Iniciantes VS avançados

O texto de hoje é para discutir uma questão importante relativa aos nossos treinos de cada dia. Será que é melhor separar ou não os alunos que estão começando dos graduados?

Façamos, então, uma breve análise sobre alguns pontos que podem ser levados em conta nessa discussão. Quero pontuar aqui os seguintes aspectos: consciência corporal; técnicas de base e técnicas avançadas; compartilhamento de experiências; quantidade do material humano; exemplo das grandes equipes.

Sobre consciência corporal

Consciência corporal é sobre conseguir usar a mente para controlar o corpo. O corpo deve executar os movimentos, dar sustentação e equilíbrio. Já a mente deve cuidar do raciocínio, da interpretação das condições e capacidades, bem como, do ambiente e gerar comandos para coordenar nosso corpo afim de atingir o objetivo com os movimentos.

Para efeitos da nossa discussão é importante dizer que a consciência corporal pode ser resumida em noção de espaço, equilíbrio e entender as limitações e capacidades do próprio corpo.

Todas essas capacidades são essenciais para que o indivíduo desenvolva corretamente as técnicas e, mais importante, conheça seus limites e seja capaz de se proteger para não se machucar durante a execução de alguma técnica ou combate.

Técnicas de base e técnicas avançadas

Ter um bom conhecimento nas técnicas básicas do jiu-jitsu é importante para qualquer graduado. As posições básicas nos permitem conhecer os principais golpes e defesas, que são os mais simples e, muitas vezes, os mais eficientes.

Para um graduado ter uma boa base é necessário que ele veja essas técnicas e as pratique, incansavelmente, quando começa sua caminhada. Nem vou entrar no mérito de que vários graduados não gostam e até desdenham das técnicas básica quando o professor passa. Ou eles ficam brincando de qualquer coisa, ou conversando, mas nunca querem repetir essas técnicas, porque “essas eles já viram”.

Já as técnicas avançadas, várias raspagens com giros por debaixo do adversário, worm guard com lapela para todo lado, berimbolo, passagens de guarda com estrelinhas e jogos de perna de dar inveja em “Sugar” Ray Robinson, considerado o bailarino do boxe. Todas essas técnicas são muito interessantes, bonitas, porém sem desenvolver uma fina consciência corporal não são possíveis de serem executadas. Fora que para desenvolver essa “finesse” são necessárias muitas horas de treino básico, até o corpo do indivíduo “entender” os movimentos do jiu-jitsu.

Didaticamente falando em um treino em que existem iniciantes e atletas avançados é difícil desenvolver uma aula proveitosa para ambos, pois os iniciantes precisam de técnicas básicas e os graduados, podem aperfeiçoar essas técnicas, porém eles também precisam evoluir e partir para técnicas mais complexas.

Compartilhamento de experiências

É importante haver o compartilhamento de experiências entre os graduados e os iniciantes. Não só de técnicas, mas as vivências que cada um tem/teve no esporte. Às vezes uma palavra de um graduado no fim de um rola levanta o ânimo de um iniciante. Além de que graduados são exemplo e meta para os iniciantes, afinal de contas, todos que começam uma arte marcial almejam a faixa preta.

Quantidade do material humano

Quando falamos de dividir turmas, é importantíssimo que em cada turma haja material humano suficiente para que o treino seja proveitoso. Quanto mais pessoas na aula, melhor o treino, desde que haja espaço suficiente para o número de pessoas na turma. Logo, se a turma tem poucos alunos será melhor que todos treinem juntos, pois assim a aula ficará mais rica. Esse número de pessoas necessários para uma boa aula deve ser muito bem avaliado por cada professor, levando em conta as características dos alunos envolvidos e o espaço disponível.

Exemplo das grandes equipes

Se dermos uma rápida olhada nas grandes equipes da atualidade, como por exemplo: Gracie Barra; Alliance; Art of Jiu-jitsu; Athos Jiu-jitsu; Ribeiro Jiu-jitsu; Brotherhood; etc., podemos observar que todas elas possuem turmas separadas para iniciantes e muitas delas ainda dividem suas turmas entre iniciantes, intermediários e avançados.

Outro ponto que podemos observar é que algumas possuem turmas de fundamentos, aulas para desenvolver movimentos específicos. Outro fato que me chamou atenção é que em alguns programas para iniciantes eles só iniciam combates após cumprir certo número de aulas, provavelmente porque durante esse período mínimo o aluno será capaz de desenvolver minimamente uma consciência corporal satisfatória para a tarefa.

Enfim

Alunos iniciantes precisam desenvolver consciência corporal e aprender as técnicas de base para então ter contato com movimentos mais complexos. Alunos graduados precisam treinar técnicas de base, mas não podem ficar sem evoluir e aprender técnicas novas e mais complexas.

Pegando como exemplo grandes equipes que tem excelentes resultados podemos concluir que é melhor separar por níveis as turmas, mas devemos observar se há material humano para isso. A interação entre os atletas do iniciante ao avançado pode ser feita com horários de treino livre onde todos podem treinar juntos e dividir suas experiências além de fortalecer o espírito de equipe.

E vocês, o que acham? Conseguem apontar outros aspectos que devem ser analisados nessa questão? Deixem nos comentários a opinião de vocês! Oss!

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