Vamos conversar sobre arbitragem no jiu-jitsu?
Árbitro, pelo dicionário (*1) é um substantivo masculino. Já começamos daí a indicação ao lado machista da profissão.
O jiu jitsu, como outros esportes, tem um público masculino muito expressivo, porém, apesar disso, estamos ganhando cada vez mais o gosto do público feminino e crescendo cada dia mais. Em diversos campeonatos já é possível ver a presença de uma ou mais mulheres arbitrando. Ainda somos poucas, mas já é muito melhor que antigamente.
Em conversa com alguns vinculados a arbitragem, como o Educador Físico Marcial Raul Vieira e Sousa, praticante de jiu jitsu 36 anos, 1º faixa preta da equipe Lótus Club e responsável pelos árbitros da CBJJE, nos relatou:
“Uma honra para mim ter mulheres na equipe, pois elas tem a mesma capacidade.”
Quando questionado sobre a importância de ter mulheres na arbitragem, ele disse: “Temos que mostrar para outras mulheres que sonham em ser árbitras, que todas são capazes.”
Quais os pré-requisitos para trabalhar na arbitragem de jiu-jitsu?
Ter vontade, fazer o curso, trabalhar de mesária, chamadora e depois estagiar.
E posso afirmar que a CBJJE, representada aqui na figura do Raul, realmente incentiva as mulheres a serem inseridas na arbitragem. No último Brasileiro juvenil, adulto e Master da CBJJE, eles contavam com 6 mulheres trabalhando no setor.
Em minha humilde experiência, nunca tinha visto mais que 3 mulheres juntas na arbitragem.
E como se sentem as mulheres na arbitragem no jiu-jitsu?
Conversamos também com a Renata Borges, faixa Preta da Equipe Nova União, que é Professora/Atleta de jiu-jitsu. Ela nos disse que já vê as mulheres na arbitragem no jiu-jitsu hoje em dia:
“Já estamos sendo vistas de uma forma melhor, mas ainda sofremos preconceito, falta de respeito e zero credibilidade em algumas situações pelos professores/atletas/público apenas por sermos mulheres. Porém, existe um outro lado que nos respeita e admira nosso trabalho. Acredito também que as federações estão dando um espaço maior para as mulheres e confiando no nosso trabalho.Nossa representatividade nesse ambiente é que 90% é masculino, vem aumentando aos poucos. Acredito, inclusive, que gera uma confiança maior de outras mulheres ao ver outra mulher arbitrando. Isso com certeza gera incentivo para o público feminino. Existe uma sensibilidade maior com as crianças também.”
E não vê dificuldade, diz: “Acho que às vezes falta oportunidade e também interesse da mulher em querer arbitrar.”
Como é pra você, ser árbitra?
É bem cansativo, principalmente na parte mental, mas eu gosto muito do meu trabalho. Estou sempre estudando, aprendendo e tentando melhorar cada dia mais. O jiu-jitsu é muito amplo e sempre tem algo novo. E eu amo isso! Arbitro quase todo final de semana e lido com muita gente, com sonhos, derrotas e vitórias de outras pessoas que emocionam, e que às vezes ensinam algo que leva pra vida toda. Eu trabalho para a CBJJ/IBJJF, AJP, FJJRIO, FJJDRIO, SJJSAF, CBJJO e CBJJE.
Um recado que gostaria de deixar para as mulheres:
“Se dediquem e acreditem nos seus sonhos. Nós somos capazes e podemos conquistar tudo que quisermos. Sempre que puder incentive outra mulher. Juntas somos mais fortes.”
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