A Atleta da Semana de hoje está no jiu-jitsu há quase 20 anos. Nayara Magri Costa, 34 anos, faixa marrom, começou a treinar com 16 anos. Depois de muitas idas e vindas por conta dos estudos e trabalho, em 2011 ela conheceu o atual marido. “Ele veio com um jiu-jitsu diferente da galera da minha cidade. Primeiro me encantei pelo jiu-jitsu dele, depois por ele rsrs. Desde então pude me aprofundar mais no esporte, aprendi muito e nunca mais parei.”
Nos anos que ficou parada, Nayara conta que já não tinha a mesma motivação e pique. Mas se animou quando conheceu seu marido, porque ele era bem atuante no jiu-jitsu. “Hoje montamos nossa academia e nossa equipe (Renan Moreno Jiu-jitsu/Dias Bros – BARBOSA), o jiu-jitsu faz parte da nossa vida.” Mesmo com a academia em casa, hoje uma das suas maiores dificuldades é conciliar os treinos com filhos pequenos, trabalho e rotina da casa. Algo que muita gente também passa no jiu-jitsu, especialmente as mulheres.
“Meu maior ganho com o jiu-jitsu foi autoestima.” Nayara conta que na adolescência era depressiva, tinha a autoestima baixa, mas o jiu-jitsu a ajudou a superar isso, além das amizades que também trouxe, que ficam para a vida toda. “Não me importava se estava feia ou bonita, eu estava feliz. Com o cabelo bagunçado, suada, de kimono, marcas roxas espalhadas pelo corpo, era meu maior orgulho!”
A família da Nayara se formou e cresceu, literalmente, no tatame. “Depois que minha primeira filha nasceu, tivemos a ideia de montar os treinos em casa, justamente para ela crescer com essa referência. Hoje ela está com 7 anos.” Depois do nascimento da sua mais velha, com 45 dias, Nayara já conseguiu estar de volta aos tatames, amamentando e treinando, com a pequena acompanhando no cantinho no bebê conforto. “Mas confesso, a rotina de um bebê muda muito os treinos, a prioridade muda. Cai bastante meu rendimento depois da maternidade.”
Em 2019 nasceram as gêmeas e Nayara vai se adaptando na rotina para conseguir treinar. Suas filhas adoram o ambiente da academia e a mais velha já treina, aumentando o número de jiujiteiros na família.
Nayara curte o estilo old school, o “básico que funciona”, segundo ela. “Sempre gostei muito de atacar o triângulo da montada, ultimamente minha finalização predileta é o estrangulamento das costas (arco e flecha).” Ela se inspira em lutadoras como Bia Basílio, Bia Mesquita e Claudia do Val, além de ter também seu marido como uma inspiração.
A faixa marrom veio ao Atleta da Semana para mostrar a importância do esporte em sua vida e incentivar outras mulheres a praticar o jiu-jitsu, “envolvendo a luta de gênero e as dificuldades no meio do caminho, como falta de incentivo, o preconceito a maternidade.” Para finalizar, então, Nayara deixa uma mensagem:
“O jiu-jitsu é muito mais que um esporte, é qualidade de vida, controle físico e mental, é terapia, é autocontrole e defesa pessoal, é tudo que principalmente nós mulheres precisamos, jiu-jitsu é família. Ainda existem muitos mitos e preconceitos sobre nosso esporte, então depende da gente mostrar o que realmente é e o que representa na nossa vida!
É muito bom ver mulheres treinando por amor ao esporte, superando desafios, e mostrando pra que veio, não para os outros mas para ela mesma.
O jiu-jitsu tem o poder de transformar pessoas, trabalhamos a ética, o respeito, a hierarquia, o autoconhecimento, o companheirismo, autoestima, defesa pessoal, equilíbrio mental e emocional, dentre outros.
Vai ter cabelo quebrado, manchas pelo corpo, unha quebrada, dedo calejado… Mas tudo isso vale a pena, pois no final é apenas a sua essência e sua força de vontade… é apenas você!”
Desejamos uma linda jornada à Nayara e sua família jiujiteira. Oss!