Hoje é dias das mães e nada melhor do que dar esse espaço para as mamães jiujiteiras, não é mesmo? Pegamos o depoimento de algumas mulheres que conciliam os treinos, a maternidade e a vida. São depoimentos com as mais variadas experiências e vale muito a pena ler! Muito obrigada a todas que toparam participar.
Juliana Oliveira – faixa azul – @juoliveirabjj
Iniciei meus treinos em 2016, minha filha com 4 anos. Meu marido já treinava (faixa marrom) e sempre tive interesse, porém com receio de iniciar numa turma somente de homens. Minha rotina era sair do trabalho (professora) e ir direto ao treino com minha filha. Ela sempre esteve comigo nesta rotina, tomava seu lanchinho enquanto observava a mãe no tatame. Através da observação dos treinos foi gerando interesse e atualmente treina com o pai em casa (devido a pandemia).
Em 2020 retornei aos treinos após o período de isolamento total, depois de passar mal em um treino e achar que era uma “virose”, descobri que estava grávida. Nos três primeiros meses não participei dia treinos, logo após participei de um treino, porém como a nossa realidade ainda é instável decidi me resguardar e evitar o coletivo. Atualmente estou no oitavo mês de gestação, aguardando o nascimento de mais uma princesa para logo voltar aos treinos. Hoje temos o jiu-jitsu como estilo de vida em nossa família, percebi que no tatame não há diferença entre homem ou mulher, mais forte e mais fraco, mas sim de estratégia e prática, onde cada treino é uma evolução.
(foto acima: Juliana com as filhas)
Iasmin Mello – faixa branca – @iaiamel
Aos 27 anos me separei de um casamento conturbado e abusivo, tive enfim que recomeçar a vida com meus três filhos ainda pequenos, me cobrando ser firme e forte para eles e para mim. Entre crises de ansiedade e muito medo do que enfrentaria conheci o jiu-jitsu através de uma grande amiga, a Joice (@bastoss_). Essa foi então a melhor escolha que fiz desde então! De fato, não só para mim mas para os meus filhos. Pude perceber que a minha terapia no tatame poderia servir também para eles e construir neles um mundo melhor, mais confiante e seguro.
Não foi e não é fácil conciliar os treinos com toda rotina de uma mãe, treinos muitas das vezes duros, mas o espírito do jiu-jitsu e tudo que ele nos proporciona e nos permite, me faz querer continuar, perseverar e não desistir!!! O jiu-jitsu é a revolução, o equilíbrio e a transformação, foi assim para nossa família e tem sido sempre. Hoje eu aconselho o jiu-jitsu para todos, querendo que todas as mães, mulheres e o mundo pratique, conheça-o, vivenciando a prática dele no seu dia a dia, dentro e fora de um tatame. É uma arte, uma terapia diária que nos ensina na formação de um atleta ou individual, como pessoa, fazendo de nós seres humanos melhores e contribuindo assim para o mundo. Oss ❤
Taiane Duque – faixa marrom – @tai.fragassi
Engravidei do meu primeiro filho semanas antes da minha graduação na faixa roxa, em 2018. Inconformada com os relatos de tantas mulheres que simplesmente pararam de treinar por não ter suporte, e nunca mais retornaram após a maternidade, eu me mantive focada, e continuei treinando até o meu 8 mês de gestação (adaptado, claro).
Minha graduação foi linda, de barrigão, alegria dupla! Meu marido, e também sensei, foi fundamental em todo esse processo, e continua sendo até hoje, meu segundo maior incentivador (a primeira sou eu). Após o parto, retornei aos tatames assim que conclui o resguardo (60 dias), e o nosso brabinho (como é conhecido no treino kids), nos acompanhava em todos os treinos.
Não foi fácil, não era tão funcional quanto parece, mas a gente ia revezando entre os treinos, choros e solicitações, trocas de fralda, e por aí vai. Não foi meu período mais produtivo, confesso, só voltei a competir quase 2 anos após meu parto, pois todo campeonato era longe demais da minha cidade, mas voltei.
Sobre os campeonatos, uma loucura geral, rs. Enquanto as atletas estavam descansando e se preparando psicologicamente, meu marido estava arbitrando, e eu estava correndo, subindo e descendo arquibancada, com meu brabinho que não descansa 1 segundo. Quando me chamavam pra lutar o marido saia da área de luta pra ficar com o guri, eu entrava na correria, e já saia da luta sem intervalo pra respirar com os gritos de: mamãe, me dá peito! Parece desesperador, e foi mesmo, rs, mas também foi um delícia! Consegui lutar 3 campeonatos antes da pandemia chegar, e apesar do cansaço, e um total de zero vitórias, rs, foi bom demais!
Em 2020, em junho, consegui competir em um circuito feminino de lutas, foi nesse mesmo esquema, e foi maravilhoso! Passado 2 dias eu descobri que estava grávida novamente, rs. Sim, lutei grávida. Como na primeira vez, continuei treinando , e minha graduação à faixa marrom foi novamente com essa alegria dupla.
Hoje, com quase 8 meses de gestação do meu segundo filho, uma brabinha dessa vez, tive que interromper os treinos em equipe e com as minhas alunas da turma feminina, por conta dos riscos do COVID nessa fase da gravidez, mas continuo ativa em casa, e morrendo de saudade do tatame. Continuo na certeza de que filhos e jiu-jitsu são conciliáveis, e que tatame é ambiente familiar e de acolhimento! Uma família no tatame era um sonho, e trazer o brabinho desde sempre pros treinos possibilitou que com apenas 3 anos ele também já ame estar no tatame. Com a brabinha não será diferente. Como será daqui pra frente ? Não faço a mínima ideia. Mas de uma coisa tenho certeza, continuaremos avançando!
Vanessa Paixão faixa Preta – @vanessapaixaobjj
Iniciei no jiu-jitsu com 15 anos e, claro, me apaixonei pelo esporte, principalmente pelas competições. Desde então minha vida, meu lazer eram todos em prol do jiu-jitsu. Ganhando tudo na faixa roxa veio a gravidez aos 22 anos e de forma positiva encarei, porém não imaginava o quanto seria desafiador. Graduei a marrom com barrigão de 7 meses, enfim tudo lindo.
De certa forma sempre me vi uma mulher forte, mas quando veio uma cesariana junto com recém nascido me vi muito longe de alcançar meus objetivos maiores no jiu-jitsu e sempre me emociono quando olho para trás e lembro das dificuldades, da falta de tempo para treinar ou quando terminava de fazer um combate já tinha que amamentar, dar colo e aconchego. Aquele serzinho que era parte do meu eu, então decidi conciliar meus dois amores com muita força e coragem. Quando alcancei a faixa preta se passou um filme na cabeça e ver que tudo valeu a pena e que a maternidade pode dar impulso e uma força que só quando nos tornamos mãe sabemos! Hoje quando vejo uma mãezinha no treino sempre tento ajudar ao máximo porque sei o quanto está sendo guerreira de continuar. Hoje sou muito feliz com minha trajetória com meu filho que por livre espontânea pressão será um futuro jiujiteirinho hahah que me acompanha todos os treinos. Oss
Adriana Ferreira Silva – faixa azul – @adriana.ferreiras
Sou mãe de duas princesas, entrei para o jiu-jitsu após os 30, por insistência do marido que já estava há algum tempo. Minhas filhas me acompanham todos os dias no treino, gostam, torcem, gritam e incentivam. Até rola fazer aquele treininho entre elas olhando a mamãe no tatame. Sabe aquela frase: ‘o exemplo arrasta’, então, tento mostrá-las que elas são fortes e podem ser o que quiserem e onde quiserem.
Edjane dos Santos Lima Souza – faixa azul – @edjane.slima
Minha história no Jiu-jitsu começou quando ia completar 15 anos, sempre que voltava do colégio ficava observando os treinos de longe, até que tomei coragem e fui conhecer. Fiquei completamente apaixonada, pedi ao meu pai para para fazer minha matrícula, seria meu presente de 15 anos. Pouco tempo despois como não havia meninas treinando meu pai falou que eu não iria mais treinar, pois a igreja que congregávamos não permitia e havia muitos comentários dos vizinhos por eu treinar só com meninos.
Passei a treinar escondida quando voltava do colégio, treinava com o uniforme da escola mesmo, comecei a trabalhar para pagar minha mensalidade, fiz até inscrição de campeonato em outro estado escondida, só falei no dia do campeonato.
Comecei a namorar, casei e engravidei. Foi aí que todos pensavam que eu não voltaria para o jiu-jitsu, e estavam todos enganados kkkk. Fui voltando aos poucos. E após 8 anos de idas e vindas no Jiu-jitsu meu professor me deu a tão sonhada faixa azul. E para a surpresa dos que achavam que eu havia desistido porque engravidei, minha filha hoje treina comigo e já ganhou seu primeiro grau na faixa branca. Hoje também sou formada em educação física (em licenciatura e cursando bacharel) e sim, o jiu-jitsu contribuiu muito para a escolha da minha vida acadêmica e profissional.
Mel Oliveira – faixa azul – @oliveiraamel
Comecei o jiu-jitsu e 3 meses depois, como minha filha me acompanhava nos treinos, quis treinar também. Isso fortaleceu muito o nosso vínculo. Na pandemia inclusive comprei umas placas de tatame pra gente treinar juntas e foram momentos de descontração, já que estávamos passando por momentos tensos. Hoje minha filha passou pra faixa cinza e eu pra azul. O sonho dela é chegar a faixa preta e o meu é poder dar essa faixa pra ela e sei que juntas vamos conseguir.