Jiu-jitsu e a Síndrome de Asperger

Vamos falar sobre um assunto que muitas pessoas em pleno século XXI e com tanta informação disponível para leitura, ainda possuem preconceito. O Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais especificamente a Síndrome de Asperger e como o jiu-jitsu pode nos auxiliar a socializar  com outras pessoas.

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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

O Transtorno do Espectro Autista não é uma doença e portanto não tem cura. Hoje em dia temos até o dia do Orgulho Autista, dia 18 de junho!

O transtorno é uma condição que pode ser amenizada com o tratamento correto e por isso o diagnóstico é tão importante. Por se tratar de um ESPECTRO, os níveis em que a condição se manifesta são muito diferentes e por isso o diagnóstico pode ocorrer tardiamente. No entanto, em todos os casos, entender o que se passa exatamente ajuda muito nas decisões seguintes.

Síndrome de Asperger, a qual eu possuo e o nosso entrevistado também, é uma condição é uma perturbação do espectro autista (PEA), embora de menor gravidade por apresentar inteligência e linguagem relativamente normais.

Estima-se que em 2015 37,2 milhões de pessoas em todo o mundo foram diagnosticadas com Síndrome de Asperger. A síndrome é assim denominada em memória do pediatra austríaco Hans Asperger, que em 1944 descreveu as crianças no seu consultório a quem faltavam competências de comunicação não verbal, com limitações em compreender os sentimentos dos outros e com descoordenação física.

Cada indivíduo é único e possuem características diferentes, ou seja, algum sintoma ou dificuldade que um Aspie (assim que nos chamamos carinhosamente) possui, o outro não.

Encontrei o Diego Vivaldo (Gavião),  online (socializamos melhor desta forma) e descobrimos um mundo de coisas em comum, além da Sindrome de Asperger e o Jiu Jitsu. Diego é faixa preta do Guigo e multi Campeão de Jiu Jitsu.

Diego foi diagnosticado com a Síndrome de Asperger de forma tardia, assim como muitas pessoas e também, assim como eu, possui Hiperfoco no jiu jitsu. Hiperfoco é uma das caracateristicas de um Asperger, nos entregamos de cabeça (e Muitas vezes nos esquecemos do restante).

1 Fale um pouco de você e da sua trajetória no jiu-jitsu.

Meu nome é Diego Vivaldo, pratico jiu-jitsu há 18 anos, e hoje vivo disso, como professor. Sempre fui uma pessoa um pouco mais reclusa e com diversas manias. Me tornava fanático por algo que gostasse em pouco tempo, e é uma dessas coisas foi o Jiu. Comecei com 17 anos, e enquanto não estava em aula, treinava o dia todo. Era minucioso e extremamente detalhista, e isso me ajudou a subir meu nível rapidamente, conquistando diversas competições desde as faixas inferiores.

2 – Como foi receber o diagnóstico da Síndrome de Asperger e como é seu relacionamento com pessoas neurotípicas?

O diagnóstico foi um baque, mas tinha certeza que viria quando conheci a doença. Me identifiquei muito e definiu muitos padrões na minha vida. Perdi o contato de algumas pessoas neurotipicas próximas, e descobri que, mesmo sem saber, o asperger atrapalhou todos meus relacionamentos afetivos.

Mas ao mesmo tempo, o fato de me entender, e saber que tenho uma condição, tem me facilitado a superar algumas dificuldades.

3 – Você sente que as pessoas tem preconceito quando você fala sobre a Síndrome?

Acho que as pessoas desacreditam, pois pelo diagnóstico tardio, eu aprendi a me apresentar como uma pessoa normal, apesar das dificuldades.

4 – Como o jiu-jitsu te auxilia a socializar e o que ele representa na sua vida.

O Jiu é muito inclusivo. E por ser uma luta muito complexa, com uma gama infinita de estilos, é adaptável a todo o tipo de pessoa. O jiu-jitsu é muito importante pra mim, pois foi no ambiente do tatame onde realmente aprendi a lidar com neurotípicos.

Caso queira se divertir um pouco com nossas manias, há um perfil de instagram que seguimos o aspiesincero, com alguns memes de nosso dia a dia. Até mais!

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