Já se tornou bem comum ver meninas de todas as idades brilhando no tatame e cada vez mais ocupando um lugar que há alguns anos era dominado apenas por homens adultos com anos de prática e experiência. O mais curioso é que esse número de garotas que praticam jiu-jitsu tem crescido de uma maneira avassaladora e tem surpreendido até quem acompanha a história da arte suave desde que foi implantada no Brasil.
Mas o que leva essas meninas a procurar o jiu-jitsu? É pelo esporte? Pela filosofia de vida? A defesa pessoal? A disciplina e as regras? Mesmo sendo sempre os jovens rotulados como “rebeldes”e “indisciplinados”, por qual razão então optam por um esporte cujo um dos objetivos é impor regras, limites, respeito e disciplina? O que tem despertado a curiosidade nessas meninas que muitas vezes ainda nem completaram seus 15 anos e já estão esbanjando responsabilidade de adultas?
As mudanças físicas que a prática do esporte associado a uma boa alimentação proporciona, também tem sua parcela de responsabilidade na conquista dessas sinistras. Afinal, quem não quer exercitar corpo, alma e mente ao mesmo tempo? E de brinde ganhar a diversão, formação de uma nova “família” e novos amigos pra financiar o “vício” em açaí? (risos)
A verdade é que muitas vezes o respeito, a história, cultura, disciplina e as muitas regras que compõe a filosofia da arte suave é o que nos faz pensar melhor, agindo de uma forma diferente, se colocando no lugar do outro, disciplinando nosso ego, reconhecendo nossas falhas, nossas fraquezas, aprimorando nossas qualidades e corrigindo defeitos. O jiu-jitsu é algo que nos incentiva a pensar, questionar, opinar e criticar, nos motiva a agradecer e reconhecer. Por isso, o esporte é tão importante também na vida dos jovens. Bons exemplos e boas práticas vão contribuir para o futuro de muitos deles nesse momento de tantas descobertas e caminhos possíveis a se seguir.
A prática do jiu-jitsu entre adolescentes tem aumentado, como vemos, por exemplo, em projetos sociais, escolas e centros comunitários, nos quais seus idealizadores são em grande parte voluntários. Será que esses voluntários também exercem alguma influência sobre esses adolescentes que estão com todo o gás do mundo? E a resposta é sim! Eles têm! Além de passarem todo seu conhecimento, mencionam suas experiências pessoais dentro e fora do tatame, ensinam sobre como se comportar em uma sociedade que por muitas vezes esperam deles apenas suas birras e comportamentos de irritabilidade já que estão em uma fase de muita curiosidade, decepções e alegrias. Esses incríveis mestres que se disponibilizam a compartilhar seu tempo e sabedoria são um dos maiores motivos que levam os jovens a dar continuidade a prática da arte suave, pois de certa forma representam seus “pais”, quando suas casas é o centro de treinamento.
Independente de onde vem esse desejo árduo de ser campeã, de graduar, de evoluir ou de quem venha a inspiração e o apoio, nossas meninas estão quebrando tabus e mostrando que não tem idade, condições sociais, altura ou peso que defina quem elas podem ser. Quem elas querem ser. Quem elas serão. Afinal, se são frutos de projetos sociais em comunidades carentes ou de academias nos centros das cidades, elas têm superado as expectativas e definitivamente feito valer a pena cada esforço. Parabéns meninas! Vocês são incríveis.
Oss.