Uma das coisas que me chamou a atenção neste Mundial da IBJJF de 2017 foi o quanto os atletas vêm se formando na escola da estratégia. Já havia visto lutas ganhas com apenas uma vantagem, mas a tática parece ter mudado vi o atleta trabalhar de forma a segurar a luta para que ao final, faltando 30 segundos de luta ele faça algum ataque mesmo que sem demonstrar muito a intenção de finalizar, o árbitro é obrigado fazer o gesto, uma vantagem e o atleta está lá, pronto para disputar a próxima luta. Uma mudança que vem ganhando adeptos e que pode vir a mudar o rumo do esporte, mudanças são bem vindas quando necessárias neste texto da Érika Vilhena, em que ela discorre muito bem sobre de onde o jiu-jitsu veio e como eram os treinos no passado.
Sabemos que lutar é muito difícil e custa muito ao atleta, são meses de preparação incessante, uma mente que seja positiva e sua aliada; mesmo confiantes, os atletas sabem que os adversários não devem ser subestimados, talvez justamente por saber disto alguns atletas decidem jogar com a regra nas mãos e a usam a seu favor para vencer a luta, uma atitude inteligente. Assim, estes arriscam-se menos, esperando que o adversário se exponha, jogos de lapela que amarram e impedem o outro de tentar algo, guardas que param a luta num jogo entediante de raspagens que não impressionam a arquibancada, neste jogo de “dois para lá, dois para cá”, nós, os espectadores, ficamos rezando para que um dos competidores se desvencilhe da famigerada guarda para que, assim, possamos finalmente ver um pouco de ação.
Sim, são várias lutas até chegar ao pódio, sim, sabemos que os lutadores devem se preservar para chegar bem até o final, mas vale mesmo a pena sacrificar a beleza da luta em prol de se resguardar? Já vimos que a federação vêm tentando inibir este tipo de jogo e vimos atletas serem desclassificados por falta de combatividade, gratidão a IBJJF, nós gostamos mesmo é de segurar nosso fôlego ao assistir uma luta, gostamos de nos entreolhar-mos desacreditados ao ver aquela raspagem que ninguém entende de onde saiu, amamos ver que aquele atleta que resistiu ao triângulo conseguiu sair de uma finalização e trouxe uma reviravolta ao jogo, ficamos orgulhosos ao ver que mesmo perdendo, aquele atleta foi muito duro, tentou tudo o que pôde e saiu do tatame feliz por isso, verdadeiros guerreiros. O jiu-jitsu é cheio de guerreiros da vida real.
Não nos cabe dizer que o atleta que joga por vantagens e prefere não se expor muito está errado, afinal cada um tem o seu estilo e imprime sua personalidade na hora da luta, no fim, o que ele foi buscar é o título e isso para ele é o que importa, buscar ler e entender as regras é importante para todo praticante que quer evoluir no esporte e você consegue ler o manual de regas da IBJJF clicando aqui. Às vezes escutamos reclamações absurdas que os árbitros são obrigados a explicar, em outras ocasiões são os próprios árbitros que cometem erros que custam caro aos atletas. Todos precisamos saber mais sobre regras pois é fundamental entender melhor como funciona o jiu-jitsu e a competição.
Alguns atletas, no entanto, estão um passo à frente aliando coração e coragem junto às regras, trazendo equilíbrio necessário e próprio de quem tem muito conhecimento, estes atletas sabem dosar a luta e têm o dom de dar show, lutas cadenciadas que são verdadeiras aulas de técnica e disposição, e nós, expectadores, ficamos maravilhados e esperamos ver cada vez mais atletas se apresentando desta forma. Afinal, as lutas que nos fazem prender o ar ficam guardadas na memória, são estas as lutas inesquecíveis de que sempre ouvimos os nossos mestres falar.
Queremos saber de vocês, leitoras e leitores, o que acham das lutas que parecem ser guiadas apenas pela regra? Tudo bem ou você também sente falta de prender o fôlego ao se deparar com uma luta imprevisível?