Há algum tempo tenho notado que vem crescendo muito o número de mães que treinam jiu-jitsu. Não só as atletas que viraram mães, mas as que nunca praticaram jiu-jitsu antes. Elas chegam de mansinho na maioria das vezes acompanhando os filhos nos treinos, em alguns casos os maridos. Curiosas, elas começam assistindo às aulas e com o tempo elas se cansam de apenas assistir, resolvem enfim dar o primeiro passo.
Meses atrás eu tive a felicidade de estar presente na graduação de uma colega de equipe que, apesar de ter trocado algumas palavras com ela e ter tido a chance de rolar com ela, eu desconhecia sua história. Que felicidade foi para mim quando percebi que ela não estava sozinha. Naquele dia uma mãe de cinco filhos foi graduada faixa azul, e se emocionou ao escutar o Mestre dizer que se orgulhava de sua trajetória e de todo o esforço que ela fazia para estar ali aprendendo e fazendo algo por ela mesma.
A rotina não é fácil: acordam cedo levam as crianças para a escola, vão para o trabalho, horas depois buscam as crianças na escola e três vezes na semana, se não mais, elas dirigem para a academia onde assistem o treino das crianças. Treinam na aula seguinte e algumas delas ficam na academia até mais tarde porque fazem dois treinos ou porque tem que esperar o marido treinar.
Em outro momento, meses depois, conversando com uma amiga, fiquei sabendo que na academia onde ela treina existem não só uma, mas várias mães que ao invés de fazerem musculação ou uma caminhadinha preferiram treinar jiu-jitsu. Decisão tomada pela necessidade de estar em forma, saber se defender e se divertir. Algumas fazem todo o treino, outras preferem pular a parte dos rolas.
A maioria delas tem entre 40 e 50 anos, trabalhadoras e mães. Fui tentar descobrir como foi a transição da salinha de espera vendo os filhos treinarem para o tatame. E o que me disseram foi que o convite do Mestre foi o pontapé inicial.
Muitas delas se divertiam assistindo, mas não achavam que o jiu-jitsu fosse também algo para elas. Quando os professores fizeram o convite, eles plantaram uma semente que foi sendo regada pelos filhos que juraram se comportar após as aulas para que a mãe tivesse a aquela hora em paz para treinar, os maridos ficaram surpresos no início mas logo se acostumaram com a nova rotina da esposa.
Elas contam que é importante que as academias saibam criar este ambiente familiar abrindo suas portas não só para jovens, crianças e adultos (na maior parte do sexo masculino) mas também para as mulheres/mães. Uma academia que tenha um espaço para que as crianças fiquem após as aulas e uma aula de iniciantes logo após a aula dos pequenos é tudo o que estas mãe precisam para adaptar melhor sua rotina no jiu-jitsu.
Como é na academia de vocês? Já tem algumas mães treinando aí também ou falta aquele convite, com um pouquinho de insistência por parte dos professores e alunos? Conta para a gente e compartilha esse texto com alguém que pode se identificar com a história!
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