Hoje é dias das mães e nada melhor do que dar esse espaço para as mamães jiujiteiras, não é mesmo? Pegamos o depoimento de algumas mulheres que conciliam os treinos, a maternidade e a vida. São depoimentos com as mais variadas experiências e vale muito a pena ler! Muito obrigada a todas que toparam participar.
Patrícia Dias, faixa roxa – @patriciaaadiias
Minha jornada de mamãe jiujiteira iniciou quando eu ainda nem sabia que estava grávida. Em 2015 iniciei no jiu-jitsu e passei a fazer dele um estilo de vida, estava em uma época bem intensa de paixão pela arte suave, muitos treinos e preparação física para lutar os campeonatos.
Eis que no meu segundo campeonato fui campeã com o meu filho na barriga. Sim! Eu não sabia que estava grávida, descobri a gestação alguns dias depois do campeonato. E foi um choque! Um misto de sentimentos! Felicidade que não cabia em mim, mas também uma frustração sem tamanho por ter que parar de praticar o jiu-jitsu. Sempre fui muito sedentária e havia me encontrado no esporte. Por outro lado, a maternidade sempre foi o meu sonho.
Diante disso, ajustei a minha nova rotina de maternidade aos treinos. Participava de todos os treinos como observadora, sentadinha no cantinho do tatame. Trabalhava o dia inteiro, mas no final do dia estava eu lá, prestando atenção (e às vezes cochilando) em cada detalhe do treino.
Quando meu filho nasceu uma das primeiras perguntas que fiz a obstetra foi: “quando posso voltar a treinar jiu-jitsu?” e ela me falou que em 40 dias eu já poderia começar a fazer treinos mais leves e que eu fosse progredindo de acordo com a minha saúde e bem-estar. E assim eu fiz! Levava o neném para os treinos, comecei fazendo o físico, as técnicas e depois os rolas. Entre um rola e outro parava para amamentar. O rendimento já não era o mesmo de antes, o cansaço muitas vezes era gigante, mas graças a rede de apoio que tenho (até hoje) no meu CT eu conseguia participar dos treinos e até de alguns campeonatos.
Hoje meu Murilo tem 4 anos, adora as aulas de jiu-jitsu quando conseguimos participar e é a minha vida. Dar conta de filho, vida profissional, casa, relacionamento e outras inúmeras funções não é fácil, não dá pra romantizar e dizer que é tudo muito bonitinho… maaaas, posso afirmar que com o jiu-jitsu a caminhada é mais leve e eu pude aprender a dar conta de tudo isso sendo um ser humano melhor.
Alessandra Araújo – faixa branca – @alekhalil2327
Entrei no jiu-jitsu com quase 30 anos, meu marido é o mestre da equipe de onde treino e meu maior incentivador. Antes de conhecer a arte eu dava aula de ballet. Quando meu bebê completou 1 ano e 8 meses, em um treino feminino fui convidada pela mestre da equipe feminina para dar um rola. Foi amor à primeira vista, parecia que tinha me encontrado ali. Mudou completamente minha vida.
Porém no início não foi fácil, meu bebê era muito grudado comigo e chorava toda vez que eu ia treinar e o horário da noite que era o único que daria mas pra mim era muito tarde. Então comecei a treinar no horário infantil rsrs e não desisti. Graças a Deus hoje meu bebê tem 3 anos e já entende, treino no horário feminino e sou muito feliz! E não vejo a hora do meu bebê começar a treinar também, ele ama fazer exercícios e usar o kimono rsrs. Mesmo com todas as dificuldades do dia a dia, desistir nunca foi uma opção!
Cecília Ferreira – faixa roxa – @ceciliabjj
Em 2018 estava na minha melhor fase no esporte, como atleta, professora, cheia de planos etc, quando fui pega de surpresa com a gravidez, (treino duro de competição, preparação física, dieta, dando aulas, sem saber que estava grávida). Só que nós não sabíamos que os planos de Deus eram outros, que estava prestes a vir a maior benção da minha vida. Em 2019 meu príncipe nasceu nos trazendo a maior alegria, desde bebê sempre no tatame, voltei a dar aula, voltei aos treinos, ele ama estar no tatame, com 2 anos já vive e respira o jiu-jitsu, afinal moramos na academia.
Pensei que não conseguiria dar conta, mas está dando tudo certo, gostaria de parabenizar a todas as mamães guerreiras saibam que dou o maior valor a todo esforço e dedicação, pois sabemos que não é fácil devido a correria do dia a dia, se fazer presente no tatame. A maternidade com certeza só fez aumentar o meu amor e cuidado pelos pequenos da turma infantil e as mulheres da turma feminina total gratidão e amor 😍 Feliz dia das mães guerreiras! 🥋 ossss
Thaty Carvalho – faixa preta – @thatygc
Sempre fui do mundo da luta, vivi sempre intensamente e com isso estava treinando muito e perdendo peso pra competir até que descobri que estava grávida. Treinei até um dia antes de minha filha nascer e isso foi um grande fator positivo para o meu parto natural. Quando retornei aos treinos fui criticada pois eu tinha que cuidar da minha filha. Mas mostrei a todos que eu teria capacidade para treinar e cuidar da minha vida, dos meus treinos.
Milana Correa – faixa azul de jiu-jitsu e preta de judô – @sensei_mi
Tenho 21 anos e pratico judô desde os 3. Sou faixa preta Ni Dan de Judô e no jiu-jitsu cheguei a faixa azul. Tenho um filhotinho de 2 anos que hoje é meu aluno. Durante toda a gravidez estive dentro do tatame ministrando aulas, não conseguia usar kimono pois não fechava, usava somente a calça e camiseta, sempre amei estar ali com meus alunos, as crianças principalmente, me passavam um energia muito boa. Quando o Conrado nasceu meu planejamento era ficar um ano inteirinho sem dar aulas, somente curtir ele e administrar o dojo de longe, porém não consegui. Com o seu nascimento vivi o luto de perder a liberdade que sempre tive e me encontrei depressiva, a famosa depressão pós parto me pegou (tipo um estrangulamento bruto de faixa branca, rsrsrs).
Minha salvação foi o tatame, retornei para as aulas com 20 dias de pós parto e ali comecei a me acalmar, meu esposo, também faixa preta ficava com o Conrado durante as 2h de aula que eu precisava dar. Desde então concilio maternidade e a luta. Conrado já esteve comigo em cursos, durante o processo de NiDan, já precisei ficar longe dele para trabalhar em prol do judô, já viajou com a equipe para campeonatos, e sempre que conseguimos ele está conosco no tatame. Posso dizer que é um dos alunos mais foguetes que temos e seus primeiros amiguinhos são os do judô. infelizmente hoje não tenho tempo para me dedicar ao jiu-jitsu como gostaria, mas ainda terei. Não é fácil conciliar todos os afazeres mas nós conseguimos, e espero um dia ser exemplo para o meu filho. Somos mães e lutamos dentro e fora do tatame diariamente, OSS!
Mariana Vieira – faixa Roxa – @eumarivieira_
Desde a barriga Ravi já conhece o Jiu-Jitsu. Em novembro de 2019 lutei um campeonato na minha cidade (RJ) e não sabia que estava grávida. Já imaginava que criar um filho não seria nada fácil, mas a teoria não chega nem perto do que é a prática. Sempre gostei de competir e treinava todos os dias da semana, hoje com um bebê de 10 meses tenho que seguir o ritmo dele e treino quando dá. Perdi as contas de quantas vezes chorei por estar ficando para trás e não conseguir manter um ritmo de competição.
A única coisa que eu não imaginava nessa montanha russa que é a maternidade, é que olhar para meu filho renovaria minhas forças todos os dias. Hoje já consigo treinar bem mais do que no começo, consegui competir, sou instrutora em uma turma feminina e infantil e sou muito muito muito grata aos meus amigos de equipe que cuidam do Ravi pra eu rolar. E assim vamos revezando, junto com meu marido que é professor e também treina.
Não é nada fácil ter que recomeçar e se reinventar para continuar em busca de um sonho, mas ver meu filho crescer nesse “meio” é de transbordar o coração de alegria. Ainda estamos nos adaptando, não tenho horário certo, às vezes ele só quer colo da mamãe, às vezes tenho que correr para não passar do horário de comer ou dormir, às vezes tenho que parar de dar aula ou treinar porque ele quer mamar… e tá tudo bem! Aos pouquinhos tudo vai se acertando. Eu tinha muita dificuldade de pedir ajuda, agora aceito sem nem pensar duas vezes (rs), ter com quem contar faz muita diferença.
Adriana Azevedo – faixa azul – @adrianaazevedo26bjj
Entrei no jiu-jitsu há 2 anos no momento mais delicado de minha vida, estava passando por uma depressão, onde cheguei a pensar em tirar minha própria vida. Na época descobri também que iria ser avó, e de gêmeos… E foi aí que as coisas mudaram. Graças a esse esporte hoje sou muito confiante, melhorei bastante meu relacionamento com meus filhos e hoje até brinco com meus netos como se tivesse fazendo um soltinho com eles rsrsrsrs… assim que tiverem um pouco maiorzinhos pretendo levá-los para o esporte! E assim como eu, espero q se apaixonem!