Como foi a sua primeira vez no Jiu jitsu?

Essa semana chegou uma aluna nova na academia em que eu treino. Ficamos próximas, e pude entender (e relembrar) um pouco dos mistérios que envolvem a primeira aula de jiu jitsu.

Geralmente,  os alunos chegam sem kimono, mas também podem conseguir um com o professor, caso converse com ele anteriormente, e seja uma aula experimental, pois se gostar vai precisar ter o seu.

A primeira aula é um mix de ansiedade com boas expectativas. Antes de se matricularem, é comum hoje em dia que as pessoas consultem a internet para saber as regras e as principais condutas, o que ajuda mas não impede o nervosismo, e nem o olhar dos veteranos.

Cada academia possui suas próprias regras, e a primeira que é geralmente “burlada” pelos alunos de primeira viagem é: nunca ande descalço fora do tatame. Pra quem acabou de chegar, sair do vestiário ou mesmo dar um pulinho no bebedouro sem os chinelos é normal, uma vez q a aula é feita sem eles. E por falta de orientação, não atentam para o fato de que seus pés e seu rosto tocam o mesmo lugar no tatame e por isso, ter os pés limpos é fundamental! Em algumas academias fora do Brasil, os alunos possuem até lenços umedecidos para limpar os pés. Acho que essa ideia devia pegar por aqui.

A estratégia de fazer o que os outros fazem nem sempre acontece e é comum, por exemplo, não cumprimentar o tatame: automaticamente a aluna nova não cumprimentou. E depois que cumprimentou, não entendeu o porquê de ter feito isso. Iniciamos o aquecimento. Ah, o aquecimento! Uma sessão de movimentos que muito provavelmente você nunca fez, e que somados com a ansiedade, podem ficar bem mais complicados do que realmente são.

É realmente uma questão de treino. Na minha academia o aquecimento é padronizado, então, quando terminou, o instrutor disse: “acabou o aquecimento, é esse em todas as aulas”, a aluna suspirou… e sorriu.  Já frequentei academias onde o aquecimento é diferenciado, ora fitness, ora drills (movimentos repetitivos de jiu jitsu) e era muito produtivo também. Nesse caso, é uma identificação pessoal. Imagino que o aquecimento e o desespero andem lado a lado na primeira aula. É um tanto quanto desconcertante não conseguir realizar os movimentos que as pessoas fazem com tanta naturalidade, como por exemplo a fuga de quadril. A aluna nova se empenhou e ficou “no cantinho” para treinar. Normal, né?! Quem nunca? rs.

Fizemos uma posição, ela entendeu os conceitos sobre os diferentes tipos de guarda. O posicionamento do corpo, e a postura são diferentes nos iniciantes, e existe também um medo de se machucar, ficar sem dente, sem cabelos ou cheia de hematomas, então é preciso ter cautela nos primeiros dias.

O aluno que acabou de chegar está aberto a receber novas informações, e parece ser a hora certa para se fazer uma ligação do jiu jitsu com outras artes marciais, um bom momento, por exemplo, pra aprender algumas quedas e as noções de defesa pessoal, e entender que o Jiu jitsu não é só chão, já que ficará por boa parte das aulas nele. E foi isso que a aluna nova fez. Ela se saiu super bem e tivemos boas risadas. Logo, vieram os rolas, e ela ficou ali apenas observando aquele vai e vem de movimentos.

A aula terminou, todos foram receptivos com a aluna que iniciou, o que é fundamental para que o aluno ou aluna volte na próxima aula. Junto com a evolução das técnicas, devemos também desenvolver sentimentos mais nobres em relação as pessoas que nos cercam e, nos colocarmos no lugar do outro é um bom exercício.

Esse post é pra mostrar o quão difícil, e às vezes desanimadora, a nossa primeira aula pode ser. Mesmo com um excelente professor, ninguém está imune a essas e tantas outras situações. Desejo que as academias tripliquem o número de iniciantes, e que esses se tornem alunos e, principalmente, alunas! Assim, juntos temos mais força pra mostrar que a filosofia do jiu jitsu pode fazer um mundo com pessoas melhores!

Se você tem alguma experiência de iniciante, conte pra gente!

Bons treinos.

Oss!

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