Mais de uma década sem Helio Gracie

Nascido em 1903 na cidade de Belém no Pará, foi o filho caçula de Gastão Gracie. Com um biotipo franzino: fraco, desajeitado e leve (1,75m e nunca passou de 63kg) e como se não bastasse, sofria de problemas sérios de saúde.

Conhecido por ser um dos nomes mais importantes na história da arte suave, o Grande Mestre Hélio Gracie nunca teve hábitos como fumar, beber e comer fora de hora. Não misturava cereais, não comia gorduras e nem açúcar. Aprendeu tudo isso com o seu irmão Carlos Gracie.

A origem da família Gracie

O seu bisavô, James Gracie, era escocês e após um desentendimento com o governo, mudou-se para o Brasil. Seu filho Pedro (avô de Helio) era banqueiro no Rio de Janeiro e teve 18 filhos, entre eles seu pai Gastão GracieQuase todos eram diplomatas. Seu pai falava cinco línguas e iria assumir um posto diplomático na América Central, mas antes de chegar lá, desembarcou em Belém do Pará e apaixonou-se por sua mãe, Cesalina, o que o fez ficar por lá. Eles tiveram cinco filhos homens (Carlos, Oswaldo, Gastão Filho, Jorge, Helio) e três mulheres (Mary, Helena e Ilka).

Mas sua infância não foi fácil, não somente por ser o mais fraco, mas também pelo aspecto financeiro. A Família Gracie passou por apuros na cidade natal, tendo que mudar-se para o Rio de Janeiro ainda na sua adolescência. Além disso, alguns dos seus irmãos tiveram que morar separados e Helio foi um deles. Durante alguns meses morou com seus tios e trabalhou em um clube de remo. Porém, aos 14 anos voltou a morar com os seus pais, junto de Carlos.

“Minha vida começou com o Carlos Gracie. Foi ele que me educou, me passou um regime moral, me deu coragem… Mesmo depois de adulto, ele continuava responsável por mim, me dava casa e comida. O que eu tinha, melhorei. O que não tinha, adquiri.” 

Agregado a sua saúde debilitada, Helio passou então a sofrer de tonturas crônicas, como consequência de sua instabilidade psicológica. Sua dificuldade era tanta que, volta e meia, desmaiava. Com isso Hélio convenceu sua mãe e parou de frequentar o colégio, estudando e aprendendo de casa.

A família Gracie e Mitsuyo Maeda

O jiu-jitsu japonês foi apresentado à Família Gracie no Brasil por volta de 1914, por Conde Koma (Mitsuyo Maeda). Conde era campeão de Judô e discípulo direto de Jigoro Kano, fundador do Judô, na Kodokan do Japão. Nasceu em 1878, e tornou-se aprendiz de judô (o jiu-jitsu de Kano) em 1897. Em 1914, Conde teve a oportunidade de viajar para o Brasil, chegando em Porto Alegre-RS onde fez as primeiras apresentações de suas técnicas, como parte de uma grande colônia de imigração japonesa.

No Pará, estado da região norte do Brasil, tornou-se amigo de Gastão Gracie, empresário influente que ajudou Maeda a estabelecer-se. Para demonstrar sua gratidão, Maeda prontificou-se a ensinar o judô (jiu-jitsu de Kano) a Carlos Gracie, filho mais velho de Gastão. Carlos aprendeu por alguns anos e, depois, passou seu conhecimento para os irmãos. No entanto, foi Helio Gracie, o irmão mais novo de Carlos, que foi o maior responsável pelo refinamento técnico da arte japonesa, o que o levou a ser conhecido como o “Criador do Jiu-jitsu Brasileiro”.

O jiu-jitsu de Helio Gracie e o tradicional

Helio teve pouco contato com Maeda, ele apenas assistia Carlos dar aula e seus irmãos testarem os movimentos entre si, pois devido ao seu aspecto franzino, seu irmão Carlos o privava de treinar. Mas a análise criteriosa de Helio o fez compreender as alavancas. Uma vez ou outra seus irmãos “rolavam” com ele, escondido de Carlos, que ainda temia pela fragilidade do caçula. Mesmo indiretamente, Helio já dominava alguns movimentos quando seu irmão Carlos lhe permitiu a prática.

Devido a sua dificuldade em executar certos movimentos do jiu-jitsu de Conde Koma, Helio buscou adaptá-lo. A força e a rapidez, que eram essenciais para a execução dos movimentos, foram trocadas pelo uso do peso corporal e controle. E foi através das tentativas que Hélio transformou as alavancas do jiu-jitsu.  Nascia aí o Brazilian Jiu-Jítsu que conhecemos hoje.

“O jiu-jitsu que criei foi para dar chance aos mais fracos enfrentarem os mais pesados e fortes.”  

Foram seus alunos

  • O ex-ministro de Transportes na gestão do presidente Médici e do interior no Governo Figueiredo = Mário Andreazza;
  • O ex-presidente da República = João Baptista Figueiredo, quando trabalhava no SNI (Sistema Nacional de informações, que servia à ditadura militar);
  • Roberto Marinho, repórter na época;
  • Maneco, filho de Getúlio Vargas, então Presidente da República naquela época.

Os últimos anos de Helio Gracie

Helio gostava muito do seu sítio “Nosso Vale” em Itaipava na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Apesar do desgaste sofrido por longas horas de treinamento e lutas intermináveis, Hélio teve uma velhice saudável. Se não fosse pela prática do jiu-jitsu e uma dieta rigorosa ele não chegaria aos seus 95 anos. Foi em 29 de janeiro de 2009 que Helio deixou o mundo para entrar para a história. – como já dizia Getúlio Vargas.

“Além de ser a arte marcial mais eficiente do mundo comprovadamente, é uma arte que nos tranquiliza e aumenta a nossa confiança, sem criar em nós um poder de ineficiência, violência e confiança exagerada. É uma segurança que nos faz bem e só pode nos beneficiar a todo mundo.”

 

Aspas ao longo do texto retiradas daqui.

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