Jiu-jitsu e o YouTube: benefícios e problemas

As facilidades digitais do mundo atual são incríveis! A internet é um grande exemplo de como podemos ter um acesso rápido e fácil a qualquer assunto. Naturalmente, com o jiu-jitsu não é diferente. Hoje com alguns cliques se pode acessar milhares de vídeos que mostram lutas, posições, aulas, aperfeiçoamentos, dietas, orientações, história do jiu-jitsu, confrontos históricos, evolução, comparações, críticas, opiniões e muito mais. Como de certa forma era de se esperar, juntamente com as facilidades vieram os problemas inerentes a este acesso rápido. Vou chamar aqui de “o problema dos filtros”. E explico o porquê: é necessário que se tenha conhecimento para se filtrar os conteúdos acessados de forma quase instantânea. No texto de hoje, eu gostaria de conversar com vocês sobre vídeos de jiu-jitsu. Irei abordar dois aspectos contrastantes sobre este acesso facilitado nos dias de hoje. O primeiro aspecto é a respeito dos benefícios de se usar vídeos para se aprimorar posições, técnicas e etc. O segundo aspecto é a necessidade de se filtrar o quanto é saudável ou problemático o acesso a estes conteúdos disponíveis abertamente.

O acesso fácil a vídeos relacionados ao jiu-jitsu é maravilhoso! Aprendi muito com inúmeros vídeos que já assisti. Já tive a oportunidade de aprender ajustes de inúmeras posições que meu Mestre (Rodrigo de Pinho Borges – Black Team Brasília) havia ensinado. Já pude estudar com mais detalhes algumas posições apresentadas durante o treino, já aprendi variações sobre posições ensinadas durante a aula, já aprendi posições que não me recordo de terem sido ensinas em aula e muitas outras coisas. E este conteúdo disponível, em especial no YouTube (e em sites especializados de jiu-jitsu), é extremamente útil e enriquecedor aos praticantes e estudiosos da arte suave. O acesso ao conhecimento é sempre bom e enriquecedor.

Por outro lado, infelizmente, é necessário que se tenham filtros (e bons filtros) para se evitar os problemas que veem associados com toda esta facilidade. É fundamental, por exemplo, se ter conhecimento técnico para poder se fazer uma avaliação crítica do que é apresentado. Muitas vezes nos deparamos com muitas críticas a vídeos que estão ensinando de forma equivocada. E como avaliar se de fato está errado? Pelo filtro do conhecimento.

A formação técnica no jiu-jitsu de praticantes que “se graduam apenas via internet” não poderia ser outra senão a deficiente. O jiu-jitsu é uma arte marcial que exige muita dedicação e prática exaustiva para que se alcance um nível de excelência técnica. Treinamento no tatame (vida real) é essencial para quem tem o desejo de realmente aprender jiu-jitsu. O desenvolvimento da memória muscular não é possível apenas com o recurso visual através de vídeos disponíveis na internet. Treinamento supervisionado por um faixa preta graduado também é necessário para que sejam feitas as devidas correções e ajustes técnicos (muitas vezes chamados de “detalhes”) dos praticantes da arte suave. Lembrando que, em especial para praticantes que estão nas primeiras faixas, esta supervisão se faz ainda mais fundamental.

De forma alguma sou contrário ao uso de recursos audiovisuais como complementação no desenvolvimento, aprendizado e evolução técnica na prática da arte suave, mas complementação não é o principal e, sim, o acessório. Antes de tais recursos serem amplamente disponíveis, muit@s faixas pretas foram formados. E o conhecimento era passado dentro do tatame que continua, até hoje e na opinião deste colunista, a melhor forma de se aprender jiu-jitsu.

Há duas dicas que gostaria de sugerir a quem lê este artigo e que eu mesmo tenho seguido nos meus estudos da arte suave. De forma seguida, eu assisto vídeos sobre técnicas no próprio YouTube ou em outros sites de jiu-jitsu. Mas, para não incorrer no equívoco de aprender uma técnica erroneamente, após eu ter a técnica fixada na memória eu a apresento ao meu Mestrão (chamo o meu professor carinhosamente desta forma). Não é raro ele corrigir detalhes e ainda me mostrar opções de variações as quais me passariam despercebidas sem a supervisão dele. Outra dica é que sempre assisto vídeos de pessoas que tenham boa reputação técnica ou indicação de alguém que tenha crítica e experiência suficientes para avaliar a qualidade do vídeo. Lembrando que ser um(a) excelente lutador(a) não faz necessariamente a pessoa ter uma boa didática para ensinar uma determinada técnica.

Desta forma, foi possível avaliarmos dois aspectos da utilização de vídeos para o jiu-jitsu. Uma extremamente positiva e outra preocupante. A escolha é de quem pratica. Portanto, busque utilizar os recursos na sua complementação na formação como jiu-jiteir@ de forma saudável e equilibrada.

Bom treino e ótimo aprendizado!

 

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