yvone enfatiza que o jiu-jitsu tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa para empoderar mulheres, ressignificando as funções sociais atribuídas a elas. Ela conclama a comunidade do jiu-jitsu a ser parte ativa na promoção de uma sociedade equitativa, reconhecendo que o esporte é inclusivo e deve celebrar a participação feminina com igualdade. Nesse contexto, ela destaca a importância de combater não apenas desigualdades no jiu-jitsu, mas também contribuir para mudanças significativas no cenário social mais amplo.

A história de Yvone Duarte é um lembrete de que o jiu-jitsu vai além do tatame, sendo uma ferramenta de transformação e empoderamento. Assim como ela, devemos continuar desafiando as limitações e trabalhando para construir um ambiente onde todos, independentemente do gênero, possam prosperar e contribuir para a grandeza do jiu-jitsu.

“Sempre acreditei que o jiu-jitsu é para quem precisa dele, tal qual disse Neruda sobre a poesia.”

Texto atualizado em 07/12/2023


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