Como se comportar no dojô?

O esporte é tratado como um fator de transformação na vida de muitas pessoas, visto a quantidade de projetos sociais que existem (não só do jiu-jitsu, mas de várias modalidades) e dos benefícios que o exercício traz para o corpo e para a mente. Uma dessas mudanças é a disciplina, que é bastante presente nas artes marciais. Existem academias de jiu-jitsu no mundo inteiro, mas vemos que algumas normas de comportamento parecem ser comuns, como uma regra universal do esporte. Porém, nem todos seguem essas regras e, algumas vezes, não vemos os mesmos valores sendo passados nas academias. Você sabe como se comportar no dojô?

É fundamental que alguns fatores estejam presentes em todos os tatames, sem exceção, como respeito, disciplina, higiene e até a hierarquia. Jiu-jitsu é uma arte marcial que tem valores a serem seguidos e a falta deles pode comprometer a legitimidade do ensino. Isso é algo que costuma se ver, academias ou até professores que fogem muito do padrão e não têm o reconhecimento dos demais como algo sério e comprometido de verdade com a arte marcial.

Cada equipe tem suas normas de comportamento no dojô e algumas podem variar de academia para academia, mas vão continuar existindo. A primeira coisa que fazemos ao entrar para treinar, por exemplo, é cumprimentar o tatame e o mestre ou professor(a), isso é um sinal de respeito. Mas respeito não envolve apenas um simples cumprimento, mas saber prestar atenção e não conversar enquanto a posição é passada, respeitar o seu colega de treino, independente da graduação, não falar palavras de baixo calão. Não preciso nem falar do respeito com as mulheres, né? Já vimos a série que a May Munhos fez sobre assédio e ela abordou muito bem o assunto.

Outras condutas que devem ser seguidas são, por exemplo: quando se atrasar, espere a permissão para entrar; não se permita ficar de conversa paralela quando você não estiver treinando (rolando), aproveite o momento para observar, pois também é desrespeitoso não demonstrar interesse para o treino dos outros, além disso, observando você também aprende, tira dúvidas.

Outro fator importante que é seguido também nos campeonatos, é a higiene e apresentação do seu kimono e uniforme de treino. Nas competições, você não pode lutar com o kimono puído, ou seja, desgastado de alguma maneira, e nem sujo. Claro que não precisamos treinar com um kimono novo sempre, mas é bom que ele esteja sempre limpo. Muitas pessoas não têm mais de um kimono e isso acaba influenciando nesse fator. Que tal observar se na sua academia ocorre isso e emprestar ou doar um kimono que você não usa tanto para quem mais precisa? Em relação à higiene, também é fundamental que não entre com comidas ou bebidas no tatame, nem sapatos e que mantenha as unhas cortadas (por higiene e segurança também).

Além disso, existem outras “regrinhas” que são seguidas em algumas equipes, como amarrar a faixa de frente para a parede, não chamar os mais graduados para treinar e não recusar treino, manter uma organização dos calçados fora do tatame, parar para cumprimentar caso algum(a) faixa preta chegar atrasado(a), cumprimentar por ordem decrescente de graduação, dentre outros.

Um aluno novo não tem obrigação de saber isso tudo logo nos primeiros dias, mas cabe a quem já treina há mais tempo ir, aos poucos, inserindo essa realidade no cotidiano dos faixas brancas. O ego não tem espaço no jiu-jitsu e por mais que todas as condutas do dojô sejam algo natural para quem já é graduado, todo esse universo é muito novo para quem está começando a treinar.

O importante é saber as regras que são seguidas na sua equipe e adicionar isso à sua rotina de treinos. Certos comportamentos podem parecer rígidos demais, mas com o tempo eles se naturalizam e é essencial que a prática da arte marcial mantenha seus princípios e valores. Lembre-se: sua ajuda ao menos graduado é fundamental, mas também faz parte do bom comportamento e conduta não se impor por causa da cor da sua faixa, mas sim ser parceiro, ajudar e dar os toques necessários.

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