Sobre lutadores, violência e preconceito

Hoje eu vou ceder meu espaço para uma pessoa que tenho como exemplo. Um cara que tem 27 anos na faixa preta, aluno do Sensei Carlson Gracie, e que além de alguns títulos importantes no Jiu-jitsu Brasileiro, é autor do livro O Direito Penal da Guerra as Drogas (D’Placido, 2016) e coautor em mais duas produções: Sistema Penitenciário do Amazonas (2006) e Justiça Restaurativa (2017).

Milita por direitos humanos na sua profissão de Juiz no tribunal de Justiça do Estado do Amazonas e possui um maravilhoso projeto de Jiu-Jitsu que atua em Mauês, o Instituto Valois de Jiu-jitsu.

Um exemplo pois consegue ultrapassar o que faz no tatame para o plano social. Que ao invés de silenciar diante das mazelas de nossa sociedade, se impõe e se posiciona ao lado dos desfavorecidos. E diante da nossa conjuntura, acredito que ele tem a capacidade de nos dizer: O que é um campeão. Qual o papel social de um campeão.

Neste depoimento, ele nos traz uma reflexão sobre a essência da nossa arte marcial, que é uma produção humana, mas, que ultimamente, alguns “jiujiteiros” estão se afastando desta, se alinhando a projetos políticos que propagam o ódio e a intolerância.

Com a palavra, Luiz Carlos Valois:

Este ano estou completando 27 anos de faixa preta de jiu-jitsu. Meu professor foi o lendário Carlson Gracie, uma das pessoas mais humanas que conheci. Apesar de nunca perder, ter lutado no cimento, na areia, com lutas sem rounds de mais uma hora, dava a sua cama, seu prato de comida, o que tivesse para ajudar quem necessitava realmente.

Um verdadeiro campeão é assim, humano, solidário, nunca um covarde. Estende a mão, abraça o adversário ao fim da luta. O verdadeiro campeão que se torna professor sabe da responsabilidade de formar crianças, pessoas, para um mundo melhor.

Esse grupo de “lutadores” que está por aí pregando morte, violência e preconceito não percebe a perda de essência que estão proporcionando para a arte marcial. Sim, sempre houve preconceito, homofobia e machismo na luta, como há em qualquer canto, mas esse tipo de covardia, que junta preconceito e violência na mesma pessoa sempre foi relegado a alguns mais fracos, àqueles que lutavam e não ganhavam nada, ou apenas não lutavam, fugiam, recalcados de quimono que só queriam aparecer.

O verdadeiro campeão de arte marcial é humano, sabe de suas fraquezas, sabe da fraqueza do humano, respeita a outra pessoa simplesmente por ser pessoa, por seus braços, suas pernas iguais. A semelhança está estampada na cara, no suor, na dor.

O verdadeiro campeão estende a mão, não mata, quer ver vida, não morte, é feliz por sua vitória, e ninguém é feliz desejando o mal.



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