Para muitos pode parecer uma onda momentânea, apenas uma luta como outra qualquer, algo que se faz para passar o tempo ou manter a forma física, mas quem pratica o jiu-jitsu e gosta de vivê-lo em toda sua plenitude sabe que ele vai muito além e pode levar o praticante a experiências únicas por conta de algumas características bem interessantes que norteiam este esporte.
O amor que o praticante sente pelo jiu-jitsu é tão real que ele é capaz de verdadeiras proezas (e não haveria palavra mais apropriada) para ter o prazer de estar onde o jiu-jitsu estiver e ainda ajudar outros nestas investidas. Aqui entra a importância do que eu qualifico como a rede de relacionamento do jiu-jitsu, que nada mais é do que a network de ajuda mútua prestada por praticantes ou simpatizantes que moram em outras cidades ou países e que tornam as coisas mais acessíveis e menos onerosas para quem precisa de ajuda para qualquer situação relacionada ao jiu-jitsu, sobretudo quando se trata de competições.
Assim, apresento e descrevo abaixo cinco fatos sobre a rede de relacionamento do jiu-jitsu que (talvez) você não conheça ou não tenha percebido:
1. No jiu-jitsu, você é do tamanho da sua vontade
Assim como na maioria dos esportes que se pratica no Brasil, a falta de patrocínio é regra, não exceção. Mas mesmo com as dificuldades não é raro ver atletas que conseguem participar de competições fora dos seus estados e até mesmo no exterior sem apoio de governos ou empresas, tudo por conta de (muito) esforço próprio e da rede de relacionamento. Aqui notamos três características típicas dos lutadores de jiu-jitsu: 1. são solidários para com seus iguais; 2. são craques em passar a guarda dos obstáculos; e 3. são especialistas em finalizar a falta de apoio.
2. No jiu-jitsu, você é cidadão do mundo
Quem pratica o jiu-jitsu sabe que em qualquer cidade ou país que se planeja ir existe a possibilidade de um abrigo, de um local para treinar e a certeza de que será muito bem recebido, independentemente da equipe a qual pertença. Em alguns casos, esta rede é formada por filiais da sua equipe, o que facilita muito o contato e o atendimento de necessidades provenientes de viagens e competições, mas mesmo pessoas de outras “famílias” estão dispostas a ajudar e isso é mais rotineiro do que se imagina.
3. O jiu-jitsu permite muitas “primeiras vezes”
A rede de relacionamento permite aos praticantes passarem por algumas ou várias experiências pela primeira vez por causa do jiu-jitsu, sobretudo por conta das viagens para competir, tais como: viajar de avião; andar de metrô; conhecer a neve; ver o mar; dormir em hotel ou alojamento; perder-se na cidade grande; comer algo esquisito; perceber que se sente mais fome no frio e, por isso, é um sacrifício manter o peso; que o calor em excesso causa falta de ar e letargia; que você nunca viu tantas áreas de luta no mesmo lugar (risos). Há também os que tenham viajado para o exterior pela primeira vez para competir e alguns nem voltaram de lá.
4. No jiu-jitsu, as suas referências estão mais próximas
Quando nas competições é comum encontrar os ídolos da modalidade transitando entre os “mortais”. Em qual outro esporte é possível se deparar com essas referências e ainda poder tirar uma foto, bater um papo, trocar contatos, trocar experiências, competir no mesmo evento que eles e muitas vezes contra eles? A melhor sensação numa situação dessas é saber que mesmo que você seja de outra cidade ou país não é apenas um expectador, mas uma parte importante do contexto. Outra questão é que a academia do seu ídolo provavelmente estará de portas abertas se caso exista o desejo de dar um treino por lá. A rede não nega visitas e às vezes nem cobra por isso. Quer intercâmbio melhor que esse?
5. No jiu-jitsu você nunca estará só
Há alguns anos atrás uma conhecida se mudou para outro país e me procurou para saber se eu conhecia alguma equipe na qual ela pudesse se integrar. Em menos de uma hora ela tinha a localização da academia e o contato do professor responsável pela equipe. A rede de relacionamento do jiu-jitsu serve também para facilitar a vida de praticantes que se encontram na mesma situação da pessoa do exemplo, que saem do seu lugar, mas não querem parar de treinar, fora que facilita a troca de experiências, o trânsito de produtos e diversos tipos de serviços relacionadas ao jiu-jitsu.
Resumindo…
É fato que ter apoio dos governos e empresas seria o ideal para qualquer atleta de qualquer modalidade, mas também é sabido que quem fica só esperando não vai a lugar algum. Portanto, se você deseja ir a uma competição gastando pouco, obter informações de todo tipo, comprar produtos, ter um suporte fora do seu estado ou do país ou até encontrar patrocínio, tente procurar na rede de relacionamento do jiu-jitsu que sempre haverá uma possibilidade, afinal a arte suave está em quase todos as cidades brasileiras e em vários países do mundo e dificilmente a ajuda será negada, pois quem não pode ajudar sempre pode indicar quem possa.
A rede à qual me refiro neste artigo é formada basicamente por pessoas presentes nas nossas redes sociais e que muitas vezes passam despercebidas por nós, pois temos a rotina de aceitar os “amigos” sem saber muito sobre eles. Então, preste mais atenção nesses amigos e não tenha receio de entrar em contato, falar das suas necessidades e pedir apoio quando necessário. Em contrapartida se mostre disponível para ajudar quando for solicitado, pois essa ajuda só se fortalece quando deixamos as duas vias (ida e volta) abertas.
Frisa-se que esta rede deve ser usada com critério, cuidado e compartilhada com responsabilidade para que se fortaleça e passe a ajudar mais pessoas a serem do tamanho das suas vontades, de sair do lugar comum, de parar de dizer que é impossível e de viver o jiu-jitsu com tudo o que ele pode oferecer.