Como você sai dos 100kg… da autocobrança?

Foto: Mayara Munhos | JJ In Frames

Quem assistiu ao BJJ Stars no último final de semana viu uma campeã chorando, mas não era de comemoração. A “não excelência” pesou e doeu fundo. E como pesou.

Se a gente aprende que quando o adversário está indo para os 100 kg, não pode deixar abraçar a cabeça, como faz quando a gente mesmo deixa a autocobrança pesar na mente?

Da faixa branca à preta, o que a gente pensa é:

“Eu não fui tão foda quanto deveria”

“Eu não evoluo tão rápido quanto deveria”

“Eu não rendo nos campeonatos quanto deveria”

“Eu deveria treinar tão bem quanto aquela menina”

Eu… tô devendo pra quem mesmo? Devendo para os outros? Devendo para mim mesma?

Nossa mente pode ser uma grande sacana. Uma vez eu li que 90% dos sofrimentos acontecem por causa das nossas interpretações. E interpretação depende de onde você coloca o foco e dos valores e crenças que você constrói.

Algumas perguntas podem servir como alavancas para sairmos desses 100 kg:

Reconhecer limites

As condições permitem? Será que não tô querendo ir além do que eu posso neste momento? Estou me dando o tempo certo de evoluir? Reconheço minhas falhas?

Critérios justos

Meus padrões estão calibrados? Faz sentido você se cobrar uma evolução bizarra no jiu-jitsu se você só tá conseguindo treinar 1x por semana e começou agora? Faz sentido se achar ruim porque está se comparando com alguém que treina há muito mais tempo?

Considere o que não está na sua mão

Até onde depende de mim? Quais são as variáveis ao meu redor mesmo que eu me dedique 200%?

Relativize

É mesmo um fracasso? Precisa realmente ser perfeito? Ou o efeito será o mesmo? Realmente preciso provar algo?

Inteligência emocional é algo complicado. E aqui escreve uma autêntica virginiana, que tá nessa missão e é perfeccionista e exigente ao extremo. Não que isso tenha sido de todo ruim: a autocobrança me fez alcançar grandes feitos, muitas vezes a um custo pessoal desnecessário. E acredite: o excesso passa fatura, cedo ou tarde. Especialmente no corpo e na saúde.

O ponto é: vá além sim! Mas não se torture se você não conseguir. Continue se exigindo, mas seja acolhedor(a) e justo(a) consigo mesmo(a). Naturalize o erro, reconheça seu esforço, assim como você faria com qualquer outra pessoa. Fé no processo e paciência pelo resultado. Aliviar esses 100 kg e repor a guarda estão nas nossas mãos.

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