Um olhar sobre o MMA feminino

No último sábado (29), o Brasil faturou mais um cinturão no UFC. Conquistado por Cris Cyborg, o cinturão da categoria pena, junto com o cinturão de Amanda Nunes, da categoria galo, são os únicos títulos que estão nas mãos do Brasil atualmente. Sem dúvida, o MMA feminino brasileiro está em sua melhor fase na organização.

Se por um lado comemoramos o sucesso, é valido reconhecer que o caminho até aqui foi e ainda é muito difícil. Todos os dias nos deparamos com histórias de dificuldades no meio da luta. Campeões que surgiram sem nenhum apoio, lutadores que tiveram que abandonar suas carreiras por falta de patrocínio etc.  Essa é a realidade dos lutadores e lutadoras no nosso país.

Tanto a Cris quanto a Leoa e tantas outras não começaram nas artes marciais agora. As meninas têm uma carreira longa e brigam há muito tempo com a falta de apoio, o preconceito e a falta de oportunidade. Quem acompanha o UFC há algum tempo com certeza se lembra da época em que a organização se negava a abrir divisões de peso femininas. Na época, as lutadoras que queriam viver e se dedicar ao esporte lutavam eventos menores com bolsas menores ainda. Se hoje já vemos que ainda falta muito para conquistar este espaço, há alguns anos esse território era praticamente inabitável.

Todos os dias vemos exemplos de meninas que enfrentam dificuldades nas artes marciais, mas noto que quanto mais a coisa fica “séria”, mais difícil fica. Muitos ainda têm a ideia de que as mulheres devem sim entrar para o mundo das artes marciais como forma de entretenimento, de manter a forma ou de aprender uma defesa pessoal, mas quando a decisão é de competir ou de seguir carreira na área, o preconceito ocupa novamente o seu lugar. É comum vermos, por exemplo, declarações como “ela é bonita demais para tomar um soco” ou “tudo bem ela treinar jiu-jitsu, mas ela não deveria lutar MMA e apanhar”. Ora, se o próprio MMA moderno vende a ideia de esporte e não de violência, por que ainda essa resistência em deixar as meninas treinarem?

Se por um lado recebemos críticas, quando as lutas começam é impossível segurar a emoção. Os combates femininos têm arrancado elogios dos críticos e lutadores que reconhecem que as lutas têm sido verdadeiras batalhas e shows. Os boatos de que as mulheres são mais aguerridas em seus duelos têm se confirmado a cada luta. O MMA feminino mundial sem dúvidas está sendo bem representado. As lutadoras têm trazido um brilho diferente aos octógonos e ringes agregando muito valor a um esporte que até pouco tempo as excluía. Temos aproveitado para conhecer lutadoras incríveis, historias fantásticas e até a construção de rivalidades históricas.  Com certeza, daqui há alguns anos olharemos para traz e vamos ver tudo isso como o início de uma era.

Aproveito para parabenizar as atletas e principalmente as brasileiras que tem hoje segurado a responsabilidade de serem as donas dos nossos cinturões. Que o avanço continue!

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