Pior que ter um parceiro de 110 Kg nos cem quilos e não conseguir fazer nada é ter seu mestre de apenas 76 Kg na montada e sentir que com cada respirada você tem menos ar. O kimono e a faixa fazem os 30 quilos de diferença? Não, mas a experiência e o entendimento do corpo e do jogo da pressão, sim.
“O jiu jitsu é muito incômodo para seu oponente” diz Ricardo Almeida, faixa preta de Renzo Gracie, enquanto termina a demonstração de uma técnica num vídeo em seu instagram. “O jogo acima tem que ter tanta pressão que a seguinte posição não parece tão ruim para seu oponente, seja montada, pegada das costas ou passagem de guarda…” Mas aquele negócio de incomodar é mais difícil do que as pessoas acreditam, pois são muitos os elementos que devem ser envolvidos para que a pressão seja efetiva.
Primeiramente, vamos responder a pergunta mais básica: “o que é?”. Fisicamente e matematicamente a pressão mensura a ação de uma força exercida sobre uma superfície. Aqui já temos um primeiro elemento para considerar e vamos deixar nas mãos da ciência (e evitar a polêmica), que diz que a pressão é diretamente proporcional à força exercida. E que dependendo da interação com o objeto pode ser força aplicada, gravitacional, de atrito, etc, e tendo como ferramenta nosso corpo vamos depender sim da gravidade, ou seja, nosso peso.
A definição de força também afirma que a pressão é inversamente proporcional à área sob a qual a força é exercida. Ou seja, que a pressão vai ser maior enquanto a área sob a qual atua a força for menor. Para nós isso significa que não é suficiente apenas aplicar a força, mas temos também que eliminar os pontos de apoio do oponente no tatame para focar-lá (colocar o peso) num ponto só.
Agora vamos pensar na realidade do jiu-jitsu e a possibilidade do nosso oponente não reagir nessa situação… não existe, não? Provavelmente ele vai inverter a posição e vamos perder tudo o esforço feito. A solução? Nosso terceiro elemento: a postura. Entender a importância dos detalhes realmente faz a diferença, e ajuda com o processo de focalização de peso enquanto eu estou evitando perder a posição. Por exemplo, no cem quilos, você pode bloquear o quadril do seu adversário com seu joelho (postura) ou fazendo uma pegada na calça dele.
O correto uso da pressão mexe tanto com o físico quanto com o emocional de tal jeito que o seu oponente leva em consideração não só deixar você avançar numa outra posição mas também até desistir da luta.