Há alguns anos atrás éramos poucas dentro dos tatames. Existiam poucas mulheres em que nos inspirar, menos ainda eram as que enfrentavam as competições, ainda menos as que não ligavam para os estereótipos em que eram enquadradas as lutadoras.
Hoje somos tantas, somos dezenas nas academias mundo afora, somos centenas nos campeonatos, somos destemidas e a maioria de nós dificilmente diz “não” ao ser convidada a participar de um campeonato. As marcas de kimonos agora nos enxergam e temos tamanhos e cores exclusivas, somos, afinal, parte de um mercado, nós consumimos isso.
Servimos de inspiração e também somos inspiradas umas pelas outras. Somos aquela selfie pós-treinos, somos as dancinhas com as amigas e tantas outras brincadeiras que deixam o treino mais leve, apesar de intenso. Somos muito suor e muitas lágrimas derramadas em prol do conhecimento e da superação pessoal. Somos a dificuldade de cada dia e a certeza de que apenas uma outra mulher poderia entender pelo que estamos passando. Reconhecemos, acima de tudo, que não somos rivais.
Tantos duvidaram (e ainda duvidam) de nossa força, mas isso nunca foi e nem será suficiente para nos abalar. Somos fortes, estamos aqui por um ideal e conseguimos, sim, nos reerguermos e dar a volta por cima, mas não sem ajuda.
Respeitando umas às outras e convivendo com as diferenças que existem entre nós, seguimos em frente. Corpos e mentes diferentes, que deixaram a vaidade exagerada de lado, que aprenderam a lidar com perdas e vitórias, que sabem que o ego é um dos maiores inimigos que vivem em nós, seguimos.
Transformando o jiu-jitsu em um esporte para todos, um esporte inclusivo e que vive hoje uma de suas melhores fases.
Por ter tantas mulheres dispostas a viver este estilo de vida e também por ter tantos homens dispostos a passarem adiante seus conhecimentos e aceitarem que viemos para ficar, o jiu-jitsu cresce e aparece! Uma comunidade forte e unida.
Sem essa de que estamos aqui para encontrar um “homem” ou para vigiar nosso “homem”, aqui estamos por amor ao esporte e acima de tudo pelo amor a nós mesmas! Somos parte disso. Cada mulher que coloca o kimono coloca um tijolinho nesse caminho que vem se transformando em uma longa e linda estranha. Seguimos juntas.
Aqui fica o meu muito obrigada a todas as mulheres que fazem do jiu-jitsu um esporte melhor a cada dia.
Espalhem esta energia boa a todas as iniciantes, quanto mais mulheres presentes no tatame melhor!